O Mundo dá Voltas

O Mundo Dá Voltas

BaianaSystem

Experimental / MPB / Reggae | 2025

6/10

Jota Wagner
Por Jota Wagner

O Mundo Dá Voltas é o quinto disco do BaianaSystem, grupo que rapidamente caiu nas graças do meio alternativo brasileiro inovando em shows incandescentes e uma mistura deliciosa de reggae, música latina e hip-hop. Após lançar seu disco homônimo em 2010, se tornou a banda que você precisava assistir. Era cyberpunk baiano em sua essência. Apropriaram-se de um patrimônio de Salvador, o Carnaval, e contribuíram para levar frescor e subversão à festa, em todo o Brasil. Foram, definitivamente, piratas da música.

De um grupo tão importante e inovador, portanto, se espera justamente isso: novidade, criação, coragem e reinvenção. O Mundo Dá Voltas, no entanto, é apenas mais um disco do BaianaSystem. É produzido de modo sublime, com tudo batendo muito, muito bem. Tudo o que deu certo na carreira do grupo formado por Russo Passapusso, Roberto Barreto, SekoBass, JapaSystem, Junix, Filipe Cartaxo e Cláudia Manzo está lá. Ao cravar que o mundo dá voltas, parece que o Baiana avisa que tudo vai ficar sempre no mesmo lugar.

O disco é lotado de participações especiais, incluindo aí Gilberto Gil. Mas tem também Seu Jorge, Emicida, Orquestra Assinfônica e muito mais. Todos fazendo sua parte, dando ótimas contribuições. Fosse um outro grupo qualquer, teríamos um ótimo disco. Mas do BaianaSystem, grandes e amados corruptores dos shows chatos e da música batida, espera-se um pouco mais. No reggae, nadam de braçada, nas letras seguem assertivos. São um orgulho para a música brasileira, não há dúvida. Para o fã que está contente com isso, então está tudo certo.

Para embasar as palavras acima, basta citar que os pontos altos (e aqui, bastante altos) do disco são justamente o trio formado por Magnata, garrada no dub, a instrumental Agulha e Pote D’Água, ao lado de Gilberto Gil e Lorimbau. Aqui o negócio ferve, aqui eles se arriscam a nadar mais longe da praia. Boas demais.

No mais, é BaianaSystem dando voltas, como faz o mundo em que acreditam viver.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.