
8.5/10
Quando o single Year of the Snake, primeiro aperitivo deste álbum do Arcade Fire que agora resenho, chegou na redação do Music Non Stop, causou uma imensa e grata surpresa nas sofridas cavidades timpânicas deste que vos fala. Além de prazer, deu a pinta de que um ótimo álbum de uma banda estabelecida do indie rock mundial estaria por chegar. Bola na caçapa! Pink Elephant, disponível em todas as plataformas de streaming a partir do último dia 09, é um ótimo álbum. E, principalmente, um álbum com começo, meio e fim, feito para ser ouvido com a atenção de quem assiste a um filme, e com direito a final épico e emocionante.
Para se compor um bom álbum, principalmente na fase da carreira em que se encontra o grupo canadense, geralmente é preciso estar completamente à vontade dentro de seu estúdio, andar ouvindo coisas muito boas enquanto se lava louça ou passeia de carro e, principalmente, uma genuína vontade de fazer algo diferente. Cravo que a banda capitaneada pelo casal Régine Chassagne e Win Butler gabaritou nas três necessárias tarefas.
Para começar, Chassagne e Butler têm seu próprio estúdio em Nova Orleans, o Good Recordings. Para quem gosta de fazer música, é um tremendo adianto. Imagina acordar, tomar café com a pessoa amada e logo depois chamar para o jogo. Cada som (cabe aqui lembrar de Daniel Lanois, que assinou conjuntamente a produção) tem a cara de quem conhece cada botãozinho giratório de cada equipamento presente em seu pequeno reino musical.
Pink Elephant é experimental, eletrônico e propositivo. Traz referências muito bem calcadas em David Bowie, LCD Soundsystem e principalmente Chemical Brothers. Ouvir o novo álbum do Arcade Fire é como repassar uma playlist com os melhores hits rockeiros dos irmãos ingleses.

Complete-se, então, ao carinho com que o disco foi escrito, todo emendado (as faixas são mixadas uma na outra), com um roteiro bem pensado entre a tensão e a resolução. Traz, em si, músicas boas e outras ótimas, com destaque para a já citada Year of the Snake, além de Ride Or Die e I Love Her Shadow.
Com Pink Elephant, o Arcade Fire nos deu um presente. Gostamos e precisamos de bons presentes, neste louco 2025 em que tentamos sobreviver.