Evento rolou entre os dias 14 e 15 de junho, na Neo Química Arena, em São Paulo
No último fim de semana, rolou a maior edição do Só Track Boa, festival da Entourage Live que faz muito sucesso com a cena eletrônica brasileira. Sendo uma das maiores comunidades segmentadas do gênero, como contamos aqui durante a visita técnica que fizemos ao local, 70 mil pessoas frequentaram os dois dias de evento, que teve mais de 50 atrações.
Estrutura
Já tendo passado pelo Canindé, o estádio do Portuguesa, e pelo conhecidíssimo Autódromo de Interlagos, o Só Track Boa Festival estreou na Neo Química Arena, estádio do Corinthians, na Zona Leste paulistana. O festival foi realizado na área de estacionamento do local, com palcos montados entre as vagas demarcadas, e utilizou banheiros e praça de alimentação do próprio estádio, poupando o gramado e as arquibancadas. Isso ocorreu porque todo o planejamento de estrutura precisou passar pela aprovação do time segundo Marcelo Madueño, sócio e diretor de produção de eventos da Entourage.
Com decoração associada a elementos brasileiros como guaraná, açaí, vitória-régia e mais, o STB buscou adicionar esse brazilian flavour, como mesmo denominaram, em todos os cantos do festival.
Ativações como a komvibez (uma combi da Eletro Vibez com DJs se apresentando) e stand de curso para DJs com a ELAB fizeram parte do cenário, além de inúmeros pontos instagramáveis e até mesmo infláveis gigantes com o nome do evento. Um dos destaques foi o OGG, Only Good Games, iniciativa da STB com a Player 1, que levou influenciadores gamers ao evento e proporcionou ao público um espaço para diversão com jogos de PlayStation e simuladores da Stock Car, bem como um jogo de realidade virtual.
Isso tudo era acessível para qualquer pessoa no evento. Inclusive, três modelos de tatuagem gratuita foram disponibilizados. Mas rolava aquela certa fila, né? Quem adquiriu os ingressos para a área vip contou com vista privilegiada para dois palcos, além de bares e banheiros exclusivos, área para descanso, tatuagem, maquiagem e food trucks.
E falando em fila, um dos problemas no festival foi exatamente esse. Sem estacionamento oficial, a comunicação do evento sugeria que a melhor opção fosse o transporte público, já que o metrô Corinthians-Itaquera fica praticamente em frente ao estádio e possui uma passarela para acesso ao local. Assim fez a maioria das pessoas.
O que prejudicou a experiência foi a existência de apenas uma entrada/saída do festival, o que gerou uma fila enorme no início e no encerramento, fazendo com que a dispersão fosse lenta. Observando o problema, no segundo dia a organização anunciou outros portões de saída.
Shows
Com um sistema de som potente nos três palcos, o volume e a qualidade estavam garantidos. A depender da sua localização, era possível ouvir o som do palco Oca e do palco LuvLab conflitando. Mas bastava uns passos para se direcionar ao seu preferido e tudo era resolvido. Os dois estavam posicionados logo na entrada, no lado direito. No esquerdo, quase dando a volta no estádio, estava o NSD, o palco principal, cheio de luzes e efeitos pirotécnicos.
Apesar da maioria dos artistas do line-up ser brasileira, parece que as atrações mais aguardadas eram as gringas. E mesmo com a valorização do país na curadoria para os três palcos, o som efetivamente mais brazuca concentrou-se no menor deles. É que o NSD e o Oca — maiores em estrutura — estavam pautados numa sonoridade voltada pro techno e suas ramificações, com alguns momentos na pegada da house, enquanto no LuvLab rolou uma verdadeira mistura com tempero brasileiro.
Na sexta-feira, 14, apenas seis nomes internacionais tocaram — Ashibah, Korolova, Gorgon City, Denis Sulta, Kölsch e Adam Beyer —, e entre 32 artistas, oito eram mulheres: GIU, Eli Iwasa, Carola, KENYA20hz, ANNA, Raffa Boeno e as já citadas Ashibah e Korolova.
O techno melódico se misturou à afro-house e à house no NSD, e o tech house e techno correram para o Oca. No LuvLab, realmente, um laboratório de experimentos, principalmente no B2B entre Mochakk e Mu540. House, funk e vários outros sons se juntaram num caldeirão que formou a criação de um dos grandes acertos da edição: este terceiro palco.
No sábado, 15, dos 29 nomes, tínhamos seis mulheres — Jessica Brankka, Mila Journeé, ANNA novamente, Honeyluv, Curol e Barja —, e oito gringos: Massano, Camelphat, Joris Voorn, Kölsh novamente, Honeyluv, Franky Rizardo, Eli Brown e Francis Mercier.
Mais uma vez, o techno melódico tomou conta do palco principal. Vintage Culture, o “pai” da Só Track Boa, foi o show mais lotado de todos. Também foi o que apresentou mais efeitos de luzes e fogos, passando por hits clássicos do DJ e produtor e também seu mais novo lançamento, o álbum Promised Land. A homenagem a Ayrton Senna nos momentos finais do set foi cativante, mas poderia ter sido ainda mais emocionante se o artista tivesse escolhido um discurso em português do piloto.
House, tech house e techno se espalharam no Oca, com Eli Brown reunindo uma grande massa. No LuvLab, Cat Dealers estreou seu projeto paralelo Sapiens; Victor Lou apresentou o Victor Lab, um show construído a várias mãos, contando com guitarrista e cantores em versões para diversas faixas (e sim, um dos grandes destaques do evento); Francis Mercier (guardem esse nome, porque esse artista merece, um dos melhores da noite) mandou uma performance arrebatadora com sua afro-house, que chegou a convidar Luedji Luna para cantar; além do B2B cheio de sintonia de Curol e Barja; e até o psytrance de Dang3r deu as caras.
Vale lembrar que os dois dias contaram com o Momento Só Track Boa, cheio de fogos e visuais criados especialmente para tal finalidade.
A próxima edição do Só Track Boa Festival rola dia 14 de setembro, em Belo Horizonte (MG).