Queen Foto: Reprodução/Twitter

Como o Queen finalmente encontrou um baixista

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Há 53 anos, Freddie Mercury, Brian May e Roger Taylor faziam seu primeiro show com John Deacon

A garotada que estava na faculdade de Surrey, na Inglaterra, para assistir a um encontro de bandas que rolaria em suas dependências no dia 02 de julho de 1971, não tinha a menor consciência do momento histórico que estava testemunhando. Na verdade, nem mesmo Freddie Mercury, Brian May e Roger Taylor sabiam disso. A consciência que tinham, enquanto afinavam seus instrumentos para subir no palco, era de que estavam de saco cheio de trocar de baixista.

Desde que encerraram o projeto musical anterior, com o singelo nome de Smile, e admitiram aquele novo vocalista dentuço em uma nova banda chamada Queen, eles simplesmente não encontravam um baixista que tocasse da forma que eles queriam ou que simpatizasse com o som que os três queriam fazer. Em um ano, o grupo já havia tentado nada menos do que três músicos diferentes. Doug Bogie, o último, ficou na banda por apenas dois shows, antes de pular fora do barco comandado por aqueles três malucos.

O pequeno público presente e os três enfadados músicos observaram um quieto e reservado baixista ligar seu contrabaixo no amplificador, pouco antes do show começar. Não sabiam que estavam dividindo o palco com o cara que permaneceria ao lado deles até 1997 quando, seis anos após a morte do amigo Freddie Mercury, se aposentaria definitivamente do mundo da música para passar mais tempo com a família.

Mais do que isso, estavam ao lado de um cara que mais tarde criaria duas músicas cujas linhas de baixo se tornariam as mais conhecidas do mundo do rock: Another One Bites the Dust e Under Pressure. O cara que, ao entrar para a banda, já era apaixonado pela ideia de misturar elementos eletrônicos ao rock, chegando ao ponto de estudar e criar equipamentos e efeitos que seriam usados pelo Queen durante toda a sua carreira.

Ao final da apresentação, May, Mercury e Taylor guardavam seus instrumentos com muitas expectativas e uma certeza. Aquele era o cara! O perrengue de encontrar um baixista havia acabado.

“Nós achamos ele incrível. Nos acostumamos a ele, e isso foi tão gratificante. Achamos que, por ele ser quietinho, ele se encaixaria conosco sem muitos transtornos. E era um excelente baixista também. E o fato de ser um mago com equipamentos eletrônicos, definitivamente, foi a coisa mais importante”, disse Roger Taylor no livro Queen: The Early Years, de Mark Hodkinson.

Pois Roger e seus comparsas estavam certos. John Deacon ajudou a moldar o som do Queen. Nada seria o mesmo se o pacato músico decidisse não ter continuado com a banda que, apesar dos tropeços no começo da carreira, se tornou um dos grupos com a formação mais sólida da história do rock. Do começo ao fim, os quatro integrantes jamais se separariam. Precisou a AIDS para desfazer a formação que se formou naquela sexta-feira em Surrey, levando Freddie Mercury, 20 anos depois.

Dois anos depois do primeiro show em Surrey, Deacon e o Queen começaram a lançar álbuns que se tornariam obrigatórios em uma boa biblioteca de rock. Foram 15 petardos, shows em grandes estádios, reviravoltas artísticas e muito efeito eletrônico usado em estúdio, graças à mente futurista e às bugigangas que apresentou aos colegas de banda.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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