Primeira Bienal de Sao Paulo Bienal de Sao Paulo – imagem: divulgação

Quando Picasso desenhou num guardanapo com batom. Podcast em nove episódios conta história dos 70 anos da Bienal

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Produção conjunta entre a Fundação Bienal e UOL conta a história dos 70 anos de uma das maiores exposições de arte contemporânea do mundo.

Uma nova série de podcasts, com nove episódios, conta a história, além de várias curiosidades e controvérsias, que rolaram nos 70 anos de vida da Bienal em São Paulo.

Apresentado por Marina Person, a série apresenta detalhes da criação do evento, um dos maiores do mundo dedicados à arte contemporânea, na década de 50, por iniciativa de empresários paulistanos como, por exemplo, a então influente família Matarazzo, que usou sua fortuna para impulsionar a cena cultural da cidade.

Para se ter uma ideia, Cicillo Matarazzo, o principal agitador da família, fundou o MAM, patrocinou a Vera Cruz, o TBC e várias outras iniciativas.  Quando a bienal foi criada, um projeto pra lá de megalomaníaco, o único evento similar era a Bienal de Veneza, na Itália.

Celebrando sete décadas de vida, a Bienal coleciona, além de grandes exposições, histórias pra lá de interessantes, como desenhos que Pablo Picasso fez batão em guardanapos de papel para presentear Yolanda Matarazzo, roubos, protestos e muitas outras curiosidades.

A série tem dez episódios: uma introdução, sete compilados de cada décadas e dois bônus, com curiosidades interessantes. Confira a sinopse de cada episódio da série.

Anos 50

Como surgiu a Bienal de São Paulo, realizada pela primeira vez em 1951? Você conhecerá Ciccillo Matarazzo, o criador da mostra, e sua mulher, Yolanda Penteado. Também vai descobrir curiosidades sobre a montagem da primeira exposição e detalhes de como, em 1953, a tela Guernica, de Pablo Picasso, veio parar no Brasil – uma história cheia de negociações, viagem de navio e também um caminhão atolado.

Anos 60

Um retrato dos anos 1960, quando as edições da mostra são, como o país, impactadas pela ditadura militar. Saiba mais sobre o famoso boicote à 10ª edição da mostra, que ficou conhecida como Bienal do boicote; sobre a presença de arte interativa nas Bienais e também de artistas pop internacionais, como Andy Warhol, Edward Hopper e Roy Lichtenstein.

Anos 70

Marina Person apresenta um recorte dos anos 1970, quando a Bienal precisou se reinventar após o boicote sofrido em 1969. As obras da década traziam elementos da repressão vivida no Brasil, além de experimentações com drogas psicodélicas, ativismo ambiental e tecnologia: em 1975, a 13ª edição ficou conhecida como a Bienal dos videomakers.

Anos 80

A reabertura democrática do Brasil, a volta dos artistas exilados após a Lei da Anistia e o fim do boicote provocaram uma avalanche de novas obras e criatividade na Bienal. O evento teve destaques como obras de Keith Haring e Marina Abramović, apresentações do grupo Fluxus, pinturas dos pacientes da psiquiatra Nise da Silveira, a montagem da “Grande tela”. Também nesta década, a mostra passou a ter um curador por edição.

Anos 90

Marina Person relata detalhes sobre as mostras realizadas nos anos 1990, que alcançaram um recorde no número de países participantes e trouxeram para São Paulo a arte abstrata do russo Kazimir Malevich, os murais do mexicano Diego Rivera e a pirotecnia de Cai Guo Qiang. É a década da famosa “Bienal da Antropofagia” e também da internet como obra de arte.

2000 a 2009

Em 2004, a mostra foi tema do Carnaval de São Paulo. No final da mesma década, um andar inteiro do Pavilhão ficou sem obras, o que provocou uma invasão de artistas que picharam paredes, janelas e pilares do prédio. Descubra curiosidades como o transporte de um muro da Bahia para São Paulo, a reconstrução de um ateliê dentro da mostra e a performance em que um artista dependeu da bondade do público para sobreviver.

2010 a 2019

Marina Person fala sobre a 29ª Bienal, que teve uma obra com urubus vivos, do artista Nuno Ramos. Foi a década da reestruturação da Fundação, que deu nova força à instituição e permitiu “encomendar” grandes peças, como uma do chinês Ai Weiwei. O período é marcado por mais espaço para pautas dos movimentos negros, feministas e LGBTQIA+, além do debate sobre o “roubo” de nossa atenção pelos telefones celulares.

2021

Todos os detalhes sobre a 34ª Bienal – Faz escuro mas eu canto – inicialmente prevista para 2020, mas realizada em 2021. Além dos eventos realizados antes da pandemia, este episódio – lançado junto com a abertura da mostra – traz presenças marcantes na exposição de 2021, como obras de artistas indígenas, o octógono onde eram feitas as negociações da Bolsa de Valores de Chicago e o o sino da capela do Padre Faria, em Ouro Preto.

 

Episódios bônus

Você sabe o que acontece nos intervalos entre as mostras? No penúltimo episódio, Marina Person conta algumas das outras iniciativas da Bienal.

“Já teve algum roubo na Bienal?”, “quem foi o artista mais jovem a participar da mostra?”. No último episódio do programa, convidados respondem a estas e outras perguntas enviadas pelos ouvintes.

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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