A Pop Art retratou o mundo massificado do fim do século. Listamos 5 artistas indispensáveis para entender este movimento

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Convidamos o artista Vianna para indicar cinco pintores indispensáveis para compreender a pop art. A seleção nos guia pelas coloridas galerias do estilo que mais se comunica com a música.

A Pop Art surgiu na Inglaterra nos anos 50 e ganhou (muita) força nos Estados Unidos nos anos 60, época da efervescência cultural que virava o país de ponta cabeça alavancados pela primeira geração de jovens que tinha seu próprio dinheiro para gastar.

O termo surgiu quando o crítico inglês  Laurence Alloway usou para descrever a obra O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?, colagem que você viu na abertura desta matéria,  de Richard Hamilton em 1956.

Vista como uma transição da modernidade para a pós modernidade na cultura ocidental, o movimento propunha uma crítica à cultura ocidental capitalista e ao próprio papel da arte naquele momento de massificação. “Cada um dos precursores foram acrescentando à pop art certos elementos que talvez na arte clássica não seja permitido. Mudar, evoluir, acrescentar ou subtrair a uma imagem já existente e isso é ainda arte”, nos conta Vianna.

Nosso convidado listou cinco artistas indispensáveis – e que também foram referencias para seu trabalho – para entender a evolução da Pop Art. Desfruta!

 

Robert Rauschemberg

Mirthday Man (1997) – de Robert Rauschemberg

Robert Rauschemberg nasceu em 1925 em Port Arthur, Texas. Após estudar arte nos EUA e na França, estabeleceu-se em Nova Iorque. Transitou entre o expressionismo e a pop art, estilo em que foi considerado vanguarda na década de 50, com suas colagens aliando técnica à serigrafia chamada combine painting.

“é uma pena que as pessoas pensem que pratos de sopa, espelhos ou garrafas de Coca Cola são feias, porque elas estão cercadas por objetos assim o dia todo, isso deve fazê-las sentir miseraveis” – Robert Rauschemberg.

Jasper Johns

Flag (1954-1955), de Jasper Johns

Considerado um dos maiores pioneiros da pop art americana, Jasper Johns nasceu em Augusta, Georgia, em 1930. Revolucionou ao pintar objetos comuns como algarismos, mapas e bandeiras. Flag, que você vê acima, é uma de suas obras mais icônicas, pintada dois anos após sua dispensa do serviço militar. “Sua arte é genial. Usava figuras comuns (bobas até) para a concepção das suas obras e o resultado era muito bacana. Isso nos deu liberdade para partir de imagens triviais para atingir resultados super interessantes” – nos conta Vianna.

“Quando alguem fica velho, consegue ver mais caminhos que podem ser seguidos. Os artistas vão ganhando com isso  um senso de aumento de possibilidades, o que pode significar liberdade ou confusão.” – Jasper Johns

Peter Blake

Star (2010) de Peter Blake

O papa da pop art inglesa foi intimamente ligado à cena musical da ilha. Foi o responsável em conjunto com sua esposa Jann Haworth pela mais icônica capa de disco de todos os tempos: a de Sargeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.  Não parou por aí. Fez capas para Brian Wilson, The Who e o cartaz do histórico festival beneficente Live Aid. Nasceu em Dartford, Kent.

“Eu realmente acredito em fadas. Apesar de eu não conseguir provar que elas existem, nunca encontrei alguem que conseguiu me comprovar que elas não existem” – Peter Blake

Voka

New York City (2012) de Voka

O austríaco Voka nasceu em 1965 e e descreve seu trabalho como “realismo espontâneo”.  Costumeiramente trabalha sobre retratos de ícones pop como Jimmy Hendrix, Keith Richards e (claro) Marilyn Monroe, adicionando marcas expressivas para dar animação à suas pinturas.  “Voka é pra mim o cara mais incrível desde Andy Warhol. Ele retrata figuras da música e do cinema, multicoloridas, com maestria”, conta Vianna.

Voka tem o hábito de filmar seus trabalhos do começo ao fim. “Faz sentido o título que ele deu para seu estilo (realismo espontâneo) porque apesar de suas imagens serem estilizadas, quando você olha para as imagens, parece que estão vivas”.

Andy Warhol

Pele (1978) de Andy Warhol

“Andy Warhol é o artista que todo cara quando entra no mundo da arte – e principalmente a pop art – tem como primeira referência. Depois que você vai se aprofundando mais, acaba conhecendo os outros mestres, inclusive os precursores. Mas o Andy é tudo aquilo o que os precursores tentaram fazer com a pop art e não conseguiram: trazer uma arte jovem, espirituosa, chamativa, sexy, glamourosa, moderna e lucrativa. Também teve a genial ideia de que uma única figura pode ser repetida várias vezes”, nos ensina Vianna sobre o maior ícone do gênero nascido em Pittsburgh em 1928.

Criança de saúde frágil – chegando a desenvolver corea, uma doença que provoca movimentos involuntários nos lembros – cresceu desenvolvendo transtornos e dificuldades de socialização até encontrar a arte como função de vida. Foi ilustrador de importantes revistas e criou campanhas publicitárias antes de se estabelecer como artista, trazendo óbvias influências da época em que trabalhava “for the man”.

Vianna

Vianna pinta desde 2000, retratando ícones da música e cinema unidos por fins trágicos. Já passaram por suas tintas Rickey Edward, Johnny Thunders, Nigel Preston, Darby Crash, James Dean, Ian Curtis, Sid Vicious, entre outros.

Sua nova série de trabalhos recebe influências de Voka, Dan Sproul e Alisson B. Cooke.

Instagram: @aryvianna2

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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