Tatá Aeroplano indica cinco filmes indispensáveis para você se aprofundar no cinema

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Sair pelas ruas atrás de um filme é hábito do cantor Tatá Aeroplano

O trovador psicodélico Tatá Aeroplano comemora esta semana um ano de lançamento do seu elogiado disco Step Psicodélico enquanto promove seu novo trabalho, Delírios Líricos, parido recentemente.

Tatá é cultuado por narrar os percalços da existência paulistana como poucos,  descrevendo constantemente o esforço de caminhar na tênue e sinuosa praia que separa o oceano da loucura e as terras da lucidez.

O que muitos não sabem, porem, é que Tatá é um profundo conhecedor de cinema, a ponto de ter o hábito de caminhar até as salas de cinema para sessões sem saber previamente o que estava em cartaz. Muitas de suas letras tem referências bacanudas como por exemplo, a citação de Atirem no Pianista, de Truffaut, em sua música Outono à Toa.

“Sou um cinéfilo compulsivo e frequento as salas de cinema em sampa desde 94. Adoro os cines de rua e antes da pandemia assistia uma média de 3 a 4 filmes no por semana” – conta Tatá. O Music Non Stop pediu ao cantor para que compartilhe um pouco de seu conhecimento conosco. “Vou falar de cinco películas que fizeram minha cabeça”.

Holy Motors – 2012
Direção: Leo Carax

“Holy Motors” do Leo Carax. É uma coisa de louco. Um Alumbramento dos bons. Uma pancada na existência. Que filme é esse? Uma atuação sensacional do ator “Denis Lavant” que viaja na limusine dirigida enigmática e simpática Célina, interpretada pela Édith Scob. Dela ele recebe a missão de interpretar vários personagens durante um dia. No camarim do carro moto sagrado. Ele se transforma em várias personas. Cada personagem é um filme a parte.

Multidimensionalismo de primeira com uma direção impecável do Carax. O filme bateu tanto que inspirado nele desenvolvi uma série de personagens como o “Triste”, o “Canga Louca”, o “Frito Sampler” e o “Pássaro Psicodélico da Floresta” que fizeram parte do disco “Vamos Pro Quarto” que lancei com a banda Cérebro Eletrônico em 2014

A Margem – 1967
Direção: Ozualdo Candeias

Ozualdo Candeias é um dos meus diretores preferidos. Assisti “A Margem” e outros longas e curtas do Candeias numa incrível mostra dedicada à sua obra que rolou no início dos anos 2000 no Centro Cultural Banco do Brasil.

“A Margem” foi rodada em sampa, com personagens que andarilham e divagam pelas margens do rio Tietê e pelas ruas do centro.

A Idade da Terra – 1980
Direção: Glauber Rocha

Foi um achado encontrar as fitas do Glauber Rocha em meados da década de noventa no “Instituto Cultural Itaú. Você fazia um cadastro e retirava as fitas gratuitamente. Nessas eu vi toda a filmografia disponível do Glauber em ordem cronológica até chegar na “Idade da Terra” um filme manifesto, atemporal, uma aula de cinema pós cinema. O estado de espírito do Glauber é extremamente inspirador. Tive a sorte de assistir a fita na tela grande, anos depois numa mostra internacional de cinema. Muito obrigado por esse filme mister Glauber … Cinema experiência …. Cinema sensação … Cinema Cinema Cinema … Glauber!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

O Bandido da Luz Vermelha – 1968
Direção: Rogério Sganzerla

“O Bandido da Luz Vermelha”. Clássico do “Cinema Marginal”. Ritmo alucinante de acontecimentos, cenas, falas, vozes. Você cai dentro da viajem alucinante proporcionada pela direção frenética do Rogério Sganzerla. Samplers com frases do filme estão presentes na canção “Rubro Zorro” lançada pelo Ira! no álbum “Psicoacústica” e também foram utilizadas pelo compositor e produtor musical “Paulo Beto” no seu projeto intitulado “Anvil FX”. É um longa que inspira música.

Cidadão Kane – 1941
Direção: Orson Welles

Um dos últimos filmes que vi no cine esse ano antes da pandemia chegar. Um clássico absoluto do cinema dirigido, escrito, produzido e estrelado por Orson Welles. Já assisti “Cidadão Kane” várias vezes. É muito estimulante ver a genialidade do Orson Welles escancarada e eternizada nessa fita que é de 1941.

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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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