Collor Foto: Reprodução

Eles avisaram: 10 obras que viraram símbolo de protesto contra Collor

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Ex-presidente do Brasil foi preso na madrugada desta sexta-feira, 25

Não digam que eles não avisaram. Entre 1990 e 1992, quando Fernando Collor de Mello foi eleito o primeiro presidente brasileiro diretamente por voto popular pós-ditadura (Tancredo Neves, seu antecessor, faleceu antes de assumir o cargo), denúncias de corrupção o levaram a um processo de impeachment que botou centenas de milhares de jovens, de caras pintadas com listras verde e amarelas, nas ruas do país. Exerciam, ali, seu novíssimo direito de protestar, coisa até então impensável em tempos da tenebrosa Ditadura Militar.

Além do povo, muito artista entrou na onda dos protestos. Alguns diretamente, fazendo músicas endereçadas ao presidente dono de meios de comunicação em Maceió, novinho (o mais jovem eleito, com 40 anos) e com pinta de galã esportista (passear de jet ski em frente às câmeras não é uma invenção recente). Outros, tiveram suas músicas “sequestradas” pelo movimento dos caras pintadas, e não se importaram nem um pouco com isso.

Apesar de toda a exposição negativa, Collor se reelegeu diversas vezes para outros cargos públicos. Jamais saiu dos corredores de Brasília, na verdade. O ex-presidente foi preso nesta madrugada, condenado por desvio de dinheiro público. Não foi for falta de aviso dos artistas. Confira quem foi a turma do “eu te disse”!

Leci Brandão – Cara Pintada

Recado da diva para a molecada

Bezerra da Silva – Presidente Caô Caô

Um álbum todo dedicado à picaretagem

Ratos de Porão – Brasil

Um disco inteiro dedicado ao “Brasil”

Legião Urbana – Que País é Esse?

A canção de 1987 virou símbolo dos protestos

Lobão – Presidente Mauricinho

Antes de virar discípulo de Olavo de Carvalho, era assim que Lobão escrevia

Gabriel o Pensador – Tô Feliz (Matei o Presidente)

Mais direto, impossível

Gaúcho da Fronteira – Patifaria

Mais uma interessada diretamente ao Fernandinho

Pinto do Acordeon – Brasil CPI

Arrastapé de esquerda

Cajú & Castanha – Melô da CPI

Norte e Nordeste sempre avisaram

Zé Geraldo – Cidadão

Clássico operário de 1979 foi resgatado durante os protestos

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.