Por que o Treefort Music Fest é o Festival mais Cool dos Estados Unidos? Novidades e Lançamentos musicais.
Destaques da Noise Radar:
A coluna continua refletindo sobre a recente viagem aos Estados Unidos, que aconteceu entre Março e comecinho de Abril, e lança a pergunta: Por que o Treefort Music Fest é o Festival mais Cool dos Estados Unidos? Não sabe o que é o Treefort ainda? A gente vai te contar tudinho sobre o festival que movimenta o Noroeste dos Estados Unidos e que esse ano levou +500 artistas para a pequena Boise City, Capital do Idaho, sendo realizado em apenas 5 dias. Isso mesmo, 500 atrações em 5 dias!!! Além disso, listamos os top #20 Melhores Shows que vimos no Festival.
A coluna também vai te mostrar os novos lançamentos musicais que merecem destaque e que são bons para ficar de olho, como os novos discos de artistas tipo High Pulp (olho nessa banda de Seattle, eles lançaram o maravilhoso “Pursuit of Ends”), Destroyer (Labyrinthitis), Lazy Eyes (Songbook) e Hate Moss (“NaN”, que chega dia 20 de Maio, via Before Sunrise Records).
Tem também a nossa lista de novos artistas do GROOVER. A volta do nosso programa de rádio IndieAmérica, com o melhor do novo indie latino-americano e nossa Playlist, para vocês ouvirem enquanto lêem a coluna!!
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TREEFORT MUSIC FEST: O Festival Mais Cool dos Estados Unidos fica em Boise, Idaho.
O Treefort Music Fest completou 10 anos em 2022 e voltou de forma presencial, e com força total, apresentando em apenas 05 dias um total de +500 atrações divididas em diversos palcos importantes pela cidade de Boise, Capital do Idaho.
Falar do Treefort Music Fest é algo que muito me encanta e agrada, pois trata-se de um festival especial demais, que vai muito além da música em si, envolvendo as artes de forma geral, abrindo espaço para cinema, literatura, universo LGBTQI+, sem esquecer das crianças, além de ser um festival feito e realizado pela comunidade de Boise. Sim, o Treefort é um festival que é realizado para movimentar a cidade inteira e ele consegue realizar isso com extremo louvor e de forma única.
No Treefort você pode esbarrar com os artistas nas ruas, nos bares, nos clubes, em todo o lugar. Você pode encontrar o Doug Martsch, líder da banda Built To Spill – símbolo e ícone máximo do indie local – jogando com a molecada no meio da rua, numa tabela de basquete improvisada numa Van que estava estacionada na frente do hotel onde eu estava hospedado, por exemplo, o Modern Hotel.
Além disso, você tem o Artists Lounge, que fica no terraço do hotel The Owyhee e recebe quase todos os artistas que atendem ao evento durante todos os dias, com farta oferta de comida durante todo o evento, além de DJ Sets exclusivos para os artistas e a possibilidade única de estreitar contatos profissionais com artistas, produtores, promotores de shows, managers e jornalistas de todas as partes do mundo, que estão lá para desfrutar dos cinco dias de celebração. Isso é incrível demais. Somente isso já faria do Treefort Music Fest o melhor festival dos Estados Unidos, quiçá um dos melhores do mundo, mas há muito mais, muito mais mesmo, e vamos tentar resumir de alguma forma o que é esse evento grandioso e particularmente fascinante aqui nessa matéria.
A Geografia Favorável de Boise, capital do Idaho.
Boise City é a capital do Idaho, Estado que fica no Noroeste dos Estados Unidos com fronteiras entre os Estados de Washington, Oregon, Wyoming, Montana, Utah, Nevada e um pedacinho da Columbia Britânica, no Canadá. Nossa coluna também é Geográfica!! (risos). Aos primeiros olhares, vendo de longe, Boise parece um destino improvável, inatígivel, até mesmo distante, mas o fator geográfico ajuda muito. Por estar encravada entre esses 06 Estados da América e fazer fronteira com parte do Canadá, o Festival acaba catalizando públicos distintos que se deslocam para Boise não só do Idaho, como também desses outros 06 Estados já mencionados. Isso é um trunfo!!
Outro trunfo da cidade é o fato dela estar encravada entre montanhas, mas ser plana – pelo menos na parte central – e ter fácil acesso para deslocamento dos pedestres, ciclistas e visitantes.
Sobre Boise
Curadoria do Treefort
Une-se a isso o fato de que a curadoria musical do Treefort Music Fest aposta de forma certeira quase sempre e em sua grande maioria em novidades musicais atuais, bandas emergentes, que ainda não são totalmente famosas, mas que se destacam em suas cenas locais ou ninchos musicais, aliando a isso outro fator: apostar em artistas e bandas de outros países, principalmente países latinos – uma tendência que cresce fortemente nos Estados Unidos – e isso acaba atraíndo a atenção tanto do público, quanto da imprensa especializada em música que gosta de conhecer novos artistas, de apostar no NOVO!
Esse é um ponto que gostaria de destacar, porque é o que faz do Treefort Music Fest ser um evento super cool, que reflete a música contemporânea de forma bastante coesa e com profundidade marcante. Eles não tem medo de apostar em novidades porque sabem que o público norte-americano quer isso mesmo: conhecer novos artistas! Se surpreender com o NOVO! E isso me intriga demais… será que daqui há 10 anos (ou 05, sendo muito otimista) isso acontecerá no Brasil? Do jeito que as coisas caminham por aqui, esse parece um sonho inimaginável, mas quem sabe, sonhar não custa nada não é mesmo?
Eric Gilbert, o curador e diretor artístico do Festival
Falando sobre Curadoria, não podemos esquecer o fundamental papel do diretor artístico Eric Gilbert, que é responsável por montar o lineup gigantesco do Treefort Music Fest e tem um gosto que vai muito além do refinado, ele atinge a ecleticidade com primor, espalhando pela cidade de Boise cerca de 500 shows dos mais diversos estilos e gostos musicais, uma verdadeira festa para quem ama e/ou vive de música. Impossível ir ao Treefort Music Fest e não se surpreender com pelo menos 10 ou 15 novos artistas que você NUNCA OUVI FALAR, mas que te deixaram de queixo caído. Isso é incrível!!! E para confirmar esse diferencial, listamos os 20 Melhores Shows que assistimos no Treefort Music Fest, confiram a lista no final dessa matéria.
Eric Gilbert é co-fundador e diretor do festival Treefort Music Fest em Boise, ID. Gilbert e os outros fundadores do Treefort também são donos do Duck Club, através do qual produzem concertos em vários locais em Boise durante todo o ano como Duck Club Presents, e mantêm uma agência de reservas de shows e boutique de turnês chamada Duck Club Touring. Construído a partir de anos de turnês DIY e sendo ativo na comunidade musical em geral, Gilbert e sua equipe mantêm um forte foco na construção da comunidade, descoberta e defesa de artistas, e uma paixão por criar um nicho dentro do lado comercial da música que os mantém inspirado. Gilbert também apresenta um programa de rádio semanal chamado Antler Crafts na estação de rádio comunitária Radio Boise 89.9 FM, toca teclado em uma nova banda chamada Floating Witch’s Head e é pai de uma menina de 8 anos chamada Vera em sua mais recente colaboração com sua colega de banda de longa data e parceira de vida Lisa Simpson (Blood Lemon, Mostly Muff, Finn Riggins).
Sobre o Treefort e suas características
O Festival aconteceu de 23 a 27 de Março de 2022, em Boise, Idaho. E recebeu, como já dissemos, mais de 500 artistas de diversas partes do mundo. O Centro de Boise (ou como eles chamam “Downtown Boise”) tem uma excelente configuração para a maratona sonora e cultural – sim, porque o Festival também abrange Cinema, Artes, Cultura LGBTQI+, Crianças etc. – com alto teor de comunidade que é o Treefort. Existem dezenas de locais a poucos metros uns dos outros e, nessa 10ª edição do Festival, todos eles se tornaram o local do ritual anual que contou com centenas de artistas tocando em várias casas de shows e com diversas capacidades de público. O Treefort é uma vitrine de artistas de toda parte do mundo e também para os diversos artistas locais de Boise. E você pode, literalmente, andar por toda parte e conhecer novas bandas a cada palco visitado e/ou descoberto.
O Treefort Music Fest abre a primavera e transforma Boise como se fosse uma flor brotando outra vez, depois de um gélido inverno. É lindo, chega a ser emocionante, ver a cidade vibrando totalmente envolvida durante os cinco dias do evento. Boise respira o Treefort, e o Treefort traz anualmente um sopro de novidades e ar puro para cidade. Para um artista que nunca foi lá, e aqui, poderíamos citar diversos nomes que estrearam nessa edição de 2022, o Treefort funciona como um trampolim que te impulsiona para um salto delicioso rumo ao infinito. O que você sente durante os dias do evento não dá para descrever em palavras, é algo para sentir, para gravar na retina e na memória para sempre. O Treefort Music Fest não é um festiva corporativo ou feito para valorizar marcas, o Treefort é um festival que valoriza a Comunidade de Boise.
Por que o Treefort é Diferente?
É a pergunta que fica rodando na mente. E nada melhor do que ler críticas e ouvir opiniões de outros jornalistas para entender melhor sobre a magia que envolve o Treefort, não é mesmo?
A crítica do jornalista e curador musical Adrian Spinelli para a revista UPROXX mostra bem sobre a diversidade do evento, O título já entrega tudo: “Menos Hype, mais substância: o Treefort Fest de Boise é uma jóia indie”, mas Adrian vai além e como ótimo jornalista e pesquisador musical, ele cobriu diversos shows (assim como eu, que apareço camuflado na foto abaixo, durante o show do The Muckers) e relatou especialmente sobre o Sonic Temple:
“(…) Mas também houve experiências que eu sabia que eram especiais para o festival. Quando entrei nas duas salas do local do Sonic Temple (uma antiga Loja Maçônica que me disseram que em breve seria convertida em lofts), fui imediatamente envolvido pelo show de luzes líquidas de Mad Alchemy projetado em todas as paredes da sala. Este lugar foi transformado em um paraíso para diferentes formas de psych rock. Vi bandas com as quais não estava especialmente familiarizado, mas as pessoas estavam enlouquecendo. Artistas como Paul Cherry, de Chicago, The Muckers, de Atlanta, e Spoon Benders, de Portland, se apresentaram, enquanto técnicos de iluminação ao vivo jogavam corantes coloridos em placas giratórias sob projetores que faziam parecer que estávamos dançando dentro de um caleidoscópico. Foi surreal. (…)
E em todos os lugares que eu fui, continuei esbarrando em artistas que eu tinha visto mais cedo naquele dia. Eu assisti a um doce set da banda indie de Toronto Ducks Ltd no início de uma tarde e mais tarde naquela noite, vi o cantor Tom McCreevy fora de El Korah. Isso me deu a oportunidade de dar um tapinha nas costas do cara e dizer a ele que eu cavei seu set. Era um sentimento caloroso e convivial que parecia bem… comunidade. (…) Peguei o psych-pop hipnótico da banda brasileira Atalhos no Neurolux na sexta-feira e no domingo, me vi assistindo a banda de Montreal Men I Trust com eles e a perfeição absoluta da realeza do indie-rock de Kim Gordon no palco principal. Atalhos tinha acabado de chegar a Boise do South By Southwest (SXSW) em Austin e o cantor Gabriel Soares estava gostando de como a banda foi bem recebida em Boise em sua primeira turnê na América a partir de São Paulo. Também foi revigorante saber que, diferentemente de um amplo escopo de artistas do SXSW, os artistas do Treefort são pagos e têm sua hospedagem coberta também. Que conceito!” – confiram a crítica completa aqui.
Outro jornalista que rasgou elogios ao Festival foi Paul Bridgewater, que escreveu para o site The Line Of The Best Fit:
“(…) Uma década depois, o festival conta com mais de 500 artistas se apresentando. São mais de 50 espaços e uma programação que inclui vertentes (ou “fortes”) com literatura, comédia, drag, comida e patinação. Há um hackathon, gravações de podcast ao vivo e um programa saudável de debate sobre o futuro da indústria da música, criatividade queer e saúde mental. Esses fortes levaram o evento a um espaço totalmente novo que ajudou a destacar os pontos fortes da cidade ao injetar milhões de dólares na economia local.
O centro de Boise é dominado por Treefort por quase uma semana, com o logotipo do emblema em estilo escoteiro do festival estampado em bandeiras em quase todos os lugares. O núcleo do evento é um palco principal acessado por pulseira em uma rua bloqueada repleta de food trucks, bem como barracas de cerveja, vinho e coquetéis (também conhecido como “Alefort”). Boise é o lar de quase 20 cervejarias, bem como algumas destilarias e mais de 70 seleções da área estão em oferta, desde stouts de horchata envelhecidas em barril, até um blackberry e boysenberry sour. (…)” – leia matéria completa aqui!
Elly Watson, escreveu para a DIY Mag e relatou o seguinte:
“(…) aninhada entre cadeias de montanhas, a capital de Idaho, Boise, está rapidamente se tornando um lugar para se estar, e nenhuma outra semana mostra seu fator uau do que o Treefort Festival. Agora comemorando seu 10º aniversário, a programação do evento possui mais de 300 atos em mais de 30 locais, com vários outros empreendimentos, incluindo HackFort (para todas as suas necessidades tecnológicas, incluindo aprender a canalizar seu espião interno com lockpicking), DragFort ( para um pouco de dublagem tarde da noite com a cena LGBTQ+ em rápida ascensão de Boise) e TatFort (para uma lembrança do festival ao longo da vida).
Estruturado de forma semelhante ao The Great Escape de Brighton – AleFort ao redor para quaisquer necessidades noturnas – as bandas tocam praticamente em cada esquina, de nomes mais estabelecidos a novatos completos, e tropeçar em um novo favorito no clima excepcionalmente ensolarado estava prestes a acontecer. (…)” – confira a matéria completa aqui!
E a jornalista Saddie Bell, que cobriu o festival para Thrillist disse:
“(…) Numa altura em que muitos festivais de música sentem o mesmo, Treefort conseguiu criar organicamente um evento único. Claro, é difícil ter um momento ruim quando você está vendo um fim de semana de música ao vivo, e muitos festivais têm lineups ecléticos ou são realizados em ambientes incríveis, mas muitos (especialmente os de propriedade corporativa) podem parecer impessoais e não têm esse algo que os torna diferentes. Treefort, por padrão, se destaca – é um evento organizado pela comunidade com a missão de priorizar a descoberta e elevar suas comunidades criativas locais de Boise e Pacific Northwest. (…)” – confira a matéria completa aqui!
Deu para entender porque o Treefort é diferente? Espero que sim, mas caso você ainda não esteja convencido o bastante, vale lembrar que em 2023 o festival terá sua 11º edição e que estaremos lá outra vez. Se você é um artista aqui do Brasil (ou da América Latina) e gostaria de se apresentar no Festival em 2023, fale com a BRAIN e quem sabe não consigamos fechar um acordo para levar vocês lá.
A participação da BRAIN no Treefort Music Fest
Nessa edição de 2022, que marcou os 10 anos do Treefort Music Fest, a nossa agência de shows BRAIN Productions Booking levou 03 artistas: ATALHOS (Brasil), ISLA DE CARAS (Argentina) e PELÍCULAS GENIALES (México), e realizou 08 shows e 02 Live Sessions para a Paste Magazine. Totalizando assim, também a marca de 10 shows!
Foram 04 apresentações da banda ATALHOS (artista agenciado pela BRAIN), 04 apresentações da banda argentina ISLA DE CARAS (artista gentilmente cedido pela RockCity Agência) e 02 apresentações da banda mexicana PELÍCULAS GENIALES (artista gentilmente cedido pela RockCity Agência).
A maratona de 10 shows da BRAIN começou no dia 24, com 02 shows da banda Isla de Caras. O primeiro, na parte da tarde, aconteceu no palco RADIOLAND, promovido pela Rádio Boise em parceria com o Treefort, e o segundo aconteceu de noite no Linen Building.
No dia seguinte (25), foram mais 03 shows!! Pois gravamos 02 Live Sessions para a conceituada revista Paste Magazine. A primeira com a banda Isla de Caras e a segunda com a ATALHOS (conferir mais detalhes sobre essa apresentação aqui mesmo na coluna). E a ATALHOS ainda realizou um show no incrível Neurolux, uma das mais clássicas e principais casas de show de Boise, com agenda super concorrida de artistas (conferir a lista de #20 Melhores Shows).
No dia 26, realizamos mais 03 shows!! O primeiro foi com a ATALHOS, no palco RADIOLAND, promovido pela Rádio Boise e foi um dos melhores shows da banda no Festival. O segundo, foi no Mad Swede Brew Hall com a banda mexicana Películas Geniales, e o terceiro foi com a banda Isla de Caras, na festa da rádio Trópico FM, no clássico centro cultural Basque Center.
No dia 27, realizamos mais 02 shows e fechamos nossa participação no Treefort Music Fest com chave de ouro! Primeiro para a banda Películas Geniales (conferir a lista de #20 Melhores Shows) e depois para a ATALHOS. Ambos os shows aconteceram no The Hideout, palco promovido pelo selo Freakout Records, de Seattle. Ambos os shows contaram com um excelente público, que lotou o estacionamento da Woodland Brewering para conferir as bandas.
A festa foi linda e a BRAIN Productions Booking saiu do Treefort Music Fest com um resultado excelente e com uma repercussão marcante. Todos ficavam impressionados com a quantidade de artistas e shows que realizamos lá em Boise, fossem jornalistas, artistas e/ou promotores e curadores. Podemos dizer que a BRAIN marcou a sua presença no festival de forma definitiva, e isso só aconteceu graças a confiança do curador Eric Gilbert e do Treefort Music Fest na qualidade do nosso trabalho.
Gostaríamos de agradecer também aos donos da Freakout Records, Guy Keltner e Skyller Locatelli, que também acreditaram na BRAIN e abriram espaço no maravilhoso palco deles para nossos artistas fecharem sua particpação no Treefort de maneira sublime. Em 2023 esperamos estar de volta ao Treefort, dessa vez com novos artistas e ainda mais shows.
TREEFORT MUSIC FEST: Top #20 Melhores Shows
01. ZETA – Todos que eu vi
No Treefort consegui ver 03 shows do ZETA e meeeeeu Deuuuuuusssss, que banda é essa??? Que atropelo, que absurdo, que potência, que celebração, que Cerimônia Ritual Maluca e absurdamente pesada é aquela que eles fazem no palco??? ZETA é o nome e a banda que devemos ter em mente para o futuro próximo. O show deles é potente do começo ao fim, é catártico, lava a alma e te tira do chão em fração de segundos, sem que você perceba. Num piscar de olhos, seu corpo já está entregue, sua alma já saiu do corpo e começou a flutuar naqueles acordes furiosos e cheios de cura. É uma loucura sem explicação, é um acontecimento, é um ritual catártico de celebração às nossas ancestralidades latinas. Me senti índio hardcore flutuando no infinito, meus olhos vidrados e brilhando, um sorriso estampado no rosto, a cara de espanto era visível.
Bateria montada na frente do palco, como se fosse o principal instrumento, e isso faz todo o sentido, pois ela funciona como o motor dessa locomotiva sonora que é a música do ZETA. Ao lado da bateria, estão os dois vocalistas: à direita fica Juan Chi, e sua guitarra furiosa e melódica, vocal potente, doce e certeiro. Ao lado esquerdo, fica o outro vocalista Dani Hernández, que também toca percussão, synths, guitarra e dança bastante durante o show (levantando a platéia com sua energia). E que energia!!!! Atrás dele, fica o percussionista e backing vocal Alex Musanostra, o baixista Antonio Pereira – e que Baixista minha gente, o cara parece um trem descarrilhado – tem raízes e família brasileira. O baterista se chama Eduardo Chino Sandoval.
ZETA é um caso perfeito de banda que ao vivo supera qualquer tipo de gravação. É ao vivo que eles acontecem. É ao vivo que eles te surpreendem e te chocam ao mesmo tempo. ZETA é banda a ser ouvida, descoberta, sentida e querida por todos. Longa vida ao ZETA!
Pude conversar bastante com o Juan, vocalista/guitarrista e um dos líderes do grupo e que figura doce e humana que ele é. A vontade é de abraçar ele e ficar deitado naquele corpo enorme apenas trocando energia.
E, aproveitando, confiram também o videoclipe de “Magia Infinita”, do ZETA:
02. Durand Jones and The Indicators – Main Stage
O groove suingado e super estiloso de Durand Jones and The Indicators foi um dos melhores shows do Treefort, sem sombra de dúvidas. Dono de uma voz aveludada e cheia de excelentes referências, o cantor Durand Jones entregou um show coeso, muito dançante e calcado no melhor da soul music com fortes raízes de black music. O público reagia super bem a cada música e o clima no Main Stage era de baile dançante, com sorrisos estampados em quase todos os rostos presentes.
03. GUSTAF – Sonic Temple Blue
Mais uma banda que não conhecia e me surpreendeu super positivamente. GUSTAF é de Nova York e é formada por 4 meninas e um rapaz na guitarra. A vocalista é punk rock total, e tem uma voz deliciosa, além de uma performance avassaladora. Que show, meus amigos. Que show! O melhor do post punk novaiorquiner pôde ser visto no set de 45 minutos que elas entregaram com um primor absurdo. Destaque para a backing vocal e percussionista que fica na frente do palco e usa instrumentos percussivos super inusitados como galinha de brinquedo (daquelas de plástico que soltam uma vozinha quando você as aperta), latas de feijão, chocalhos, apitos e até um triângulo de forró.
04. Kim Gordon – Main Stage
Coube a Kim Gordon encerrar o palco principal no último dia do Treefort e a musa do Sonic Youth entregou tudo!! Com um showzaço dividido em duas partes e uma banda afiadíssima formada por 03 mulheres, a dona do pedaço estava à vontade, até mesmo quando errou a letra de uma das músicas e parou no meio da execução para rir de si mesma e pedir desculpas ao público, começando de novo e entregando tudo mais uma vez. Que show! Digno da maior inspiração dela, a rainha punk Patti Smith. Destaque vai para a dupla baixo/bateria, porque as meninas realmente detonaram. A guitarrista era boa também, mas gostei ainda mais quando Kim pegou a guitarra e arranhou acordes nervosos fazendo um dueto distorcido que muito me agradou.
05. W.I.T.C.H. – Main Stage
Vindos de Zâmbia, na África, a dupla original W.I.T.C.H. estava acompanhada de músicos de diversas procedências e entregou um show poderoso e cheio de amor, com letras profundas e reflexões super atuais sobre nossa natureza humana. Passado, Presente e Futuro foram revelados com bastante leveza no set de cerca de 50 minutos que eles executaram com primor, fazendo o público que lotava o Main Stage naquela tarde ir ao delírio. Esse show vi ao lado do Eric Gilbert, que estava na platéia, curtindo o momento mágico que a clássica banda de Zâmbia proporcionou. Foi lindo e é impossível descrever em palavras o quanto a apresentação deles empolgou a platéia. Os sorrisos eram visíveis, tanto na platéia, quanto na linda face do vocalista Jagari.
06. Nation Of Language – Neurolux
Cheguei no show e já estava na metade. O motivo? Uma fila enorme de pessoas na porta do Neurolux, esperando sua chance e vez de adentrar ao espaço, que já estava completamente lotado. No palco, a banda destilava seu indiepop com extrema qualidade e provava sem esforço a cada canção a qualidade sonora de suas músicas. Foi um showzaço! Mais uma banda para ficar de olho aberto, porque eles ainda vão dar muito o que falar!!
07. Built To Spill – Main Stage
Jogar em casa e vencer, esse é o lema do Built To Spill quando toca em Boise para seu público, amigos e curiosos de plantão. No palco, o líder e vocalista/guitarrista Doug Martsch entregou o melhor de si: hits e mais hits indie. Built To Spill é a maior banda de Boise e merece estar onde está. O show deles no Main Stage foi apoteótico do começo ao fim, catártico, simples, sem frescuras, entregou tudo e mais um pouco com leveza, humildade e a tranquilidade de quem sabe que entrou em campo com a vitória garantida. Doug é um artista completo e como ser humano é melhor ainda, atencioso e muito simples, ele sentou em nossa mesa no Neurolux na segunda-feira, depois do Festival e pudemos conversar bastante, inclusive sobre os shows que ele fez no Brasil anos atrás.
08. Yoo Doo Right – Sonic Temple Red
Um show absurdamente barulhento e delicioso do começo ao fim. O público estava louco e completamente envolvido naquela fumaça de noise e distorção extrema. A música do Yoo Doo Right é poderosa ao vivo. O show é como um caminhão jamanta te atropelando enquanto desce uma ladeira sem freios, é absurdamente alto, ensurdecedor mesmo. Como eu curto noise, vibrei bastante. Já tinha realizado um show deles no SXSW num dos meus palcos lá, mas só consegui ver as duas primeiras músicas, lembro que saí triste do Meanwhile porque tinha outros shows para realizar na mesma noite, mas no Treefort consegui ver o show inteiro e fiquei convencido de que aquela banda tinha um vigor incontrolável. Obrigado Juliana por ter me mandado um email poucas horas antes para me lembrar de ir vê-los. Saí da sala meio surdo, mas valeu a pena.
09. The Shivas – Sonic Temple Blue
Para minha surpresa, talvez só minha mesmo, o The Shivas fez um dos melhores shows do Treefort. Eles são famosos em Boise e a prova disso era que a sala do Sonic Temple Red estava completamente lotada na hora da apresentação deles e olhe que é grande viu?? Jared e Kristin revezavam os vocais de forma deliciosa e o público estava entregue, dançando e cantando cada canção. Ainda bem que eu estava lá e pude ver de perto o show dos meus amigos, que foi delicioso do começo ao fim.
10. ATALHOS – Neurolux e Radioland / Radio Boise Stage
O duo brasileiro ATALHOS fez dois shows memoráveis no Treefort Music Fest. O primeiro deles foi no Neurolux, logo depois deles terem gravado a Live Session para a Paste Magazine. Quase 300 pessoas lotavam o ambiente e contou-se com a presença honrosa do Eric Gilbert na platéia, que viu o show inteiro e curtiu bastante. Muitos jornalistas também estavam lá e músicos de outras bandas.
O segundo, foi no dia seguinte, no palco RADIOLAND da Radio Boise. Um palco ao ar livre, localizado num estacionamento bem perto do Main Stage – na mesma rua inclusive – e o público presente se divertiu e curtiu bastante. Tinha uma ótima audiência que estava atenta a cada acorde apresentado pelo grupo brasileiro que estava em Boise para lançar seu novo álbum “A Tentação do Fracasso”.
11. Osees – Main Stage
Todo mundo já conhece o Thee Oh Sees né? Preciso dizer algo mais sobre eles? Duas baterias na frente do palco, tocando de forma sincronizada na maior parte das músicas e o vocalista John Dwyer famito, suando, gritando, e quase comendo seu microfone. Synths alucinantes e baixo rasgado e marcante. Oh Sees ao vivo é cartase, é garage rock de alto teor e levanta a platéia.
12. REPTALIENS – Sonic Temple Red
Entregaram um show super divertido e contagiante na deliciosa sala vermelha do Sonic Temple. O destaque vai para o meu guitar hero Julian Kowaslki, o cara arrebentou nos riffs, solos e distorções inspiradas no melhor do indie 90’s. O casal Bambi e Cole domina bem o palco, enquanto Cole cuida dos Synths e das harmonias do grupo, a vocalista/baixista Bambi destila todo seu talento. Um show que te pega do começo ao fim. Sem contar a presença de dançarinos bem malucos: um Homem Musgo que carregava laternas parecidas com aquelas que direcionam aviões nas pistas de pouso, e uma Bailarina Drag com roupa que por vezes parece uma fada psicodélica e por outras uma libélula psicodélica. O som do REPTALIENS é divertido, indiepop, psicodélico e prende a atenção do público.
13. Magdalena Bay – Egyptian Theater
O hype move montanhas! E o The Egyptian Theater estava absurdamente lotado para o show do Magdalena Bay, era impossível caminhar pelo espaço do Cinema, fosse na platéia ou no hall de entrada. Quando a banda iniciou o show o que presenciei foi comoção, sorrisos estampados em diversos rostos e muita energia da platéia. O show em si, achei bem mais ou menos, mas o Hype é o Hype meus amigos, e a banda é boa ao vivo sim.
14. Paul Cherry – Sonic Temple Red
Não conhecia o trabalho do Paul Cherry, fui pro show arrastado pela Andru (Guitarrista do Películas Geniales) e fui surpreendido por um mix de indie rock, com influências de bossa nova, música latina e jazz. Além do carisma do jovem músico de Chicago. No Final da noite, por uma deliciosa coincidência, acabamos encontrando com o Paul Cherry no The Olympic Hotel, comemorando o show com parte de sua banda e, depois de algumas cervejas e com todos completamente bêbados, finalizamos a noite com o Paul Cherry sendo nosso motorista. Por acaso, eu e ele estávamos hospedados no mesmo hotel, e Paul dirigiu o carro dos Películas até lá enquanto conversávamos sobre música brasileira, mexicana e viagens. Um fim de noite daqueles. No outro dia, quando acordei numa semi-ressaca e para minha surpresa, ele estava tocando no palquinho do Modern Hotel, bem em frente ao meu quarto. Foi delicioso porque pude rever o show e recuperar da noite passada. Não preciso dizer que acabamos virando “best friends”, né?
15. Películas Geniales – The Freakout Records Stage
De todos os shows que realizamos para o Películas Geniales nos Estados Unidos, esse foi de longe o melhor. No começo, o público ainda estava chegando timidamente e ia se surpreendendo ao ver que o vocalista usava uma máscara de cachorro na face, que o baixista era um pedaço de pizza de cogumelos e que a guitarrista era uma macaquinha de pêlo azul. Apesar de ser muito cedo, a banda subiu ao palco 1pm (uma da tarde), o lugar foi lotando aos poucos e no final da apresentação o pátio de estacionamento da cervejaria já estava praticamente cheio. Deu para sentir bem a catarse do combo mexicano, que foi destilando vários hits indiepop para o deleite da platéia.
A banda ganhou diversas cervejas, que muitas pessoas da platéia e até mesmo o dono do local onde o show estava sendo realizado iam me dando. Isso foi engraçado, porque mal conseguimos beber tudo e acabamos voltando nesse mesmo palco diversas vezes, só para usar os tickets e tomar uma cervejinha grátis para ir depois ver outro show, em outro venue qualquer pela cidade. Mais um ponto positivo para o Treefort, todos os venues são muito próximos, o que facilita demais o deslocamento entre os quase 50 palcos do evento.
16. WEEED – Radioland / Radio Boise Stage
Mais uma banda que usa dois bateristas, só que diferente do Oh Sees, aqui cada um toca de um jeito diferente. Além disso, eles tem um percussionista super cool e espiritualizado – pude depois trocar altas idéias com ele, sobre projeção astral, outros universos, planetas distantes, a filosofia Masônica e energias espirituais – e dois vocalistas que se revezam super bem, fazendo do combo de Portland uma das bandas a se ter em mente. O som é cool, meio hippie até, ensolarado e bastante espiritualizado, faz bem para a alma demais ver o show do WEEED.
17. TC Superstar – The Olympic Hotel
Divertido. Dançante. E cheios de possíveis hits juvenis. Esse é o show do TC Superstar, novíssima banda de Austin, Texas. O cantor do TC Superstar é um combo entre Alex Cameron, Mac DeMarco, Prince (sem guitarra, quem toca guitarra é uma menina muita boa, com riffs super certeiros e ótimo suíngue) e um monte de bandas novas que mesclam Synths e guitarras a la 80’s.
18. Mala Suerte – Neurolux
O show do Mala Suerte é repleto de fúria e energia rock and roll. O grupo, formado em parte por Mexicanos e figuras conhecidas da cena de Seattle, chegou no Neurolux e destilou seu combo de hardcore, punk, e garage rock de forma coesa e com bastante vigor. Os destaques vão para o casal Jasmina Hirschl (synths, voz) e Miguel Servin (bateria e voz), mas também para Ryan Granger (guitarra, voz) e principalmente Guy Keltner, fundador do Freakout Fest e frontman da banda de garage rock Acid Tongue. Cantando músicas em inglês e também em espanhol, Mala Suerte apresentou um set poderoso e cheio de fúria. Destaque para o público que ia se envolvendo a cada canção culminando num final catártico. Ao vivo eles soam melhor ainda. O show é potente e perfeito para festivais de música.
19. Isla de Caras – Basque Center
O show dos argentinos indiepop ISLA DE CARAS no Basque Center foi delicioso do começo ao fim. O público que estava espalhado pelo enorme salão do Basque Center foi se deliciando com a pegada pop da banda liderada por Lautaro Cura e o resultado foi delicioso. A banda convidou a cantora argentina Delfina Campos para fazer uma participação em alguns temas o que deu um toque bem sutil e abrilhantou ainda mais a apresentação dos argentinos. O show também contou com participação de Bernardo Schaeffer, um flautista brasileiro que eles conheceram lá mesmo no Treefort, e que improvisou alguns solos bem delicados à sonoridade do Isla de Caras. Bingo! Um dos melhores shows da festa da Trópico FM, nova rádio de Boise, que é liderada pelo amigo Kyle Schef, que também comanda o programa Beijo Brasileiro na Rádio Boise.
20. Guided By Voices – Main Stage
Durante os anos 90, e durante boa parte da minha vida, o Guided By Voices foi uma banda da qual sempre curti, principalmente os primeiros álbuns. O fato deles lançarem tantos discos foi aos poucos me afastando, pois era bem difícil acompanhar tantos lançamentos. Nunca tinha visto um show deles e confesso que estava muito empolgado em poder vê-los no Treefort pela primeira vez. Porém, tenho que confessar que assistí-los agora, tantos anos depois me fez ficar confuso. Será que eu gostava tanto assim, ou era apenas uma fase da minha vida? No palco, Robert Pollard se apresenta como um ótimo indie frontman, destila muitos hits espalhados por sua carreira, mas as diversas mudanças na formação do grupo os deixa um pouco fatigantes e até descaracterizados. Não é que o show tenha sido ruim, ou algo do tipo, foi muito bom e tinha quase todos os hits que eu ansiava ouvir, mas acho que esperava muito mais deles.
Menções Honrosas
Aqui vamos listar alguns shows que vimos e outros que perdemos, mas que foram super bem comentados durante o festival, por diversas pessoas em quem confiamos:
- Mercury Rev + Riley Walker + John Dwyer, do Osees – Egyptian Theater
- MOLDES (Peru) – The Hideout + Sonic Temple Red
- High Pulp (Seattle, US) – Sonic Temple Blue
- Tropa Mágica – Sonic Temple Blue
- The New Candys (Itália) – Sonic Temple Blue
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ATALHOS X Paste Magazine
A passagem da banda ATALHOS pelo SXSW (confiram a coluna passada onde contamos todos os detalhes sobre o SXSW) rendeu bons frutos, um deles foi gerado rapidamente, e já podemos dizer que chegou maduro no pé. Depois das 06 apresentações da banda brasileira em Austin, a cultuada revista Paste Magazine os convidou para gravar uma full session exclusiva.
Confiram o resultado abaixo:
Tudo aconteceu muito rapidamente, enquanto a banda se movia de Austin para Boise, onde daria continuidade à sua turnê no festival Treefort Music Fest (confira matéria especial nessa coluna), os trâmites de produção e logística para a gravação iam sendo acertados e combinados. A banda gravou a session – que foi destaque no site da Paste Magazine e também indicada entre as melhores Sessions de Março pelo site Hits Perdidos – em Boise no Hall do hotel The Owyhee. A apresentação da ATALHOS para a Paste Magazine contou com a participação especial da cantora argentina Delfina Campos, que divide os vocais com Gabriel Soares na música “Te Encontrei em SP”.
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NOVOS LANÇAMENTOS PARA FICAR DE OLHO
A coluna destaca os novos lançamentos musicais que merecem destaque e que são bons para ficar de olho, como os novos discos de artistas tipo High Pulp (olho nessa banda de Seattle, eles lançaram o maravilhoso “Pursuit of Ends”), Destroyer (Labyrinthitis), Lazy Eyes (Songbook) e Hate Moss (“NaN”, que chega dia 20 de Maio, via Before Sunrise Records).
HIGH PULP
Pursuits Of End (2022, ANTI-records)
“Somos um bando de forasteiros que se recusaram a ficar de fora”, diz o baterista do High Pulp, Bobby Granfelt. “Nós nunca tivemos uma abordagem acadêmica do jazz – a maioria de nós cresceu tocando em bandas DIY – então foi a crueza, a energia e a liberdade absoluta da música que nos chamou em primeiro lugar.”
Com base no bebop, punk rock, shoegaze, hip-hop e música eletrônica, a banda de jazz experimental High Pulp acaba de lançar ‘Pursuit of Ends, seu primeiro álbum completo com a ANTI-Records de Los Angeles. A frenética “All Roads Lead To Los Angeles” é a primeira música do álbum que eles compartilharam, que sugere os breakbeats de Louis Cole, pois reflete a constante enxurrada de estímulos que definem nossas vidas modernas.
A música de High Pulp é vintage e futurista ao mesmo tempo, às vezes insinuando tudo, de Miles Davis e Duke Ellington a Aphex Twin e My Bloody Valentine. As músicas de ‘Pursuit of Ends’ equilibram composição meticulosa com espontaneidade visceral, e as performances são nada menos que virtuosísticas, alimentadas por buzinas cruas e extáticas, abaixando e tecendo seu caminho em torno de linhas de baixo grossas e percussão estonteante.
Enquanto o coletivo de Seattle está centrado em uma equipe de sete membros principais, eles também fazem uso criterioso de uma ampla rede de colaboradores no álbum, disputando convidados especiais como a estrela do sax Jaleel Shaw (Roy Haynes, Mingus Big Band), a harpista Brandee Younger (Ravi Coltrane, The Roots), o trompetista indicado ao GRAMMY Theo Coker e o tecladista Jacob Mann (Rufus Wainwright, Louis Cole) para ajudar a ampliar os limites de seu universo sonoro já expansivo. O resultado é uma coleção exuberante e cinematográfica que é tão imprevisível quanto cativante, um álbum instrumental urgente e emocionante que consegue falar ao momento sem dizer uma única palavra.
A música tem sido mais do que apenas um remédio para o High Pulp nos últimos anos; também tem sido uma fonte de comunidade e significado. Nascida de uma jam session semanal e solta no histórico Royal Room de Seattle, a banda se juntou do jeito que uma boa equipe de assalto poderia fazer. Havia o tecladista Antoine Martel, um cientista louco com uma parede de sintetizadores modulares e uma paixão por trilhas sonoras de filmes e paisagens sonoras abstratas; o tecladista Rob Homan, cuja habilidade inata de processar, desconstruir e remontar material em tempo real beirava o assustador; o baixista Scott Rixon, um convertido do mundo do metal e hardcore com sensibilidade pop impecável e uma habilidade altruísta de servir a música; o saxofonista tenor Victory Ngyuen, um acólito de Pharoah Sanders com ouvido para solos urgentes e fascinantes da mais alta ordem; o saxofonista alto Andrew Morrill, cujos tons ousados e sensibilidade harmônica destemida lhe renderam a reputação de empurrar a velha escola para o século 21; e por último, mas não menos importante, Granfelt, cuja bateria inspirada no hip-hop e no bebop lançou as bases para todo o projeto.
Tour no Brasil e América do Sul
A banda High Pulp está pronta para descer para o Brasil e a BRAIN Productions Booking é quem vai cuidar da agenda de shows deles na América do Sul, em parceria com a Anniversary Group que cuida do agenciamento da banda. Portanto, se você tem um festival de música e ficou interessado na sonoridade única e espetacular da banda, fale com a BRAIN.
DESTROYER
Labyrinthitis (2022, Bella Union records)
Destroyer lançou LABYRINTHITIS, em 25 de março via Bella Union. Paralelamente a este anúncio, o Destroyer partilhou a primeira música e vídeo do álbum, “Tintoretto, It’s for You”.
Pela primeira vez, o próprio Bejar desempenhou um grande papel na criação do visual do vídeo (“para melhor ou para pior”, observa ele). “Eu tive a ideia de escrever algumas linhas sobre a ideia de ‘mistério’ e ‘ir a lugar nenhum’, pois são dois dos meus temas favoritos. Isso e o Ceifador e ser perseguido por alguma coisa silenciosa e inominável que constantemente espreita um pé à sua esquerda. Especialmente quando a decadência do mundo se torna cada vez menos abstrata. Também queria escrever sobre o romance de terror. A música ‘Tintoretto, It’s for You’ fala de todas essas coisas, curiosamente o vídeo também…”
O diretor de vídeo David Galloway acrescenta: “Espero que apresente algumas vibrações soltas de giallo, apesar do fato de que claramente não é um giallo. Ninguém morre, nada é explorado em detalhes e, em última análise, é uma coleção de arenques vermelhos da vizinhança. Todas as pistas que não levam a lugar nenhum. Mas esse é o mistério. Esse é o mistério dos videoclipes.”
LABYRINTHITIS é uma jornada profunda no país desconhecido de Dan Bejar. Ele transborda com um terreno místico e inebriante, os fios das notas de Béjar são tecidos por um tesouro de alusões ao mesmo tempo estranhamente familiares e intimamente desconcertantes. “Você se lembra da besta mítica?” Bejar pergunta no início de “Tintoretto, It’s for You” , lançando tochas sobre os corredores do labirinto. “Tintoretto, é para você / O teto está pegando fogo e o contrato é obrigatório.”
Mais do que um quebra-cabeça misterioso para o ouvinte, LABYRINTHITIS também percorre território desconhecido para Bejar. Escrito em grande parte em 2020 e gravado na primavera seguinte, o álbum mais frequentemente encontra Bejar e o colaborador frequente John Collins buscando os artefatos míticos enterrados em algum lugar sob a pista de dança, da espiral chamativa de “It Takes a Thief” à felicidade da colagem de livros. da faixa-título. As idéias iniciais das músicas se aventuraram na discoteca, Art of Noise e New Order, Bejar e Collins defendendo o exagero.
Bejar e Collins conduziram sua busca no auge do isolamento, Collins na remota Ilha Galiano e Bejar na vizinha Vancouver, enviando ideias de um lado para o outro quando as restrições não permitiam que eles se encontrassem. Antes da mixagem, a banda Destroyer foi trazida ao grupo para promover a sincronicidade despreparada e a descoberta mútua.
Liricamente, LABYRINTHITIS abraça um maximalismo widescreen, blocos de texto pontilhados de subversões e hedges. Construindo a partir dos koans de Have We Met, Bejar continua a esculpir suas palavras com precisão, brincando com expectativas e símbolos sérios, enquanto a produção de Collins reconstrói as peças em um todo unificado.
Em apoio ao LABYRINTHITIS, a banda Destroyer sai em uma turnê pela América do Norte nesta primavera. Bejar lançou recentemente um documentário da turnê anterior de “Have We Met” de 2020.
LAZY EYES
SongBook (2022, independente)
SongBook, o álbum de estreia do quarteto de Sydney The Lazy Eyes, é um mundo em si. É toda jornada e todo destino, uma maravilha decididamente moderna do psych-rock que é despretensiosa na construção, mas preciosa onde conta.
Harvey Geraghty, Itay Shachar e Noah Martin se conheceram em seus primeiros anos na Newtown High School of the Performing Arts de Sydney. Eles se tornaram amigos rapidamente e começaram a tocar em Sydney, sua banda florescente unida por longas horas carregando seus instrumentos pela cidade. No final de 2015, The Lazy Eyes decidiu formalizar a banda como uma unidade, uma decisão que coincidiu perfeitamente com o encontro de Leon Karagic, que forneceu o baixo muito necessário ao seu conjunto.
Na parte de trás de seus dois primeiros EPs, lançados em 2020 e 2021, The Lazy Eyes esgotou vários shows ao longo da costa leste da Austrália, incluindo seu próprio festival de música, Lazyfest; recebeu elogios de veículos como KCRW, FBi Radio, triple j Unearthed, BBC 6 Music e Radio 1 e NME. Sua reputação continua a crescer apesar do fato de que os passeios no SXSW e no The Great Escape foram cancelados devido à pandemia.
SongBook é a evidência de um edifício sendo formado lentamente, um primeiro passo trêmulo da banda para o mundo mais amplo. A dinâmica “Fuzz Jam”, o último gosto do SongBook, vê a banda no auge de seus poderes, habilmente deslizando de um modo para outro em segundos. Combinando a sensação picante do psych clássico dos anos 60 com a sagacidade afiada da Geração Z, é magnânimo e efusivo, uma visão vívida do mundo de quatro dos músicos mais talentosos da Austrália. Quando estiver no mundo de The Lazy Eyes, talvez você não queira sair tão cedo.
HATE MOSS
NaN (2022, Before Sunrise records)
A banda ítalo-brasileira HATE MOSS prepara o lançamento de um novo single para essa sexta dia 22 de Abril, via Before Sunrise Records. A música é um featuring que conta com a participação da cantora argentina Carolina Zac.
“Stupid Song” é o single que está encarregado do encerramento do álbum.
O tema é o suicídio e na música, que é quase uma paródia de si mesma, os sons alegres e dançantes do dance e do techno, se sobrepõem às palavras do texto que buscam uma fuga do desconforto, criando um contraste grotesco.
Nesta música as vozes se tornam três, Hate Moss decidiu colaborar com a artista argentina Carolina Zac. Depois de confirmar a colaboração com a gravadora argentina Rock City, a banda conheceu Carolina, também artista da Rock City, com quem nasceu a ideia desta colaboração.
A voz doce de Carolina junta-se às vozes de Tina e Ian, para depois serem todas “afinadas” em várias frequências, criando dissonâncias que ajudam a realçar aquele contraste de alegre desespero transmitido pela peça.
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Descobertas do Groover
Cartwheel Over Moon (Índia)
Nós realmente gostamos dessa música, e ficamos super empolgados para saber mais sobre o projeto. Adoramos essa vibe Post-Rock misturada com ritmos indianos. O fato da banda ser originária da Índia também é incrível, adoramos conhecer bandas de países que não estão no centro da indústria da música, isso é revigorante e necessário para o mercado musica Global.
Friznost (Estados Unidos)
Ótima faixa do Friznost… usando samplers de seus filhos misturados com uma voz legal e arranjos de baixo ruído, vamos escrever e indicar essa música em nosso próximo artigo de música… também gostamos do vídeo, super simples e super bom.
Wine Pride (Estados Unidos)
O trabalho do WINE PRIDE é calcado num shoegaze sonhador e distante, beijado por reverberação. Uma reminiscência do Pós-Punk/New Wave dos anos 80 e do Dream Pop moderno.
Sempre fico super feliz quando encontro alguma música que combine com meu gosto musical real, e me surpreenda da melhor maneira. Esse é o caso de “Sleep”, single do WINE PRIDE.
Continuem enviando suas músicas para a BRAIN Productions Booking via GROOVER, assim podemos resenhar e publicar as melhores aqui na nossa coluna musical. Ficamos sempre felizes quando recebemos material inédito dos artistas, tanto do Brasil, como de outras partes do mundo!
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Owerá lança música com produção de Kelvin Mbarete (Brô MC’s): Resistir Pra Existir
Faixa é uma parceria com projeto de pesquisa da Universidade de Manchester (Inglaterra), Culturas do Anti Racismo na América Latina
Resistir Pra Existir é uma canção de Owerá, artista indígena que vive na Aldeia Krukutu, no extremo sul da cidade de São Paulo. Realizada em parceria com o projeto Culturas do Anti Racismo na América Latina, da Universidade de Manchester (Inglaterra), a faixa tem produção de Kelvin Mbarete (integrante do grupo de RAP indígena, Brô MC’s) e letra de Owerá. Assista ao clipe aqui e ouça nas plataformas aqui.
Cantando em português e guarani, Owerá percebe que, ao dar luz para a sua língua mãe, fortalece a representatividade do seu povo. E deseja que cada etnia valorize e mantenha viva a sua cultura: “quando canto, falo sobre a minha vida, como fui criado. Dedico essa música para todos os povos indígenas, pois estamos todos resistindo. Mantenham a sua cultura. O nosso pensamento, é que para manter a natureza viva, tem que deixar ela em paz. Não mexer nela”.
Além disso, ele comenta sobre a mensagem direta do título: “Nessa música eu falo sobre a resistência mesmo, em estar lutando mesmo sofrendo genocídio, vendo toda a História seguir adiante. O que eu falo também é muito sobre a política territorial. Começo a cantar falando sobre a chegada dos brancos aqui, em 1500, quando aconteceu o massacre. Muitos dos nossos povos foram exterminados. Mas eu digo que eles se mantêm vivos. Somos nós, os mais jovens, que estamos aí, em vários lugares do Brasil, carregando no sangue a mesma luta”.
Owerá x Kelvin Mbarete
Quem assina o beat e produção da música é Kelvin Mbarete, integrante do Brô MC’s, grupo de RAP indígena, das aldeias de Jaguapirú e Bororó, de Dourados (MS). A parceria entre os dois se repete depois do feat Resistência Nativa que lançaram com o Oz Guarani, no ano passado. “Esse é o primeiro lançamento que faço com um produtor indígena. Gostei muito, estou muito feliz com isso. E espero que tenham mais artistas assim, em todas as frentes de trabalho, para fortalecer o movimento. O trabalho com o Kelvin foi muito rápido, saiu naturalmente, nem percebemos o tempo que passou. Fui conduzindo, falando qual o estilo que eu queria, qual a pegada. Daí ele me mandou o beat e eu fiz a letra”.
“Pra fazer essa criação do beat, pesquisei bastante o estilo que o Owerá curte e me baseei nisso. Uma pegada gangster, mas com a estética indígena. Foi o que eu fiz, ficou daora”
Novo álbum
Owerá prepara o lançamento do seu segundo álbum, Mbaraeté, ainda para este ano. O disco, que é uma parceria com a Natura Musical, terá o primeiro single divulgado neste primeiro semestre, previsto para Junho. No novo trabalho, o artista indígena vai contar com as participações de Djuena Tikuna, Célia Xakriabá, Brô MC’s, OzGuarani e Ibã Huni Kuin.
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PLAYLIST : Brain ? Best Discovers!!
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