
Há 55 anos, Paul McCartney anunciava o fim dos Beatles
Revelação veio em comunicado à imprensa que promovia o recém-lançado álbum solo do músico
“Não há planos para fazer mais música ou apresentações com os Beatles.” A declaração estava enfiada no meio do comunicado à imprensa que promovia o álbum McCartney, que veio a público há exatos 55 anos, no dia 10 de abril de 1970. A notícia de que Paul McCartney estava deixando os Beatles, divulgada indiretamente, pegou os jornalistas de surpresas. E sua banda também. Apesar de já estarem de saco inflado um do outro, George Harrison, John Lennon e Ringo Starr queriam um grand finale, uma despedida (nem que fosse em uma entrevista coletiva) digna do tamanho e da importância da maior banda de todos os tempos.
John já havia avisado que queria deixar os Beatles meses antes, mas o grupo pediu para ele manter seus planos em segredo, até que algo fosse organizado para enterrar definitivamente a banda. Quando soube do anúncio de Paul, ficou possesso. Em dezembro do mesmo ano, Paul entrou com um processo judicial pedindo a dissolução legal dos Beatles.
O grupo que moldou a música pop se estranhava há anos, desde que o superempresário da banda, Brian Epstein, que fazia a função de negociador, apaziguador, diretor artístico, produtor e pai dos quatro desde que eram jovens, faleceu surpreendentemente.
“Quando Brian morreu, ficamos sem um líder. Ninguém queria assumir o papel, e tudo começou a desmoronar”, contou Paul em seu livro de memórias. “Éramos quatro chefes sem um barco.”
O grupo, então, teve de encarar “a vida real”, ou seja, pagar boletos. Fundaram uma empresa que deu toda errada, perderam grana e divergiram sobre quem seria o novo empresário da banda, motivo principal das desavenças entre os quatro. Paul McCartney insistia em contratar seu sogro, Lee Eastman, como novo empresário dos Beatles. Os demais optaram por Allan Klein, a quem o baixista se referia como “o inimigo”.
A partir de 1968, o grupo respirava por aparelhos. Todo mundo já previa a separação dos quatro cavaleiros, que compunham músicas solitariamente. Acabar com os Beatles era uma questão de tempo, mas como fazê-lo ainda não havia sido decidido. Mas Paul McCartney não aguentou esperar mais:
“Se eu não tivesse anunciado, os Beatles teriam continuado só no nome, enquanto cada um fazia seu próprio disco. Foi um divórcio necessário. Depois de dez anos sendo um Beatle, eu precisava respirar. Queria fazer minhas coisas sem ter que discutir tudo com mais três pessoas”.
Em apenas dez anos, o grupo lançou 12 álbuns de estúdio, seminais para a história da música. No mesmo ano em que se separaram, John Lennon lançou sua Plastic Ono Band e George Harrison veio com All Things Must Pass, um álbum triplo, provando que McCartney estava certo: mesmo antes do fim, todos estavam com a cabeça em outro lugar.