Davis Genuino, criador da festa ODD

Pandemia, física quântica, parceria com Dixon. Confira pensamentos de Davis, o pai da festa ODD, em bate-papo exclusivo.

Claudia Assef
Por Claudia Assef

TEXTO GABRIELA LOSCHI

FOTOS DIVULGAÇÃO

A pandemia foi um período de grandes reflexões para o nosso mercado, e cada artista viveu uma experiência muito íntima e particular de acordo com suas pesquisas e vivências. Com Davis, as reflexões foram profundas, e, após quase dois anos de reclusão, o artista renasce com tours poderosas para nos entregar produções intimistas e também voltadas para as pistas.

Essas novas formas de ver o mundo estarão presentes neste sábado, 19 de fevereiro, na ODD+ Caos, festa que acontece a partir das 18h na Fábrica da fOrDD, um prédio desativado no Bom Retiro, centro de São Paulo, que recebe o clube campineiro Caos na capital paulista, se juntando mais uma vez à icônica festa paulistana ODD, que tem dentre suas principais cabeças Davis.

Davis tem um longo histórico com o astro alemão Dixon, principal atração da festa que também recebe um time de respeito de artistas brasucas: Eli Iwasa, Érica, Malka, Sphynx (Vermelho e Zopelar), Nikkatze, Kenya20Hz, Tjor, Martinelli, Amanda Mussi, Lemarc e o próprio Davis, que fez recentemente uma tour com o holandês Job Jobse e abre a turnê do Dixon no Warung nesta sexta (18) e sábado (19) na ODD+Caos (ingressos aqui).

O DJ e produtor alemão Dixon, tocando uma ODD antes da pandemia. Foto: Divulgação ODD

Esta não é a primeira vez que os dois artistas se encontram para uma tour em solo nacional, mas sua parceria também se estende a um lançamento de Davis pela INNERVISIONS, além de duas noites no clube Robert Johnson, em Frankfurt, revezando nos decks com Dixon e Kristian Beyer, do Âme. “Foi classe”, resumiu o DJ. Não é pra qualquer um!

Bora aquecer o esqueleto pra festa deste sábado? Davis conversou com a gente em meio às tours e tantos acontecimentos, para compartilhar seu momento de carreira e suas novas visões, confira:

Music Non Stop – Como a pandemia influenciou o seu processo criativo? Foi um período de revoluções internas?

Davis – Sem dúvidas a pandemia trouxe muitas mudanças, em diversos aspectos. Eu passei por uma fase de profundo aprendizado e diante de momentos obscuros eu pude me conhecer mais uma vez. Quando comecei a me dedicar aos estudos de física quântica, neurociência e meditação, eu encontrei um caminho de maior plenitude interna, segurança e fé em seu sentido mais amplo… e isso refletiu no meu processo criativo, que está muito mais consistente e que reflete muito mais a minha verdade, minha visão de mundo. Tenho pesquisado muito, me dedicado com mais presença e experimentando um novo processo de produção musical.

Music Non Stop – Retomar as atividades nas pistas sendo convidado logo de cara a abrir a tour brasileira de dois grandes artistas internacionais: Job Jobse e Dixon, pela terceira vez, traz qual significado para sua carreira em 2022?

Davis – Para mim é uma afirmação e a certeza de querer continuar a percorrer o caminho que comecei a trilhar há 20 anos. Esse reconhecimento e conexão com artistas que admiro se estende não só em território nacional, mas também fora do Brasil. Eu me sinto bastante realizado em ter meu trabalho reconhecido em tantos países.

Davis · Davis @ ODD // Mar 2020

Music Non Stop – O que o Davis de 2022 diria para o Davis de 2013, quando, há 9 anos, você realizou a primeira tour junto ao Dixon no Brasil, tocando no Warung e no Rio?

Davis – Sinto muito orgulho de tudo que você fez e dos frutos que vêm sendo colhidos tantos anos depois. Keep going.

Music Non Stop – Qual história legal que aconteceu durante essas tours você ainda não compartilhou com o público?

Davis – Em uma das vezes que tocamos juntos, eu encontrei o Steffen no hotel e começamos a colocar o papo em dia. No meio da conversa ele me disse que tinha um convite para me fazer, e então me convidou para participar da tour da Innervisions durante a Copa do Mundo e a produzir os dois eventos, um em São Paulo (Innervisions) e outro no Rio de Janeiro (Lost in A Moment). E ainda fomos convidados para assistir aos jogos das semifinais (em São Paulo e Belo Horizonte) e da final no Rio de Janeiro. Foram momentos muito divertidos e que nos aproximaram. É inesquecível a cena do Steffen e o Kristian chorando no estádio com a vitória da Alemanha, rs.

Liad Krispin (de amarelo), gerente de brand da Adidas global, entre os DJs alemães Dixon, Henrik Schwarz, Kristian Beyer e Frank Wiedemann (da dupla Âme) e o brasileiro Davis na final da Copa do Brasil. Acervo Davis.

Music Non Stop – ODD e Caos: essa parceria está rendendo ótimos frutos para a cena underground brasileira. Podemos esperar um aprofundamento cada vez maior entre os dois núcleos?

Davis – Sim. Acredito que nesse momento é muito importante unir forças para propagar o alcance da música eletrônica, poder oferecer mais palcos de qualidade para os artistas e maior diversidade nos lineu-ps. Estamos muito confiantes e felizes com as nossas colaborações – que além do CAOS também inclui a parceria com a KODE no Rio de Janeiro. Admiramos muito o trabalho da Eli (CAOS) e da Ananda (KODE), temos muita sinergia com ambos núcleos.

DJ Eli Iwasa

A DJ ELi Iwasa, do Caos, clube que desembarca em São Paulo para a festa deste sábado. Foto: Divulgação.

 

Music Non Stop – O que o público brasileiro pode esperar do Davis este ano?   

Davis – Sair correndo das gigs para cuidar da minha filha que está chegando rs, rs…. Eu pretendo trabalhar bastante no estúdio este ano e fazer algumas tours no exterior. Quero continuar trabalhando para que a ODD seja uma experiência cada vez mais marcante na vida das pessoas que frequentam, que trabalham e que se apresentam na festa.

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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