Mank Gary Oldman em Mank – foto: reprodução filme

Oscar 2021. A jornada de Gary Oldman, astro de Mank, da Netflix e forte candidato ao prêmio

Jota Wagner
Por Jota Wagner

O ator que apareceu para o mundo interpretando Sid Vicious nos anos 80, beliscou o Oscar algumas vezes e é um dos mais cultuados de Hollywood

O ator inglês Gary Oldman, de 63 anos,  enfrenta o ano de 2021 em uma condição que todo ser humano gostaria de estar: a certeza de que passa pela melhor fase de sua vida.

O ator que apareceu para o mundo interpretando o anti-herói Sid Vicious, baixista da icônica banda punk Sex Pistols morto precocemente em um dos quartos do Chelsea Hotel, em Nova Iorque, aguarda ansiosamente pela cerimônia do Oscar 2021. Oldman pode ganhar sua segunda estatueta: em 2018 levou o prêmio de melhor ator graças à atuação (e uma maquiagem impecável) em O Destino de uma Nação, onde mais uma vez interpretava um personagem histórico, Winston Churchill. Em seu currículo flutua outra indicação a melhor ator, pelo filme O Espião que Sabia Demais, de 2012.

Mank, filme de David Fincher, pincela as nuances da convivência com o alcoolismo de Herman J. Mankiewicz em um quadro cuja paisagem é a disputa contra Orson Welles pelos créditos no roteiro do filme Cidadão Kane, lançado em 1942 e indicado a nada menos do que nove Oscars.

O filme produzido pela Netflix reúne elementos que costumam encantar a academia. Filmado em preto e branco, editado com os clássicos cortes da era de ouro do cinema (claramente influenciado por Cidadão Kane) e trilha sonora densa e primorosa, também indicada à estatueta.

Além da indicação de melhor ator pela interpretação do protagonista Herman, Oldman também disputa com toda a equipe o prêmio por melhor filme. Adicione-se tempero a esta indicação. O ator compartilha do personagem que reviveu na história do cinema a luta contra o vício em álcool , que lhe custou alguns hiatos na carreira e divórcios indigestos, mas que nunca o privou da aura de maldito favorito, presente em diversos de seus personagens.

A “verdade” de Gary Oldman, além de estar nas intepretações de Sid Vicious e Mank, também estava presente em diversos outras personagens a quem deu vida, como Dracula de Bram Stoker, o assassino Lee Harvey Oswald em JFK e o Comissário Gordon de Batman – O Cavaleiro das Trevas, todos filmes também indicados ao prêmio mais famoso do cinema.

Entretanto, sabemos, o cinema não se resume (e nem passa perto disso) ao Oscar. Some à lista acima dezenas de outras obras que variam em obscuridade e profundidade, mas que jamais ficam totalmente acessíveis pois há uma barreira intransponível de mistério sob os olhos simpáticos de Oldman. Seja endossando um filme como Harry Potter e o Cálice de Fogo, seja interpretando um padre putão em um videoclipe de David Bowie,(The Next Day) há sempre algo na personagem que permanecerá não dito.

No caso das figuras históricas que interpreta, portanto, esta sombra não revelada presta-se bem ao serviço de  arrepio de pelos da nuca.

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.