Foto: DivulgaçãoOs Paralamas do Sucesso: 10 clássicos essenciais da turnê de 40 anos
Uma das bandas mais importantes do rock nacional vem comemorando quatro décadas de estrada com shows por todo o Brasil
Os Paralamas (do Sucesso, muito sucesso) estão em festa, celebrando 40 anos de estrada em shows por todo o país, através da turnê Paralamas Clássicos 40 Anos. Bem, em dados chatísticos, são 43 anos de vida, já que o grupo foi formado em 1982. Mas a pandemia permitiu certa elasticidade nos aniversários e está tudo bem.

O que vale é que uma das mais importantes, e brasileiras, bandas do rock nacional merece todo o respeito da longevidade. Na turnê dos quarentões, o grupo decidiu desfilar seus maiores clássicos em um show só de hits. E são muitos. Nas apresentações que já rolaram (em cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e São Paulo, com show para 50 mil pessoas no Allianz Parque em maio), Herbert Vianna, João Barone e Bi Ribeiro tocaram 36 músicas, retiradas dos 13 álbuns de estúdio que os Paralamas já lançaram.
Nesta sexta-feira, se apresentam novamente em São Paulo, no Espaço Unimed. Ainda neste ano, a turnê passa por cidades como Piracicaba/SP, Brasília, Salvador e Rio de Janeiro. A celebração é complementada pelo livro 1,2,3,4! Contando o Tempo com Os Paralamas do Sucesso, com memórias do próprio baterista, Barone, lançado em julho de 2024.
É possível escolher os dez maiores sucessos da banda dentre as canções que estão no setlist? Bem, é difícil, mas a gente tenta. E ainda conta um pouco da história de cada um. Para facilitar a vida da redação, não consideramos os covers e as versões! Confira abaixo dez clássicos essenciais!

Vital e Sua Moto
Vital Dias foi o primeiro baterista dos Paralamas do Sucesso. Quando a agenda de shows começou a apertar, ficou difícil pro rapaz. Acabou faltando a um show na Universidade Rural do Rio. De última hora, chamaram João Barone para substituí-lo, e Vital ficou sem emprego. Mas ganhou uma canção em sua homenagem.
Cinema Mudo
Presente no primeiro álbum da banda, O Passo do Lui, de 1984, a música apresenta o gênero que foi a grande referência e o diferencial dos Paralamas, o ska. Fãs de grupos como The Specials, Police e UB40, Herbert Vianna misturou com New Wave para forjar seu som e sua identidade.
Bora-Bora
Gravada em 1988, já quando os Paralamas eram um sucesso nacional, Bora-Bora marca um ponto de virada na carreira do grupo, assumindo a música latina em seu som e deixando claro que estava de olho nos países vizinhos. Conseguiram, tornando-se a banda brasileira que mais tocou e vendeu discos na América do Sul, chegando a gravar em espanhol.
Uns Dias
Também do álbum Bora-Bora, Uns Dias é uma das provas do talento de Vianna para boas letras, capazes de gerar diversas interpretações. Em roteiro cinematográfico, a música conta a história de um cara que, ao viajar, “provou várias frutas”, e mesmo assim não parava de pensar em seu amor. Quando voltou “para se confessar”, tomou um bolo da amada, que chegou em casa quando “já era dia, e não estava sozinha”. Perdeu, Herbert.
Ela Disse Adeus
Aqui, temos a volta do cinema mudo, mas de forma literal. Em Ela Disse Adeus, feita como uma crônica ao rompimento sentimental do irmão de Herbert, Helder Vianna, o grupo apostou em um videoclipe homenageando o cinema do início do século XX. A protagonista é ninguém menos do que a campeã Fernanda Torres. O clipe foi considerado um dos melhores de todos os tempos na música pop brasileira.
Lanterna dos Afogados
Cinema não é a única referência dos Paralamas. Um dos mais gigantescos hits radiofônicos da sua história foi inspirado em um livro de Jorge Amado, Jubiabá, lançado em 1935. Na obra, há um bar no porto do Cais de Salvador chamado “Lanterna dos Afogados”. Esse bar era um ponto de encontro de marinheiros, estivadores, pescadores e pessoas marginalizadas. É lá que, na música, Vianna espera por sua amada.
Melô do Marinheiro
Sim, o Brasil também tem sua própria Yellow Submarine. Leve e bem humorada, Melô do Marinheiro conta a história de um cara que, querendo conhecer o mundo, acaba se infiltrando clandestinamente em um navio cargueiro. Descoberto, vira um empregado da tripulação, “descascando batata no porão”.
Alagados
Maior hit do álbum Selvagem, Alagados faz parte do grupo de canções extremamente politizadas da banda, com uma letra sensacional: “A cidade com os braços abertos num cartão postal e os punhos fechados na vida real”.
A canção também traz um dos melhores riffs de guitarra da história da música brasileira, e gerou até mesmo uma minitreta com o grupo de rock estadunidense Living Colour. Fãs brasileiros acusaram a banda de Corey Glover a chupar o riff em Solace Of You. A Folha de São Paulo chegou a mostrar a música para Glover, que admitiu a semelhança, mas avisou que sua inspiração era do gênero musical africano juju. A partir de então, ninguém mais deu pano para o assunto.
Uma brasileira
A música marca uma das fases mais difíceis na carreira do grupo. Uma Brasileira é uma homenagem de Herbert Vianna à sua amada, a jornalista britânica Lucy Needham. A música foi composta em 1994, em colaboração com Carlinhos Brown. Sete anos mais tarde, Needham morreria em um acidente de ultraleve pilotado por Vianna, que acabou ficando paraplégico.
Óculos
Presente no álbum de estreia e contando as histórias que os membros viviam no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, Óculos foi um dos primeiros sucessos nacionais dos Paralamas do Sucesso — embora Vianna e Ribeiro tenham nascido em Brasília, o trio é carioca. Trata-se de uma experiência pessoal do vocalista, que precisou usar o aparato quando entrou na faculdade. Se tornou um hino da autoestima juvenil. Ou da falta dela.



