Omar Sy em Lupin Omar Sy – imagem: divulgação Netflix

Omar Sy, estrela da série Lupin, sucesso da Netflix, celebra uma década de sucesso no cinema francês e americano

Yasmine Evaristo
Por Yasmine Evaristo

Sucesso há mais de uma década, Omar Sy está em seu melhor momento ao estrelar Lupin, série exibida na Netflix, baseada nos romances de Maurice Le Blanc

Nascido na França, Omar Sy é ator, dublador, roteirista e comediante. O personagem Driss, de Os Intocáveis, em 2011, consquistou os espectador e também a crítica especializada. O filme é o mais rentável da história do país (em torno de 602% de lucro) e rendeu ao ator um prêmio Cesar, de melhor ator. 

Atualmente, o ator vem sendo novamente citado como um dos melhores de sua geração por protagonizar Lupin na série realizada pela Gaumont Television. A boa recepção do público foi tanta que a venda dos livros nos quais a série é inspirada aumentou e os clássicos estão sendo redescobertos e relidos em países de língua francesa, e no mundo. 

A carreira de Omar Sy em uma década

Omar Sy em os Intocáveis

Os Intocáveis – foto: divulgação Netflix

Após Os Intocáveis, em todos os anos entre 2011 e 2021, pudemos ver o ator em produções diversas do cinema. Nesse hiato Sy participou de mais de trinta produções, entre filmes de longa metragem, curtas, séries e dublagens de animações, filmes e games. 

No cinema mainstream hollywoodiano o ator esteve em X-Men – Dias de um Futuro Esquecido, como Bishop; Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, como Barry; e deu voz ao robô Hot-Roid em Transformers: O Último Cavaleiro

Entretanto, o ator continuou interpretanto papeis no cinema francês. Em 2016, um de seus personagens foi Rafael Padilla, um artista circense que se apresentava como palhaço no início do século XX, em circos. O personagem foi um dos primeiros artistas negros a se destacarem na era moderna. 

Omar Sy , Bishop

imagem: divulgação

Além disso podemos vê-lo no remake Uma Família de Dois, que assim como o original chileno (Não Aceitamos Devolução) narra a história de um pai solo que muda de vida com a chegada de sua filha. 

O esperto Assane Diop

Seu protagonista em Lupin é Assane Diop, um homem que vive de roubos enquanto tenta provar a inocência de Babakar, seu pai, e se vingar de Hubert Pellegrini. O personagem é perspicaz e muito inteligente. 

Ao longo da trama ele tenta provar que a prisão de seu pai está relacionada a corrupção no império de Pellegrini. Mas ao mesmo tempo ele quer reunir provas para inocentar Babakar e destruir a estutura vil que envolve o vilão da série. 

O visual do personagem é moderno. Dessa maneira, o homem de capa, chapéu, monóculo e bengala ganhou uma boina, casaco e várias versões dos tênis Air Jordan, da Nike em seu figurino. 

A medida que a história é desenvolvida em Lupin, temas como preconceitos raciais, desigualdade de classe, xenofobia e manutenção de práticas e pensamentos colonialistas são abordados. 

Omar Sy em cena de Lupin

Omar Sy em cena de Lupin

Sobre ter sucesso 

Em recente entrevista para a revista GQ, Omar falou sobre ter sucesso. Segundo o artista, ele ainda não se sente uma estrela global, pois evita esse sentimento em sua vida. Morando desde 2012 em Los Angeles, com a esposa, Hélène Sy, e os três filhos, Sy comenta que tentou não mudar sua rotina. 

Sobre a mudança, o ator comenta que saiu da França por não poder criar seus filho no país. O motivo era ter certo anonimato e proteger as crianças da exposição midiática que o sucesso trouxe. 

A relação entre o racismo sua vida e a escolha de seus personagens 

Assim como Assane, outros papéis de Omar Sy abordam o racismo. O ator conta na entrevista que não é seu foco quando aceita um projeto, mas que isso integra sua sensibilidade. Da mesma maneira ele tenta sempre seguir em frente e passar por cima de situações que o impeçam de avançar. Essa é sua maneira de lidar com as situações racistas e pessoas que tente ‘puxá-lo para trás’. 

O ator participou de manifestações contra o racismo policial após as mortes de George Floyd Breonna Taylor. Em suas redes ele convocou a população a denunciar abusos e discriminações policiais. O ator já havia se manifestado sobre o caso do francês negro de  anos, Adama Traoré, anos morto por asfixia, em 2016, dentro de uma delegacia. Assim, para ele uma morte provocada pelo uso excessivo da força deve ser punida. 

Omar Sy

Ainda sobre o racismo nos Estados Unidos, Sy conta que se sentiu mais discriminado por ser um ator francês do que por ser afrodescendente e que isso provocou muita confusão em sua mente, inicialmente. 

Entretanto ele não deixa de pensar nas relações que esses preconceitos têm com a cor de sua pele. Enquanto vivia na França Omar viveu a xenofobia e racismo por ser filho de imigrantes senegalenses e ser lido como ‘pouco francês’, mas no novo país era ‘francês demais’. Ele ressalta que entre ele e a França está a colonização e entre ele e os Estados Unidos a escravização dos povos africanos, duas histórias distintas que não podem ser comparadas, manifestando assim discriminações diferentes. 

A ausência de mulheres negras em Lupin

Uma das críticas que a série vem recebendo nos EStados Unidos é a quantidade pequena de mulheres negras no elenco. Para Omar essa questão está sendo levantada pelo fato do público estar assistindo a série com olhos americanos. Ele aponta que a série é francesa e representa o país em sua diversidade, sendo a prova disso personagens de origem árabe. Uma França constituída não apenas de brancos e negros, mas também de árabes e seus descendentes. 

Ainda assim, Sy conta que no futuro há mais para se contar e, com isso, a introdução de uma atriz negra e mais personagens. Assim, para essa primeira temporada, tudo o que foi abordado teve grande impacto na indústria cinematográfica francesa. 

Leia a entrevista completa no site da QG

Yasmine Evaristo

Artista visual, desenhista, graduanda em Letras - Tecnologias da Edição. Membro Abraccine, votante do Globo de Ouro (Golden Globe Awards). Pesquisadora de cinema, principalmente do gênero fantástico, bem como representação e representatividade de pessoas negras no cinema. Devota da santíssima trindade Tarkovski-Kubrick-Lynch.

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