O.J. Simpson Foto: Reprodução

Picape usada em fuga por O.J. Simpson vira peça de museu

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Morte do ex-jogador reascendeu a curiosidade sobre o “julgamento do século”

Na última quarta-feira (10), o ex-jogador de futebol americano envolvido em uma conturbada acusação pelo assassinato da namorada e do amigo, O.J. Simpson, faleceu aos 76 anos, três décadas após protagonizar um dos mais importantes eventos televisivos da história dos Estados Unidos.

Durante duas horas ininterruptas, Simpson fugiu de viaturas policiais pelas ruas de Los Angeles dirigindo uma picape Ford Bronco branca, se entregando somente quando chegou em sua mansão. A perseguição foi transmitida ao vivo, fazendo com que 95 milhões de estadunidenses grudassem na televisão para acompanhar o desfecho do drama da vida real, em 1994.

O caso chamou tanta atenção que as TVs americanas decidiram por transmitir, também ao vivo, todo o seu julgamento. É atribuído ao episódio a popularização do gênero chamado de reality show, que resultou em programas como o Big Brother, sucesso no Brasil há mais de 20 anos.

A morte do protagonista da febre televisiva reascendeu a curiosidade sobre a história, e a população dos Estados Unidos ganhou mais um atrativo. Visitar o carro usado na fuga, exposto no East Crime Museum, localizado dentro do parque temático dedicado à Dolly Parton, apelidado de Dollywood, no Tennessee.

A picape Bronco não é o único veículo exposto no museu do crime, dedicado a casos reais e surfando na onda pop do gênero chamado de true crime, dedicado a casos reais. O fusquinha usado pelo assassino serial Ted Bundy também está lá, além do Essex Terraplane usado pelo ladrão de bancos John Dillinger e do death car usado no filme que conta a vida do casal Bonnie & Clyde. Na lojinha do parque, é possível comprar um souvenir dos mais absurdos: um globo de neve contendo miniaturas do Ford de Simpson e o fusca de Bundy.

Um caso que chocou os Estados Unidos

O.J. Simpson, até 1994, era uma celebridade querida no país. Ex-jogador de um dos esportes mais populares dos Estados Unidos (foi considerado um dos maiores running backs da história), era presença garantida em programas de TV e chegou a atuar em dois filmes da série de comédia pastelão Corra Que A Polícia Vem Aí.

Segundo a acusação, Simpson assassinou a facadas a esposa Nicole Brown Simpson e o amigo Ronald Goldman. Localizado pela polícia, decidiu por uma tumultuada fuga, transmitida por helicópteros da TV. Seu julgamento, que durou até 2001, se transformou em um dos maiores eventos midiáticos da história dos Estados Unidos. A audiência final foi assistida por mais de cem milhões de pessoas, também ao vivo.

Graças a contaminações na cena do crime e controvérsias com o delegado responsável pela perícia, acusado pela defesa de racismo, Orenthal James Simpson foi inocentado pelo juri. Em processo civil paralelo, porém, movido pela família de Brown e Goldman, foi considerado culpado e condenado a pagar uma indenização de 33,5 milhões de dólares aos familiares das vítimas. A decisão na esfera criminal, considerada “o julgamento do século”, é discutida até hoje.

Em 2008, Simpson foi preso após se envolver em uma confusão com um vendedor de itens de relíquias do esporte, em um hotel de Las Vegas. O ex-jogador estava acompanhado de quatro pessoas, duas armadas. Muitos alegam que a sentença de prisão, exagerada para uma situação nebulosa como aquela, foi uma espécie de compensação por ter escapado da acusação dos assassinatos. Simpson deixou a cadeia em 2017, em liberdade condicional.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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