Nova Iorque Foto: Jorik Kleen [via Unsplash]

Nova Iorque quer aprovar “salário mínimo” para artistas no streaming

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Campanha criada pela UMAW se tornou resolução, que deve passar por discussões no congresso americano antes de virar lei

Uma união de artistas baseada em Nova Iorque está conseguindo avançar com uma pauta inédita em defesa dos profissionais da música: uma espécie de “salário mínimo” no mundo do streaming digital. A campanha, criada pela United Musicians and Allied Workers (UMAW), conseguiu convencer a deputada Rashida Tlaib a propor uma nova lei, chamada provisoriamente de Resolução 368, para bater de frente com as grandes plataformas de streaming como o Spotify.

“Artistas continuam sendo mal pagos, desprezados e muitas vezes explorados pelas plataformas de streaming. Enquanto convivem com cachês em queda e condições precárias de trabalho, a indústria musical registra lucros inéditos, e os CEOs das empresas de tecnologia se transformam em bilionários”, comenta a UMAW em sua página oficial.

Embora ainda não esteja claro como as plataformas de streaming poderiam garantir um ganho digno aos artistas que publicam suas músicas (as resoluções são um chamado para a discussão do assunto no congresso, antes de virar um projeto de lei), a briga vai ser dura, principalmente em um momento em que a administração pública de Donald Trump se elegeu com um discurso pró-big techs, as grandes empresas de tecnologia. Um abaixo-assinado na página da UMAW conta com mais de 17 mil assinaturas, até o fechamento desta matéria. Na resolução, a lei pede remuneração digna apenas para os artistas de Nova Iorque, a “capital mundial da música”, segundo Tlaib.

A UMAW vem lutando em defesa dos ganhos dos artistas desde quando foi criada, em 2020. Além da Resolução 368, a ONG mantém outras campanhas ativas bastante interessantes, como pagamentos melhores no festival SXSW, que considera “insultantemente baixos”, e outra contra as comissões que o festivais cobram na venda de merchandise dos artistas durante o evento. Em alguns casos, organizadores de festivais mordem incríveis 35% de uma camiseta vendida pelo artista durante seu show. Exemplos de união e luta que poderiam muito bem ser copiados aqui no Brasil.

“Estou feliz com a notícia de que minha Resolução 368 passou hoje, em apoio a uma remuneração digna para os artistas. Na capital mundial da música (NY), artistas merecem ser pagos com dignidade”, declarou publicamente a deputada.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.