Na esteira do lançamento do live action de um dos animes mais clássicos dos anos 90, relembramos a obra essencial da cantora
Não sei explicar bem o porquê, mas existe um charme muito particular no pop/rock japonês. É como se eles pegassem todas as referências dos anos 70, 80 e 90 e transformassem em algo com uma identidade bastante própria, e uma qualidade irresistível. Nesta quinta-feira, 14, o lançamento do live action de Yu Yu Hakusho na Netflix me lembrou do quanto eu curtia a trilha sonora de um dos animes mais marcantes dos anos 90 — sobretudo, a obra de Matsuko Mawatari.
Não há como falar na soundtrack de Yu Yu… sem mencionar este nome. Tanto a música de abertura quanto três dos encerramentos da clássica animação japonesa são da cantora, que hoje tem 55 anos e anunciou aposentadoria no ano passado — seu show de despedida foi no Brasil, inclusive, onde se apresentou por duas vezes.
E se é possível dizer que foi o anime que impulsionou a carreira de Mawatari, também dá pra afirmar que ele, definitivamente, não seria a mesma coisa sem a influência musical da artista.
Também conhecida como Smiley Bomb, Hohoemi no Bakudan é a música de abertura de Yu Yu Hakusho. Tem uma pegada boogie/disco/funk maravilhosa que, sem brincadeira nenhuma, me remete ao hit do Tim Maia, O Descobridor dos Sete Mares. Ao Portal 42, Matsuko, inclusive, declarou ser fã de música brasileira.
Das canções do anime, Hohoemi… divide o primeiro lugar do meu coração com a lindona Sayonara Bye Bye, que foi a segunda faixa de encerramento do desenho.
Matsuko ainda assinou a primeira e a última músicas de fechamento — respectivamente, a mais roqueira Homework ga Owaranai, e a nostalgica-oitentista Daydream Generation.
Inclusive, algum gênio da internet teve a ideia de pegar o vídeo desse quinto encerramento e trocar Daydream Generation por Me Leva, do Latino, no que foi um dos melhores memes do Twitter dos últimos anos.
O gosto pela trilha de Yu Yu Hakusho me fez conhecer mais a fundo a obra de Matsuko Mawatari, que ainda tem canções ótimas, como Kimi wa Ima Shinzou Yaburi e Monkey Bites, ambas dos anos 90. Em seus últimos anos, a cantora e compositora andou flertando com música eletrônica experimental (estilos como two-step, trip-hop e outros breaks) e jazz, conforme é possível conferir em seus singles mais recentes.
Coloquei acima os links para o Spotify porque eles trazem todas as faixas inteiras, mas pra quem preferir, deixo abaixo também um vídeo do YouTube com os vídeos de todas as intros e endings de Yu Yu Hakusho, que dispõem de versões mais curtas das canções.
O terceiro e o quarto encerramentos trazem dois sons de Hiro Takashi [Anbaransu na Kiss o Shite e Taiyō ga Mata Kagayaku Toki], cantor que faleceu em 2005, aos 41 anos.
Yu Yu Hakusho
Adaptação do mangá de Yoshihiro Togashi, Yu Yu Hakusho [o anime] foi lançado em 1992 e traz a história de Yusuke Urameshi, um jovem delinquente de 14 anos que morre atropelado ao salvar a vida de uma criança. No reino dos mortos, Yusuke ganha a chance de retornar à vida como detetive espiritual, resolvendo tretas do outro mundo que chegavam à Terra [no Japão, é claro].
Aos poucos, vai colecionando parcerias pelo caminho, como as de Kuwabara, Kurama e Hiei, e inimigos, como o lendário bombadão Toguro e Sensui. Apesar de ser um shonen, isto é, uma obra mais voltada a jovens do público masculino, Yu Yu… chamou a atenção por abordar temas polêmicos, como homossexualidade [sim, era polêmico pra um anime dos anos 90], e pesados, como tortura e violência sexual.
No Brasil, foi um dos animes de maior sucesso da gloriosa era de ouro da TV Manchete, com direito a dublagens icônicas.
O live action, que traz as aventuras de Yusuke interpretadas por atores de carne e osso, chegou hoje (14) ao Netflix, e eu não sei se terei coragem de assistir.