foto: Haxatag

Faxina 13: Jovem Palerosi apresenta com exclusividade sua mais nova obra “Mundo do Meio”, live-set com músicas performadas em tempo real. 

Tawannee Villarim
Por Tawannee Villarim

Jovem Palerosi, aka Rodrigo Santos Palerosi, 34, produtor musical, músico e DJ, apresenta com exclusividade para o Music Non Stop em nossa coluna semanal, sua mais nova obra “Mundo do Meio”. Live com músicas produzidas especialmente para o edital RespirArte da Funarte, e como esperado – diante do seu trabalho – resultou em pleno sucesso. Conheça mais sobre este artista e suas realizações. 

Para falar sobre o Jovem Palerosi recorro a alguns trechos da obra O Caso Wagner do Friedrich Nietzsche, uma das suas últimas obras em seu ano criativo (1888): sua música “torna o espírito livre”; “dá asas ao pensamento”. Essas sensações foram ditas pelo filósofo ao escutar a ópera Carmen, de Bizet. E foram esses sentimentos que afloraram em mim. Viajei? Talvez. Mas esse é o objetivo. Saca só: 

O vídeo, editado a partir de algumas imagens captadas no Salar de Uyuni, localizado na Bolívia, gerou não só a faixa “Uyuni a Las 11” do álbum Layer 53, como também um clipe para a música. 

“Essa ida à Bolívia foi uma viagem de ano novo, não tinha pretensão de virar alguma coisa, mas as imagens que têm no clipe, sample que tem na música, as ideias, tudo isso surgiu lá (…) Esse sample foi gravado lá em Potosí, que é como se fosse ‘a Ouro Preto da Bolívia’, um lugar onde os espanhóis fizeram um genocídio indígena e roubaram toda a prata, mas a cidade tem uma energia muito foda, é muito bonita. É um paradoxo muito louco. O áudio é de uma vendedora falando que o transporte pra Uyuni sairia em pouco tempo, às 11h. Eu gosto disso, de pescar uma coisa mais pessoal.”

Compreendeu a viagem? 

Paulistano, Palerosi, começou a trabalhar com música há mais de 12 anos em um programa de rádio na universidade em São Carlos-SP. Disso, nasceu um projeto de discotecagem, as primeiras circulações para tocar e pouco tempo depois também começou a colaborar com alguns músicos, bandas e produzir sozinho também, bastante influenciado pelas possibilidades que o artista descobriu nesse processo.

foto: Haxatag

  

Seus inúmeros trabalhos com bandas, instalações, performances e trilhas sonoras, Palerosi, mistura suas vivências em seu trabalho solo, desenvolvendo uma linguagem particular dentro da música eletrônica. Ele funde ritmos como breakbeat, house, techno e downtempo a elementos brasileiros,latino-americanos e orientais, criando uma sonoridade autêntica e ao mesmo tempo global, mosaico de sensações. Seu live-set é marcado por improvisos, experimentando inúmeras possibilidades entre a tecnologia e a performance musical, podendo se reinventar a cada sessão e também contar com participações especiais.

Em 2013 formou o quarteto Meneio e produziu os dois álbuns de estúdio do grupo: Meneio (2015) e Movediço (2019), além de realizar a direção musical nos shows. Em seu trabalho solo, possui três álbuns lançados: Mouseen (2014), Ziyou (2017) e Layer 53 EP (2020). E claro, sua participação em grandes festivais nacionais, como como Ressonar Festival, Balaclava Fest…. e eventos de coletivos por todo o país, como por exemplo a Voodoohop, Sonido Trópico, Blum, Ballet Fractal, Master Plano, entre outros.

foto: divulgação

Palerosi tem uma característica reveladora com suas produções musicais, é como se ele informasse sobre o sentido, a causa e o fim de toda existência. Ou seja, suas músicas não são vistas/sentidas para fugir do mundo, mas sim, sendo uma adesão a ele. Existem, certamente, músicas que conduzem à nostalgia, à melancolia, à alegria, ou até para um lugar. O Jovem Palelori faz questão de levar a gente para uma viagem, através de suas produções, mas mal sabemos que suas músicas vem de inspirações de suas viagens por este mundão afora, traduzindo suas percepções e transformando suas vivências em obras musicais. Um trabalho libertador! 

“Para as minhas músicas, eu prefiro pegar essas experiências pessoais e transformar em algo.”

Um exemplo de obra é o seu Projeto “Mundo do Meio” contemplado pelo Prêmio Funarte RespirArte, com realização da Fundação Nacional de Artes, Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo. Ela foi produzida em seu estúdio, diretamente da sua casa, onde é possível observar todo processo produtivo e de como Palerosi vem trabalhando, revisitando o que já existe, mas também interessado e instigado em construir coisas novas. Sem mais delongas, você confere, esse live set, agora… Mas antes, uma explicação sobre o trampo: 

“O repertório é composto por músicas dos meus dois últimos álbuns e dois temas inéditos, criados durante a quarentena. As composições são performadas em loops através de controladores, sintetizadores, guitarra e efeitos, sendo recriadas e manipuladas em tempo real. Ambiências visuais complementam a sinestesia da apresentação, que foi batizada de “Mundo do Meio”, uma referência ao universo onírico, inspirado em uma fala do escritor, ambientalista e educador indígena Kaká Werá sobre o fato de que a reclusão nos possibilita uma vivência mais coletiva no plano dos sonhos, em uma terra sem males, o que soa como um alento para enfrentar o atual contexto da pandemia e do distanciamento social em nossas vida.”

 

 

 

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