Vladimir Herzog Vladimir Herzog – foto: acervo Instituto Herzog

Museu virtual da Google abre exposição com fotos de Vladimir Herzog, jornalista perseguido e morto pela ditadura militar

Jota Wagner
Por Jota Wagner

“Vlado em família” é a terceira exposição virtual lançada em memória a Vladimir Herzog na plataforma Google Arts & Culture pelo Instituto Vladimir Herzog, com apoio da família Herzog e do Itaú Cultural.

Vladimir Herzog, jornalista, escritor e dramaturgo iugoslavo (e naturalizado brasileiro), foi vítima de perseguição, tortura e assassinato pela ditadura militar brasileira, que dedicou especial atenção aos membros do Partido Comunista Brasileiro, ao qual Herzog fazia parte.

Inicialmente, sua morte foi declarada como suicídio, em 1975, pelo DOI-CODI, órgão de repressão do governo militar, mas pouco tempo depois (1978), uma investigação responsabilizou o governo brasileiro pelo assassinato.

 

 

Por questões incontestáveis de preservação da memória do obscurantismo ao qual o país mergulhou naquele período, o nome de Vladimir Herzog é sempre conectado à triste tragédia de sua morte. O Instituto Herzog, no entanto, se propõe a perpetuar a importância de sua obra em vida. A exposição, que você pode conferir no museu virtual da

(Arts & Culture), é uma bela homenagem à memória do jornalista, escritor e dramaturgo.

A mostra traz um olhar do jornalista e cineasta para a intimidade, a partir do Acervo Vladimir Herzog, que possui mais de 2000 negativos, slides e fotografias de sua autoria. “Era inegável o prazer de Vlado por perenizar rostos e poses de esposa e filhos, mas não podemos deixar de notar igualmente que sua prática fotográfica não tem nada de ordinário”, segundo os curadores, Carolina Vilaverde e Luis Ludmer.

Assim como “Vlado em família”, já estão disponíveis para visitação virtual na mesma plataforma “A Vida de Vladimir Herzog” e “Viagem a Canudos”. Ao expor a sensibilidade de Vlado, além de sua luta por democracia e liberdade de expressão, o Instituto Vladimir Herzog pretende humanizar e manter vivo o legado de sua produção artística.

“É fundamental poder difundir a vida de Vlado, sua participação no espaço público brasileiro, seus interesses, ideias e projetos”, afirma Gabrielle Abreu, historiadora e coordenadora da área de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog. “Sobretudo nesse momento de reconstrução da sociedade brasileira, acreditamos na importância de resgatar esses anseios e trajetórias”, completa.

EXPOSIÇÃO “VLADO EM FAMÍLIA”

O olhar de Vladimir Herzog sobre a intimidade

A maior parte dos itens que compõem o Acervo Vladimir Herzog são fotografias, dentre elas a quase totalidade foram tiradas por ele: retratos de família, passeios, viagens e ambiente doméstico. Clarice Herzog afirma que “Vlado era o fotógrafo oficial da família”. Era inegável seu prazer de perenizar rostos e poses de esposa e filhos, mas não podemos deixar de notar igualmente que sua prática fotográfica não tem nada de ordinário. Há nela não só uma cuidadosa atenção ao detalhe, mas também uma busca frequente de ângulos e enquadramentos invulgares, além de uma constante atração por aquilo que é belo.

 

Pesquisa e curadoria – Carolina Vilaverde e Luis Ludmer

Montagem – Carolina Vilaverde

Textos – Luis Ludmer

Digitalização das obras – Acervo Vladimir Herzog

Traduções – Nayara Garófalo (PT/EN) e Naiara Farias (PT/ES)

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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