Philippe e Afonso. Foto: Adriano Pasqua

Muito além da Plebe Rude! Saiba onde estão outras bandas brasileiras dos anos 80

Amanda Sousa
Por Amanda Sousa

Nesta sexta-feira (27) a Plebe Rude, banda de rock criada nos anos 80 em Brasília, divulgou o videoclipe da faixa P da Vida, com a participação de Afonso Nigro. É isso mesmo!  A música, lançada originalmente em 1987 pela boy band Dominó, é uma versão do compositor Edgard Poças para Tutta La Vita do italiano Lucio Dalla.

A parceria inusitada entre a banda dos anos 80 e o ex-Dominó se deu, de acordo com o grupo, por uma piada recorrente sobre a semelhança física entre Philippe Seabra e Afonso. “A similaridade naquela época era gritante. Um era confundido com o outro na rua por pessoas pedindo autógrafos”, conta o baixista André X, que vê a parceria como divertida e bem humorada. P da Vida é um EP digital de duas faixas, com lado A e lado B, assim como nos antigos vinis. Este é o primeiro lançamento da banda após o álbum Evolução, Vol.1, e foi produzido por Seabra no QG da Plebe Rude, o estúdio Daybreak em Brasília, assista

Assim como Afonso Nigro e Philippe Seabra, muitas outras bandas brasileiras dos anos 80 seguem atuantes, algumas com o mesmo pique até, como é o caso da incansável Capital Inicial e seu vocalista Dinho Ouro Preto, eterno galã da Capricho, que antes da pandemia fazia turnês de norte e sul do país. Caso também dos Titãs e Jota Quest (que foi formado um pouquinho depois, em 1993, mas continua na maior animação).

Mas permanecer em line-ups de festivais e fazendo shows em festas corporativas ganhando altos cachês não é tarefa das mais fáceis para uma banda com tanta estrada no Brasil. Muitas tiveram que arrumar trabalhos paralelos, mas volta e meia engatam um revival. Listamos algumas que mais marcaram época na década dos melhores cortes de cabelo.

Outros ícones dos anos 80 (Pop Rock)

Editados semanalmente, fique atento!

 

Rádio Táxi

O Rádio Táxi estourou no Brasil nos anos 80 com hits como Eva e Garota Dourada, músicas que tocaram até não poder mais, de programa de auditório a novelas. A banda foi criada no início da década de 1980, em São Paulo, formada por ex-integrantes do Tutti Frutti, banda de apoio da cantora Rita Lee e dos Secos & Molhados. Seus integrantes da formação original são músicos de alto conhecimento e destreza musical: Wander Taffo (que nos deixou em 2008), Lee Marcucci, Gel Fernandes e Willie de Oliveira, substituído por Mauricio Gasperini em 1983. Em 2019, o grupo se juntou com o Placa Luminosa para fazer uma turnê nostálgica pelo Brasil.

Eva – Rádio Taxi

ZERØ

A banda Zero (estilizado ZERØ) era a cara da São Paulo “gótica” dos anos 80, com seu frontman galã usando sobretudo mesmo debaixo de 40 graus. Fez sucesso com hits como Agora Eu Sei encaixando como luva no movimento New Romantic, de bandas gringas como Duran Duran. Seus ex-integrantes Fabio Golfetti e Cláudio Souza formaram outra banda cult de São Paulo dos anos 80, Violeta de Outono. A banda lançou música durante a pandemia. Quando Esse Mal Passar foi composta durante o confinamento e gravada por meio de troca de arquivos de áudio telefônicos.

Ira!

Uma das bandas adoradas pela galerinha descolada dos anos 80, autodeclarada integrante do movimento mod, o Ira! tinha grande diferencial a guitarra potente de Edgard Scandurra e o front man fanfarrão Nasi. Formada em 1981, em São Paulo, a banda anunciou seu término em 2007, mas em 2014 retornou aos palcos. Tem no CV hits como Tolices, Envelheço na Cidade e Flores em Você.

Metrô

Liderada por Virginie Bortaud, a banda Metrô surgiu dentro do colégio Liceu Pasteur e contava com cinco amigos franco brasileiros. Surgiu como uma banda de rock progressivo chamada A Gota Suspensa, mas foi quando assumiu o new wave pop e seu nome é que deslanchou para habitar a sempre o imaginário da geração que viveu os anos 80. Quem não cantou junto “no balanço das ondas tudo pode mudar”?
Em 2019 o Metrô relançou seu disco clássico Olhar e fez diversas apresentações para divulgar o álbum. Virginie também fez algumas participações especiais com os outros artistas.

Biquini Cavadão

Milhares de adolescentes um dia perceberam que não estavam sozinhos quando as músicas Timidez e Tédio, do disco Cidade em Torrente chegou às rádios em 1986. “Sei que tento me vencer e acabar com a mudez. Quando eu chego perto, tudo esqueço. E não tenho vez .Me consolo, foi errado o momento, talvez, mas na verdade, nada esconde essa minha timidez”. Cirúrgico. O Biquini Cavadão entrou e saiu dos destaques das revistas de música diversas vezes desde então, mas jamais parou de lançar. Seu último álbum saiu em 2020, ao vivo com três músicas inéditas.

Mercenárias

A cultuada banda de post punk Mercenárias sempre foi uma unanimidade no meio alternativo brasileiro. A banda formada por Sandra Coutinho, Rosália, Ana Machado e Lou (substituindo o fundador Edgard Scandurra) virão São Paulo de ponta cabeça com os hits cabeçudos Polícia e Inimigo.
Compreendendo o tamanho da sua importância histórica – quatro minas que formaram a melhor banda de post punk brasileira – Sandra decidiu voltar a fazer alguns shows em locais importantes como a Virada Cultural em São Paulo e o circuito SESC. Em 2015, a primeira demo tape da banda foi relançada em vinil.

João Penca e seus Miquinhos Amestrados

A banda surgiu no começo dos anos 80 acompanhando Eduardo Dussek. O pop do João Penca, carioca até o talo, frequentava temas de novela com seus temas de rock´n´roll praieiro e limpinho. Seus grandes hits foram Calúnia (Telma eu Não Sou Gay), depois eternizada por Ney Matogrosso, Lágrimas de Crocodilo e Romance em Alto Mar. Formada por amigos de um mesmo prédio no bairro carioca do Leblon, a banda não está na ativa e nem parece ter vontade de viver dos hits do passado. O único disco disponível nas plataformas de streaming é uma coletânea lançada nos anos 2000, Hot 20.

Nenhum de Nós

Estigmatizada como “a banda que assassinou Starman, do David Bowie, a Nenhum de Nós, poucos sabem, é muito maior do que isso. Foi um dos conjuntos mais preocupados com o conteúdo das letras e a seriedade nas composições de toda a sua geração. Seu grande hit foi Camila, contando a história de uma amiga que foi sofreu abuso de seu namorado em Porto Alegre. Seu líder, Theddy Correa, é compositor inquieto e o Nenhum de Nós continua lançando álbuns avidamente. Somente em 2020 foram dois discos, sendo o mais rente o Feito em Casa com 8 músicas e pés no indie folk.

Gueto

A banda paulistana Gueto foi pioneira ao misturar rock com hip hop, antes mesmo dos Beastie Boys. Aliás, segundo eles mesmo em seu maior hit G.U.E.T.O. , “o nosso som soa soul soa samba, sou rock, soa rap de bamba”. Integrante da cena post punk da cidade e formada por Julio Cesar, Edson X, Marcola e Márcio, o grupo tinha forte pegada funky e trazia algo bem diferente ao cenário da época.

Estação Primeira, seu disco de estreia, foi lançado em 1987. Um segundo álbum veio ao mundo em 1989 e ambos estão disponíveis nas plataformas de streaming. Depois disso, nada mais novo dos borboletas psicodélicas jamais foi ouvido neste planeta, exceto alguns shows em 2014 e em 2017.

Camisa de Vênus

A picante banda baiana Camisa de Vênus de Marcelo Nova foi a queridinha dos malucos e desajustados nos anos 80. Passando longe do bom mocismo e sem nenhuma subjetividade na sujeira das letras, o Camisa sempre foi a que reunia os adolescentes que, na década de 80, tinham os parafusos pouco apertados no cérebro.
O Camisa nunca acabou. Seus dois últimos álbuns, lançados em 2017 e 2018, são de shows ao vivo ou seja. Apesar de não compor novidades, se chamar eles tocam.

Os Titãs

Nascida Os Titãs do Iê Iê Iê, a banda logo abreviou seu nome depois do sucesso de Sonífera Ilha, lançado em compacto em 1.984. Tornou-se então uma das bandas mais bem sucedidas de sua geração, ativa até hoje e com dezenas de álbuns lançados. Sua robusta formação original, com 8 integrantes, foi diminuindo ao longo do tempo e hoje os Titãs continuam na ativa, mas como um trio acústico.

RPM

RPM foi uma das bandas mais bem sucedidas da história da música brasileira, batendo todos os recordes de vendas da indústria fonográfica brasileira. Quem não se lembra da música Olhar 43 e do clássico que batizou o nome da banda Revoluções Por minuto? A loucura que a banda causava nas pessoas nos anos 80 era tanta que eles chegaram a se deslocar em carros-fortes. Viraram até álbum de figurinha na época!

Atualmente Paulo Ricardo segue carreira solo e a banda segue com Schiavon, Deluqui, Dioy e o baterista Kiko Zara, substituindo Paulo P.A. Pagni que faleceu em junho de 2019. A banda também realizou um show acústico em abril do mesmo ano em São Bernardo do Campo, sendo esta a última vez que o grupo se apresentou com P.A. Agora eles se preparam para lançar um novo álbum em 2021 e nas plataformas digitais é possível encontrar novos singles.

 

Fellini

Oficialmente Fellini – banda independente de pós-punk paulista teve uma trajetória curta de seis anos, se levarmos em conta que a banda foi formada em 1984 e chegou ao fim em 1990. Mas, depois, vieram muitos retornos pontuais e até um álbum lançado em 2010. Em 2016 fizeram três shows em São Paulo com a formação original que trazia Cadão Volpato (voz), Thomas Pappon (guitarra), Jair Marcos (guitarra) e Ricardo Salvagni (baixo) – e Lauro Lellis, como convidado, na bateria. Em 2018 Cadão Volpato, que também é jornalista lançou o livro À Sombra dos Viadutos em Flor (SESI-SP Editora), um mergulho na década de 80 e na cena do rock brasileiro da época. Em março deste ano a banda se reuniu para um show que marcou o lançamento do LP A Melhor Coisa Que Eu Fiz, pela Nada Nada Discos.

Engenheiros do Hawaii

O som desses gaúchos nunca deixou de ser moda e tocar nas rádios e, por mais que a banda esteja há uns bons anos em hiato, as músicas continuam cativando as novas gerações principalmente por conta das letras perfeitas do gênio Humberto Gessinger. Segundo a lenda, o nome do grupo foi escolhido para ironizar a galera da engenharia, que costumavam vestir bermudas de surfista, com quem tinham uma certa rivalidade.

Em julho de 2008, Gessinger anunciou uma pausa nas atividades da banda. Nessa estrada foram 17 discos lançados, incluindo trabalhos gravados ao vivo e em estúdio, incontáveis coletâneas e mais de 30 singles. Humberto Gessinger ultimamente tem feito algumas lives cantando os principais sucessos da carreira.

Os Paralamas do Sucesso

Na ativa desde 1982, a banda fluminense Os Paralamas do Sucesso nasceram junto com Vital e Sua Moto – um dos primeiros hits. A música rendeu um convite para gravar um disco profissional, foram os primeiros a gravar uma música de Renato Russo e fizeram Brasília entrar no circuito até então dominado por cariocas, ajudando a redefinir fronteiras. Acumulam 13 álbuns lançados (o último em 2017 – O Sinais do Sim) além de muitos prêmios. São quase 40 anos de carreira a eles continuam a todo o vapor, fazendo diversas lives e cantando os principais sucessos.

Magazine

A história do Magazine se confunde com a de seu fundador, o lendário agitador cultural e radialista Kid Vinil. Kid foi grande incentivador da cena punk paulistana dos ans 70 e na década seguinte se envolveu em várias bandas: Verminose (que depois virou a Magazine), Kid Vinil e os Heróis do Brasil e Kid Vinil Xperience. A produção de hits ficou lá na primeira fase da Magazine, com a inesquecível Eu Sou Boy.

Kid continou tocando, discotecando, apresentando programas e inventando formas de divulgar a música até sua morte, em 2017.

Ultraje a Rigor

Roger Moreira, antes de chamar a atenção por sua avalanche de comentários conservadores no Twittter, era conhecido como o fundador de uma das mais importantes bandas de rock dos anos 80, o Ultraje a Rigor. O Ultraje se diferenciava por introduzir leveza e letras bem humoradas em seus grandes sucessos como Inútil, Ciúmes e Nós Vamos Invadir Sua Praia. Assumiu o humor adolescente e boca suja no anos finais de composição, se tornando uma espécie de “pai dos Raimundos“. Seu último disco de inéditas é de 2010, mas  a banda continua fazendo shows até hoje.

Lobão

Lobão morou com os Mutantes, tocou rock progressivo, foi parceiro de Ritchie e da Blitz. Se encontrou em seus discos solos, pesados libelos adolescentes que abordavam temas como suicídio, cocaína, política e depressão em músicas sublimes como Me Chama e Vida Louca Vida.  Após uma passagem pela MTV como apresentador, se auto proclamou pensador conservador (olha aí Olavo de Carvalho) e, assim como Roger Moreira, fez com que sua verborragia pró “cidadão de bem” o afastasse de sua obra.  Ainda faz shows tocando sucessos da época.

Legião Urbana

A Legião disputa nas redações, mesas de boteco e fóruns de internet o troféu de maior banda da geração 80, concorrendo com RPM, Paralamas e Titãs. Já o título de melhor letrista, dividindo o posto com Cazuza, vai para Renato Russo com unanimidade.

Dono de uma poesia profunda vinda de uma experiência de vida não menos complexa, Renato trouxe a introspecção e insegurança típicas à parte da adolescência às suas letras, cumprindo o papel de uma espécie de Joy Division brasileiro, banda que a Legião tirou muito de sua estética visual e sonora.

A Legião Urbana foi responsável por uma discografia bastante sólida, chegando ater a maior parte das faixas de um único disco tocando em rádios nacionais simultaneamente.   Faixas como Eduardo e Mônica e Faroeste Caboclo, contando histórias com começo meio e fim, se tornaram clássicos das reuniões violão e fogueira.

A banda acabou devido à morte de Renato, em 1996.

Barão Vermelho

Ninguém cantou melhor a noite carioca dos anos 80 do que Cazuza e sua banda Barão Vermelho. Seus hits falavam abertamente sobre balada, relacionamento, chapações, enfim…. “ver o dia nascer feliz”.

A banda emplacou diversos hits como Maior Abandonado e Todo Amor que Houver Nessa Vida, conquistou milhões de fãs e alçou Cazuza à condição de um dos maiores ídolos do rock brasileiro. Se apresentou nas edições antológicas do festival Rock in Rio.

Após a saída de Cazuza em 1985, o guitarrista Frejat assumiu o controle da banda, dos vocais e da linguagem musical do Barão, tornando-a mais voltado ao rock´n´roll clássico.   O Barão se apresenta até hoje, com Rafael Suricato nos vocais substituindo Frejat.

 

 

 

Amanda Sousa

Amanda Sousa é mãe, feminista, tem 30 anos e é formada em Comunicação Social. Natural de São Paulo, atualmente mora em Jundiaí. É apaixonada por música desde que se entende por gente. Vai do punk ao pop, gosta de descobrir sons em todas as vertentes.