Dar o clima na cena, trazer tensão ou relaxamento, trazer o tempero cool, situar o espectador em uma determinada era… são muitas as atribuições das trilhas sonoras. E não são raros os casos em que ela é feita tão no capricho que se sobrepõe ao filme.
parte 01
Perguntamos aos leitores do Music Non Stop quais suas trilhas sonoras inesquecíveis e compilamos para você em uma série de matérias as mais incríveis soundtracks de todos os tempos. Divirta-se com a gente e seja rápido. Na próxima semana teremos a segunda parte da série com mais indicações para ouvir e assistir.
As que fotografaram uma geração
Diversos filmes que fotografaram uma geração fazer parte da prateleira de grandes clássicos do cinema, muitos deles acompanhados de trilhas sonoras que representam o som que embalava a galera do movimento. Easy Rider, de 1969, apresentava através da história de dois motoqueiros que viajaram pelo interior dos Estados Unidos o começo da ressaca do movimento hippie. Tanto que o filme termina com o assassinato das personagens protagonizadas por Peter Fonda e Dennis Hopper (que também dirigiu o filme). A trilha conta com Steppenwolf, The Band, Jimi Hendrix.
Já no final dos anos 70 foi a vez da era Disco ser representada, com Saturday Night Fever , de 1977, estrelado por John Travolta. A trilha, estrelada pelos Bee Gees que assinam várias faixas, tinha outros grandes do estilo como Kool And The Gang e The Trammps.
Vale mencionar também o filme 24 Hour Party People, lançado em 2002 mas contando a história da gravadora Factory e um de seus donos Tony Wilson. A Factory foi responsável por trazer ao mundo uma geração de bandas de Manchesters que viraram os anos 80 e 90 de ponta cabeça. De Joy Division e New Order a Primal Scream.
Pulando para a década de 90, quem não pirou com a fantástica trilha de Trainspotting, de 1996 e dirigido por Danny Boyle. A trilha tem música de diversas eras, mas todas completamente linkadas a geração inglesa pós verão do amor. Blur, Iggy Pop, New Order e a épica Born Slippy, do Underworld, fizeram história.
Doidão, mucho loko, psicodélico
Várias trilhas sonoras entraram para a história graças à sua ousadia psicodélica, muitas delas extraídas de filmes que acabaram ficando na prateleira dos cults, pouco conhecidos da grande massa. O filme espanhol Vampyros Lesbos é uma história de terror erótico que fez algum sucesso nos cinemas europeus e ganhou a graça dos cinéfilos. Foi lançado em 1971 e dirigido por Jess Franco, que também escreveu a trilha sonora ao lado de Manfred Hübler e Siegfried Schwab. A trilha só foi lançada oficialmente em 1995, se chama Vampiros Lesbos: Sexadelic Dance Party e na verdade reunia faixa de três filmes de Jess Franco: Vampyros Lesbos, She Killed in Ecstasy e The Devil Came from Akasava.
Enter The Dragon, de 1973 e um dos maiores clássicos de Bruce Lee, teve trilha sonora por Lalo Schifrim, que mais tarde comporia temas inesquecíveis como o de Missão Impossível. Aqui o maestro junta cítara, orquestra, guitarras com wah wah e pianos funky… tudo para criar uma atmosfera de cair o queijo. Uuuuhaaaaah
Para deixar “no clima”
A atribuição mais importante de uma trilha sonora é deixar a cena “no clima”. Poucos diretores fazem isso com tanta maestria quanto Quentin Tarantino, resgatando sons que estavam esquecidos para colocá-los em evidência estelar (assim como faz com alguns atores). Pulp Fiction (1994) tem surf rock, garage, country music e soul deixando tudo muito cool. Tem The Centurians, Link Wray, April March e mais um monte de artistas que você não conhece mas adoraria conhecer.
Em 2000 High Fidelity (Alta Fidelidade), protagonizado por John Cusack e um novinho Jack Black, conta a história de um dono de loja de discos. Prato cheio para uma trilha sonora espetacular com diamantes cult como Velvet Underground, Belle And Sebastian, Love, Stereolab e Liz Phair.
Vanilla Sky, filme estrelado por Tom Cruise e lançado em 2001, abusa da efusiva cena musical que dinamitou os limites entre a eletrônica e o rock para imprimir aquele mood ao filme. Radiohead, Sigur Rós, Leftfield e Chemical Brothers estão no rolê.
Em 2003, Sofia Copolla lançou um dos filmes mais amados da década pelos “amantes da sétima arte”, Lost In Translations (Encontros e Desencontros), com Bill Murray e Scarlet Johansson. O filme gira em torno de um affair entre os protagonistas que pode ser interpretado de várias formas diferentes. E muito desta interpretação (ou da falta dela) é auxiliada pelo clima que cada música dá às cenas. Confusão embalada por Jesus And Mary Chain, Air, Roxi Music, Phoenix e Patti Smith, pra citar alguns.