Uma seleção feita pela redação do Music Non Stop
O ano de 2023 seguiu firme para o mercado de festivais na era pós-pandêmica — a grande maioria deles com tremendo sucesso na venda de ingressos.
Recordes incríveis foram batidos, caso da primeira edição do irmãozinho paulista do Rock in Rio, o The Town, que já nasceu como o maior festival da história do país.
Os ingressos seguiram salgados, e em vários finais de semana o clima não ajudou, com tempestades e ventanias tocando o terror para um público enlameado. Mas isso não atrapalhou a sanha do público em ir para o rolê, represado por dois anos sem eventos no país.
O que não faltou, no entanto, foram festivais que tiveram um serviço de alto nível. E o mais legal é que o ranking do Music Non Stop traz eventos de diversas partes do país.
Confira a nossa lista dos 10 melhores festivais brasileiros do ano:
1. C6 Fest
Difícil um festival que consegue a façanha de trazer ao Brasil Kraftwerk e Underworld não estar em primeiro lugar de qualquer lista. O troféu vai para o C6 Fest, mesmo, que rolou em São Paulo e no Rio de Janeiro em maio.
A produção do rolê vem da empresa responsável por duas das mais celebradas marcas de festivais do passado, Free Jazz Festival e Tim Festival, ambos reconhecidos pela estrutura impecável.
No C6, a excelência no conforto e qualidade de som foi cumprida com êxito. Mais do que isso, os alemães do Kraftwerk são, tecnicamente falando, um dos artistas mais difíceis de produzir em todo o mundo, o que só fazem aumentar os louros ao C6.
Relembre o nosso review aqui.
2. Primavera Sound
Também construído em um line-up de gigantes — The Cure, Pet Shop Boys, The Killers e Beck encabeçaram a lista —, o festival criado em Barcelona escolheu o mês de dezembro para sua edição brasileira, somente em São Paulo.
Os produtores conseguiram lidar com o desafio que é fazer um evento no imenso Autódromo de Interlagos e tiraram boa nota, com estrelinha. Água e protetor solar de graça para o pessoal, sem filas, além de boa estrutura de circulação e palcos.
Relembre o nosso review aqui.
3. Meca (Inhotin)
Como fazer um festival de música em um dos museus a céu aberto mais bonitos no mundo, abraçados pela surreal “jardinagem” de Burle Marx? Pergunte ao pessoal do MECA, que levou ao Inhotim, em Minas Gerais, Daniela Mercury, Ana Frango Elétrico, Las Ligas Menores e muito mais.
A estrutura foi montada em diálogo com as esculturas a céu aberto, e o frescor natural do espaço, rodeado de árvores e água, garantiu a medalha de honra ao MECA (Inhotin), que aconteceu em agosto.
4. CoMA
A sexta edição do festival brasiliense CoMA rolou em outubro, e levou à capital federal (ganham pontos os festivais que tiram as grandes atrações do eixo São Paulo/Rio de Janeiro) nomes como João Bosco, BaianaSystem e Bixiga 70.
A curadoria, no entanto, não esqueceu dos locais, como Boogarins, a cantora Gaivota (do grupo Joe Silhoueta) e Pé de Serrado.
A produção tirou de letra o desafio e deixou-nos ansiosos pela edição 2024.
5. Coquetel Molotov
O Coquetel Molotov é um festival classicão, com 20 anos de estrada e foco na música independente. Capitaneado pela radialista Ana Garcia, a edição de 2023 rolou lindamente em outubro no campus da Federal de Pernambuco, o que o torna ainda mais bacana e charmoso.
Mais do que um festival de música, o rolê teve ainda uma feira de negócios, com palestras e encontros, com o objetivo de aproximar produtores brasileros de artistas locais.
Marcelo D2, Badsista e Boogarins foram alguns dos destaques em noites que deixaram os festivaleiros nordestinos muito felizes.
Relembre nossa entrevista com Ana Garcia aqui.
6. Favela Sounds
Mais um festival de Brasília no ranking dos 10 melhores do ano, e isso é o máximo. O Favela Sounds, dedicado ao som das quebradas, foi gratuito e rolou na área externa do Museu da República em setembro.
No som, MC Carol, Tasha e Tracie, Deize Tigrona e mais um montão de artistas locais criaram a brisa da cidade, dando voz à cultura periférica. Aliás, é o maior festival de cultura de periferia do Brasil.
7. Amazônia Mapping
Da Amazônia para o mundo, e do mundo para a Amazônia, o Festival Amazônia Mapping 2023 funcionou como um vórtice de cultura e diálogo, também para desanuviar a visão que os brasileiros tem do que é viver no Pará, e de como os amazônicos se relacionam com a natureza, a tecnologia e a cultura urbana.
Em março, o evento já havia realizado uma edição virtual, criando metaversos onde os artistas se apresentavam. Entre agosto e setembro, o bagulho rolou na “real”, com edições em Belém do Pará e em Santarém.
O festival pega forte no audiovisual, mas também conta com um lado musical, privilegiando artistas locais. Quando as linguagens se juntam, não tem para ninguém.
8. Rock The Mountain
A segunda edição de 2023 do Rock The Mountain, realizada em novembro na serra carioca, foi responsável por uma ação histórica: line-up 100% feminimo, com nomes como Maria Bethania, Marisa Monte, Margareth Menezes e mais um monte de minas.
Com um time dessa magnitude, os ingressos esgotaram logo que foram colocados à venda, mostrando ao Brasil que o que manda é a música, e não a genitália, quando o assunto é lotar festivais.
Na estrutura, o RTM “entregou tudo”, como dizem lá na Faria Lima. Mais, mudou a forma como os curadores montam seus festivais para sempre.
Relembre o nosso review aqui.
9. BATEKOO
Festival feito na raça desde Salvador, na Bahia, o BATEKOO Festival realizou uma edição épica em São Paulo, no Memorial da América Latina, em setembro.
LBGT, negro e periférico, botou Sampa Crew, Liniker e Gabi Amarantos, entre outros, no palco para milhares de pessoas dançarem e se divertirem.
A Batekoo é muito mais do que um festival. É uma organização multilingues presente em diversas cidades brasileiras, e tem até plataformas de ensino, tudo acessível a quem precisa. Um rolê que tem sangue e tem alma.
Relembre nossa entrevista com os meninos da Batekoo aqui.
10. MITA
Realizado no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, o MITA 2023 conseguiu montar um cardápio de atrações musicais bastante interessante. Os headliners foram Lana Del Rey, Florence And The Machine, Jorge Ben Jor e The Mars Volta.
Mas o bagulho foi extenso, muita gente tocou no MITA e levou o público para dentro da cidade, um outro tipo de vivência, principalmente porque estamos acostumados a frequentar festivais em locações que nos fazem “esquecer” do lugar onde vivemos.
Fora que, para chegar, eram dois minutinhos!