Desenho faz referência ao baterista original, Joey Jordison, à cultura indígena do Brasil e a história de um assalto
Uma das coisas mais importantes a serem resolvidas por um novo integrante do Slipknot, além de aprender a tocar suas músicas, é o seu “novo rosto”. Afinal, todos sobem ao palco mascarados, com temas que rementem à cultura dos filmes de terror. Não foi diferente com Eloy Casagrande, o brasileiro que deixou o Sepultura para assumir a cozinha de uma das maiores bandas de nu-metal do planeta.
A máscara de Casagrande chama a atenção. Predominantemenete branca (assim como era a do baterista original Joey Jordison, falecido em 2021), a indumentária recebeu linhas pretas que caem dos olhos, nariz e boca, além de um buraco de bala desenhado na testa. Em entrevista ao podcast Modern Drummer [via NME], o novo integrante do Slipknot finalmente falou sobre o desenho.
Segundo Eloy, a ideia de usar uma máscara similar à do baterista original foi do líder da banda, Shawn Crahan. A história de Jordison com a banda é emocionante. Quando o grupo foi criado em 1998, cada integrante protegia sua verdadeira identidate, atendendo por um número, no lugar de um nome. Joey era o número um, ou seja, o primeiro membro do Slipknot. Em 2013, no entanto, o baterista deixou a banda. Levou anos para que Crahan revelasse ao público o verdadeiro motivo da saída do amigo: mielite transversa, uma doença neurológica (uma inflamação na medula, entre as massas branca e cinzenta do cérebro) que o impedia de tocar bateria na velocidade e potência que a banda exigia. O quadro evoluiu para outras comorbidades, causando sua morte em 2021.
Eloy Casagrande explicou, no entanto, que pediu para Crahan (responsável pelo desenho de todas as máscaras da banda) algo diferente em sua versão — algo que o ligasse com seu país de origem. Deu a ideia, então, das listras pretas, baseando-se na cultura indígena brasileira. O baterista não entrou em detalhes sobre qual cultura indígena brasileira foi usada como referência, mas contou ao podcast que “isso me conecta com o povo brasileiro, com a cultura brasileira. Já a minha expressão, minha face, foi desenhada pelo Clown [Crahan]. Ele viu tocando sem a máscara e disse: ‘se essa é a sua cara quando está tocando as músicas do Slipknot, então nós vamos colocá-la na sua máscara'”. Eloy Casagrande entrou no Slipknot no final de 2024.
Joey Jordison e sua máscara. Foto: Reprodução
Eloy Casagrande e sua máscara. Foto: Reprodução
E quanto ao buraco de bala? A ideia também veio do músico brasileiro.
“Há dois anos, eu fui assaltado em São Paulo. Eu estava andando no meu bairro, indo à academia, eram 09h da manhã, e dois caras de moto me pararam e apontaram uma arma na minha cabeça, pedindo pelo meu telefone e minha mochila. Essa história foi algo que, de alguma forma, mudou muita coisa para mim. E ele resolveu não atirar. Então eu tive sorte”, afirmou.
“E também vem da filosofia de que… dá a sensação de que você vai gostar de mim, vai amar o que eu faço, ou você vai odiar o que eu faço, mas eu não tenho nada a perder. Eu já estou morto. Esta é uma maneira de sentir que me dá algum tipo de liberdade quando eu subo ao palco. É muito inspirador também”, concluiu.