Madonna - Bedtime Stories Foto: Divulgação

Anunciado para relançamento, “Bedtime Stories”, de Madonna, marca fim de “fase sexual”

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Álbum de 1994 traz canção gravada em parceria com Björk aclamada pela crítica, mas subvalorizada na discografia da Rainha do Pop

“Ela me ligou e disse que queria algo que soasse como eu. Eu pensei: ‘por que não?’. Foi uma chance de fazer algo que pudesse alcançar mais pessoas. Foi estranho, mas divertido. Eu nunca tinha feito algo assim antes, e ela estava disposta a tentar algo novo”, contou Björk (em uma das pouquíssimas vezes em que tocou no assunto) sobre a parceria que fez com Madonna para escrever Bedtime Story.

A música acabou servindo de inspiração para o nome do álbum de 1994, Bedtime Stories, que a Rainha do Pop lançou em 1994 e ganhará relançamento “logo, logo”, segundo ela, em formato digital e vinil. O disco põe fim à chamada “fase sexual” da artista, que engloba o disco Erotica e o livro Sex, ambos de 1992.

Alugar a mente torta da islandesa Björk rendeu à Madonna a canção mais experimental de sua carreira, mergulhada na música eletrônica ambiente. Bedtime Story foi o terceiro single de promoção do álbum e, apesar de aclamado pela crítica, é considerado uma das músicas mais subvalorizadas da cantora.

Curiosamente, a parceria com Björk é a penúltima da tracklist, mostrando que os temperos nórdicos experimentais da convidada não foram digeridos com facilidade pela gravadora. Realmente, ela destoa (para melhor) de todas as outras faixas, banhadas pelo breakbeat urbano nova-iorquino que fazia a cabeça da diva pop em 1994.

Seguindo na toada sexual, Bedtime Stories realmente é aquele soninho gostoso pós-foda. O disco todo tem uma levada cool, madrugadeira e, como Madonna sabia fazer tão bem, perfeitamente sexy. Nas letras, a artista foi deixando de lado os fetiches para abordar o amor e o romance, marcando a transição para a próxima fase de sua carreira.

O LP também marcou um assossegamento do buchicho em torno da cantora, após anos chocando a caretice (inclusive de muitos fãs) com suas provocações sexuais. O álbum não teve turnê de divulgação porque sua criadora entrou de cabeça nas gravações do filme Evita, lançado em 1996, onde interpreta a líder política da Argentina. Mais um afastamento da era dos prazeres carnais em sua imagem.

Hoje em dia, Bedtime Stories figura em diversas listas de melhores discos pop de 1994. Foi um descanso necessário após a orgia de Erotica e a posterior volta para as pistas de dança madrugadeiras de Ray Of Light (1997), momento em que Madonna voltou ao fervo. Um álbum para ouvir na cama, como devidamente ordena a rainha do pop dos anos 90.

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Se você é fã, fique de olho para descolar sua cópia. Se não é, vale a pena ouvi-lo, para entender os movimentos das correntes que levavam influências musicais e humores de Nova Iorque para Londres, e vice-versa.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.