Claudio Dirani indica as autiobiografias mais bacanas do mundo pop para você atualizar sua lista de leituras
Enquanto o mundo espera pela próxima obra de Bob Dylan, o Music Non Stop preparou uma lista incrível de autobiografias assinadas por alguns dos maiores astros da música
Sempre quando se fala em lendas da cultura pop, Bob Dylan é uma unanimidade. Ainda assim, quando o bardo de Hibbing, Minnesota, conquistou o Nobel de Literatura em 2016, houve questionamentos sobre suas habilidades. Do tipo: ‘Teria Dylan, um letrista inigualável, a mesma capacidade como escritor?”
Polêmicas deixadas de lado, em novembro deste ano Bob voltará a publicar um livro após 18 anos: The Philosophy of Modern Song – uma coleção de ideias e ensaios sobre a criação das músicas que mudaram o mundo e o transformaram como artista.
Ainda não são conhecidos os detalhes do conteúdo da obra. Justamente por isso, o Music Non STop decidiu listar uma série de livros autorais e colaborativos de estrelas do pop para você já escolher e se preparar para a data. Aproveite!
Johnny Marr: Set The Boy Free – The Autobiography
Ainda sem tradução para o português, a história da vida e carreira do ex-guitarrista e co-autor dos Smiths é uma deliciosa coleção de memórias escrita pelas mãos do próprio músico de Manchester.
Lançado em 2016, o livro traz fatos inéditos da jornada elétrica de Johnny Marr ao lado de Morrissey, passando pela separação do parceiro em 1987 até os lançamentos de The Messenger (2013) e Playlaland (2014), seus dois primeiros álbuns 100% autorais. Desde então, Marr já gravou mais dois: Call The Comet (2018) e o recém-lançado Fever Dreams: Part 1-4.
Elvis Costello: Unfaithful Music & Disappearing Ink
Com letras irreverentes e ardidas, Elvis Costello (a identidade secreta de Declan McManus) surgiu em 1977 com um mix de punk e new wave que logo sofreria uma metamorfose musical incapaz de ser definida (muito mais para o bem, do que para o mal).
O trajeto (quase) completo dessa jornada do londrino criado em Liverpool aparece em Unfaithful Music & Disappearing Ink, um livro que desponta, principalmente, pelos ricos detalhes de seu processo criativo.
Entre os highlights da obra lançada em 2015 estão o passo a passo de suas alianças com Burt Bacharach, Paul McCartney e Bob Dylan e o processo de aprender teoria musical, incrivelmente concluído em menos de um ano.
Assim como Johnny Marr, Costello não parou de gravar. Seu mais novo esforço em disco é The Boy Named If, lançado em janeiro de 2022, que apresenta traços (ainda que modernizados) de trabalhos passados, como Blood And Chocolate e Brutal Youth.
Uma curiosidade impagável sobre a biografia é que ela foi escrita para preservar literalmente suas memórias, já que Elvis Costello teme sofrer no futuro de Alzheimer – o mesmo mal que levou seu pai, Ross McManus, a falecer.
Bruce Springsteen: Born To Run
Engajado, libertário e heroico são três adjetivos inseparáveis do nativo de New Jersey que nunca abandonou suas origens. Todas essas qualidades aparecem de forma descontraída na autobiografia de 2016 (traduzida para o português) Born To Run – uma espécie de extensão de Bruce Springsteen: Songs – o luxuoso livro com fotos e reproduções de seus manuscritos mais famosos, como Born In The U.S.A, lançado originalmente em 1999 e reeditado em 2003.
Em Born To Run, além de ampliar as histórias por trás de seus clássicos, Bruce revela intimidades com a de seu tratamento para curar a depressão e da separação de sua primeira mulher, a atriz Julianne Phillips.
Assim como Costello e Marr, Bruce Springsteen continua ativo no estúdio. Seu mais novo álbum é Letter To You, do final de 2020, gravado pouco antes do longo lockdown.
Debbie Harry: Face It: A Memoir
Para quem sempre fantasiou em descobrir detalhes íntimos de Angela Timble (o nome de batismo de Debbie Harry, usado até sua adoção, com três meses de idade) ler sua autobiografia de 2019 é a melhor chance de mergulhar no passado e presente da vocalista do Blondie.
Em quase 400 páginas, a nativa de Miami, Flórida, não deixa escapar quase nada sobre sua vida e carreira, além de transportar o voyeur (ou menor, o leitor) a Nova York dos anos 70 e ao universo de contemporâneos como Ramones e Talking Heads.
“Meu personagem no grupo era como uma boneca inflável, mas com um lado agressivo e provocante” – afirma a cantora e autora, hoje com 76 anos.
Embora continue ativa, Harry não tem produzido com tanta frequência. Seu mais recente trabalho de inéditas com o Blondie chegou às lojas em 2011: Panic Of Girls.
Paul McCartney: The Lyrics: 1956 to the present
Indiscutivelmente, a obra mais fascinante de nossa lista. Dividida em dois volumes e por ordem alfabética, a coleção de letras assinadas por Paul McCartney – ou em parceria com John Lennon e outros autores – revela detalhes jamais publicados sobre seu processo criativo.
Os amantes da carreira pós-Beatle de McCartney irão se surpreender com diversas minúcias incluídas no livro. Entre elas, de trechos de letras como a do primeiro single solo, Another Day, de 1971. No verso: “As she posts another letter to the sound of five”, por exemplo, Paul afirma que “The Sound Of Five” é uma referência a um programa de rádio britânico homônimo. Na atração, os locutores costumavam ler cartas de ouvintes que escreviam para o show para desabafar sobre seus problemas.
Em suas 960 páginas (nota: traduzidas dois meses depois para o português), o fã ainda é presenteado com reproduções originais manuscritas (simplesmente épicas) de todas as letras citadas no livro.
Já na esfera musical, Paul McCartney (que em junho completa 80 anos!) continua tão ou mais produtivo que no início de sua carreira. O mais recente disco do vovô-garoto de Liverpool é McCartney III (2020), que ganhou versão remixada por nomes como o de Beck e St. Vincent em McCartney III Imagined (2021).