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Como fã cega salvou Keith Richards da prisão perpétua em 1977
Caso com o guitarrista dos Rolling Stones aconteceu no Canadá, em fevereiro de 1977
Uma tremenda falta de juízo, tapas na caras, uma fã muito famosa, uma amiga que até hoje é chamada de “anjo cego” e um juiz com preguiça de muita polêmica. Tudo isso e mais um pouco faz parte da história da mais incrível (foram várias) prisão por porte de drogas de Keith Richards, dos Rolling Stones.
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Pelas leis canadenses dos anos 70, tráfico de drogas dava prisão perpétua. E a polícia montada do país não estava com muita paciência para aguentar roqueiros rebeldes. Quando os polícias chegaram no hotel de Keith, durante sua passagem pelo Canadá em fevereiro 1977, encontraram a atriz Anita Pallenberg com uma muca de heroína e o guitarrista desacordado. Pallenberg já havia tomado uma dura no aeroporto, quando a imigração pegou um pouco de maconha e uma colher suja com cocaína em suas bagagens. Pelas leis canadenses, não se pode prender ninguém desacordado, e Richards que, segundo declarou em sua autobiografia Vida, não dormia há cinco dias, havia acabado de se entregar a um soneca mortal. A solução, para seguir com a prisão, era acordá-lo. Dá-lhe tapas na cara.
O trabalhão que Richards deu aos policiais contribuiu para o mau humor na canetada. Com 22 gramas de heroína (que na verdade, estavam em posse de Pallenberg) e cinco de cocaína, os meganhas enquadraram o guitarrista como traficante. Era por isso que, dia 23 de outubro de 1978, estava lá o rockstar sentado no banco dos réus. E prestes a ficar para o resto da vida na cadeia, caso a promotoria lograsse sucesso.
Deve ter rezado tanto o apavorado guitarrista, que uma intervenção quase divina surpreendeu a todos no tribunal. Rita Bedard, uma garota cega, fã dos Stones que viajava pedindo carona para acompanhar os shows da banda em seu país, pediu uma audiência privada com o juiz Lloyd Graburn. Na conversa, ela amoleceu o coração de Graburn contando como Keith Richards e os Rolling Stones foram importantes em sua vida; como lhe traziam alegria e a motivavam a seguir viva. Bedard tomou a decisão de conversar com o juiz por conta própria, sem que os advogados de defesa sequer soubessem de sua existência.
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Deu resultado. O juiz desencanou definitivamente da linha proposta pela acusação, de que Keith Richards, um dos mais famosos músicos da época, fazia bico de traficante durante as turnês. Manteve o carimbo como culpado, mas mudou a acusação para posse de drogas. E a sentença foi ainda mais surpreendente: fazer um show beneficente em prol do Canadian National Institute for the Blind, entidade filantrópica canadense de apoio aos deficientes visuais.
O rolo, com direito a fãs na porta do tribunal com camisas escritas “Free Keith”, entrou para história por suas reviravoltas, surpresas e também pela infâmia. Era ridículo um rockstar ser acusado de ser um profissional da venda de drogas. E a vinda dos Stones ainda tinha uma pimenta sensacional: uma de suas maiores fãs era Margaret Trudeau, primeira dama canadense, que chegava em uma limusine preta na porta dos shows do grupo para ver os Rolling Stones. Realmente, o Canadá não é qualquer nota.