Pedro Barros segurando o skate Pedro Barros – foto: divulgação

Karen Jonz, Pedro Barros e L7nnon. A história do longo namoro entre o skate e a música

Matheus Henrique Pires
Por Matheus Henrique Pires

Campeões do skate se lançam no mundo da música, comprovando uma longa história de amor entre o esporte a música.

Pedro Barros, Karen Jonz, L7nnon… e até Tony Hawk!

A ligação entre a música pop e o skate vem desde quando o esporte começou a ser praticado, em meados da década de 1940, passando referências em capas de discos até citações em letras de música.

Mesmo uma trilha sonora para a prática do esporte é algo que se considere como comum até hoje, e isso aumentou desde a década de oitenta, com o surgimento e posterior popularização dos chamados walkmans portáteis, onde os skatistas colocavam suas fitas k7 para rodar e escutavam músicas pelos fones de ouvido – obviamente hoje em dia há celulares e aplicativos de streaming que substituíram tudo isso.

Entre os estilos mais associados ao skate, o punk rock e o hardcore talvez sejam os que mais as pessoas relacionem ao esporte. Ambos são relacionados à contracultura e ao lema ‘do it yourself’ (‘faça você mesmo’ em português), além de atingirem na maioria das vezes um público mais adolescente.

Sendo assim, bandas oriundas da cena hardcore do início dos anos oitenta como Black Flag, Bad Brains e
Dead Kennedys foram logo associadas ao skate, e muitas vezes os membros dasvbandas dessa época também eram praticantes do esporte.

Logo também surgiu a vertente conhecida como skate punk, que no Brasil foi representada por bandas
como Grinders e Gritando HC (a da música “Ande de Skate e Destrua”).

A relação entre punk/hardcore e skate prevaleceu também nos anos noventa, quando bandas como Offspring e Green Day fizeram sucesso no mainstream. No final da década, ainda teve início a franquia dos jogos de videogame Tony Hawk – nome do famoso skatista que atingiu fama naqueles tempos – que além de atingir
um público que normalmente não se interessava por skate, também chamou atenção pela sua trilha sonora, que além de bandas punk ainda incluía estilos como rock alternativo e hip hop.

Até hoje, pessoas relacionam músicas como “You”, do Bad Religion, e “Superman”, do Goldfinger, diretamente aos jogos.

O próprio Tony Hawk se arriscando em “Police Truck”, dos Dead Kennedys (também presente nas trilhas dos jogos), num evento recente de games.

DO SKATE AO STREAMING

Atletas de skate que partem para a carreira musical não são exatamente novidade, ao menos no Brasil. Um exemplo óbvio é o de Chorão, finado vocalista do Charlie Brown Jr.

Ainda que nunca tenha sido um profissional das pistas e reconhecido como tal antes de estourar com sua banda, o vocalista sempre manteve sua ligação com o esporte durante a carreira, com citações em várias músicas – o que com o tempo virou até meme.

Em 2004, chegou a abrir uma pista de skate (Chorão Skate Park, hoje fechado) em Santos, sua cidade natal.

Recentemente, essa relação entre skate e música continua se mostrando frutífera. Medalhista de prata nas olimpíadas de Tóquio, em 2021 (a primeira vez que a modalidade integrou os jogos olímpicos), o skatista Pedro Barros estreou no ano passado sua carreira musical com a banda AMANTIS.

Com o videomaker Marcos Feijó e os também skatistas Vi Kakinho e Rodrigo Kresch completando a formação,
o grupo disponibilizou nas plataformas digitais o EP Life Lovers, que já atingiu mais de 10 mil streamings no Spotify.

A banda define o seu som como ‘rock de garagem’, e de acordo com as plataformas possui ouvintes em países como Alemanha, Austrália e Canadá.

Outra personalidade das pistas que lançou um trabalho musical em 2022 foi Karen Jonz.

Primeira mulher brasileira a se tornar campeã mundial de skate vertical, e comentarista da Globo nas olímpiadas de 2021, ela já havia tido uma banda com amigos anos atrás (Violeta Ping Pong) e outros dois projetos (Vaconaut and the Apple Monster e Kyber Krystals) com o marido Lucas Silveira, líder da banda
Fresno.

Seu primeiro disco solo, Papel de Carta, apresenta uma sonoridade mais minimalista e letras de cunho pessoal, o que foge do que a própria definiu em entrevista a Veja como “música de skatista” – basicamente uma vertente mais pop do punk rock.

Fora do universo roqueiro, o rapper L7nnon tem se destacado como um dos principais nomes da nova geração brasileira do estilo, tendo lançado dois álbuns de estúdio desde 2019 e tocado em festivais como a versão nacional do Lollapalooza.

Mas antes de aparecer ao grande público como músico, o artista carioca já competia nas pistas de skate.

Em 2017, foi à Espanha participar de um evento no dia mundial do skate (21 de junho), tendo inclusive vencido o prêmio de melhor manobra, e tinha planos de ter no esporte sua carreira principal antes de gravar suas primeiras canções.