De Bowie a Radiohead, 2016 já é um ano inesquecível para a música; ouça os 40 discos que amamos no primeiro semestre

Jade Gola
Por Jade Gola

O musicnonstop estreou este ano e vem ilustrando com notícias e features especiais muito do que a música eletrônica, alternativa e pop vem criando e apresentando de bom em 2016. Destacamos novos talentos, de DJs a cantores; listamos os clipes mais bacanas para você não ter saudades nenhuma da MTV e apontamos 20 músicas incríveis que davam pistas do que o ano vinha apresentando musicalmente.

Findado o primeiro semestre, passamos a limpo um listão com os 40 MELHORES DISCOS DO ANO ATÉ AGORA. Eu e Claudia Assef destrinchamos nossos iPods e separamos as quatro dezenas de ábuns mais interessantes, que listamos abaixos em breves resumos, em ordem alfabética. E para hierarquizar as apostas mais consistentes, destacamos um pouco mais os discos que achamos serem os mais interessantes até agora.

Legal né? Muita coisa para ouvir, pesquisar, baixar e comentar com os amigos – não esqueça de dar sua opinião nas redes. E já estamos ansiosos para os 40 discos do segundo semestre para no fim do ano mapearmos 2016 de maneira bem abrangente.

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Africaine 808 – Basar

Dupla berlinense reprocessa ritmos e percussões da África Ocidental em uma electronica acid, dançante, hipnótica e toda retorcida em sua ênfase nos sintetizadores. A cara da Voodoohop.
Melhores faixas: Ngoni e o remix de Auntie Flo para Tummy Tummy  ••  (check this out!)

 

Andy Stott – Too Many Voices

É impossível Stott lançar algo ruim. Ele retorna mais romântico e humano neste disco, seus bass e breaks cavernosos agora não são monstruosos, mas cheios de sensualidade e pegada electro.
Melhor faixas: New Romantic   ••  (check this out!)

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ANOHNI – Hopelessness

Este disco único e curioso é Antony Hegarty em seu alter-ego trans, pegando a desesperança após ler o noticiário global para fazer linda música eletrônica, de poesia niilista e sentimental.
Melhor faixa: Obama   ••  (check this out!)

 

Audion – Alpha

Quase 10 anos depois, Matthew Dear volta em boa forma com o Audion. Alpha tem densas nuances de minimal, house e acid, mas é um belíssimo exemplo de como o techno tem sido criado hoje.
Melhor faixa: Sicko   ••  (check this out!)

 

The Avalanches – Wildflower

Foram 16 anos sem um novo álbum, mas os australianos do Avalanches retornam triunfais. Partindo de Frankie Sinatra, um calypso divertido que traz a historinha do disco, eles costuram centenas de samples, convidados musicais e gêneros como hip hop, balearic e house, sempre intercalando as faixas com diálogos e trechos cinematográficos. É de se imaginar a trabalheira de confeccionar um disco desses, e o resultado é maravilhoso.   ••  (check this out!)


Baauer – Aa

Harlem Shake não está presente, mas o bass pesado fecha o tempo no primeiro álbum do produtor do Brooklyn, do dubstep (ele ainda existe) a um hip hop bem criativo e muito dançante.
Melhor faixa: Temple (ft. M.I.A., G-DRAGON)   ••  (check this out!)

 

BADBADNOTGOOD – IV

Difícil definir o som desses canadenses. Pense na rica musicalidade do rock dos anos 70, com inserções de eletrônica, romance 80s, suingue soul e aura indie. É maduro, é bonito e agrada a gregos e troianos.
Melhor faixa: Speaking Gently   ••  (check this out!)

 

Ben Watt – Fever Dream

Conhecido por ser o mentor musical do Everything But the Girl, ao lado de Tracey Thorn, Ben lançou um disco de rock/folk emotivo e com suingue, feito com banda completa e ele nos vocais.
Melhor faixa: Fever Dream   ••  (check this out!)

 

Beyoncé – Lemonade

Rainha do pop, Beyoncé faz de sua vida, de suas origens e de seu entretenimento o agenda setting do pop global. Lemonade é disco negro, feminista, político e controverso, múltiplo em suas sonoridades, convidados (de James Blake a Jack White, de Kendrick Lamar a The Weeknd), e mostra uma artista no ápice de sua carreira – mais que isso, uma artista ampliando o teto das possibilidades do pop, e será difícil alguém alcançá-la tão cedo.  ••  (check this out!)

 

Bilhão – Bilhão

Bilhão é bonito epípeto do indie brasileiro atual: brisa de verão, músicos afiliados a diversas outras bandas e lançamento da Balaclava, a gravadora de maior personalidade dos últimos tempos.
Melhor faixa: Atlântico Lunar   ••  (check this out!)

 

Blood Orange – Freetown Sound

Prince faleceu esse ano e um dos que mais repassam seu legado (sem serem mero pastiche) é o americano Blood Orange. É synth-funk charmoso, meloso e com muita presença feminina.
Melhor faixa: Augustine   ••  (check this out!)

 

Brian Eno – The Ship

O patrono do ambient é voz ativa na música e política globais, antenado às tecnologias e segue fazendo disco bom. Lançado pela Warp, este é seu primeiro álbum com vocais em 10 anos.
Melhor faixa: The Ship (de 21 minutos!)   ••  (check this out!)

 

Céu – Tropix

Quarto disco de Céu, em que a cantora deixa as guitarras de lado e celebra os sintetizadores como cama sonora e atmosférica para sua música que ela mesmo chamou de “beat tropical”. É um lindo disco de canções, em que a brasilidade da cantora não é deixada de lado e mostra a força das mulheres na música brasileira hoje: antenadas aos novos rumos do som, da política e da sociedade, sem perder a doçura e a verve que só elas têm.  ••  (check this out!)

 

Charles Bradley – Changes

Nunca é tarde para brilhar, e o cantor americano, de 67 anos, lançou um dos discos mais vívidos e fortes do soul recente, em que a faixa-título é um cover de Black Sabbath maior que o mundo.
Melhor faixa: Changes   ••  (check this out!)

David Bowie – Blackstar

Quando lançamos o site, no começo de 2016, havia um mistério no ar em torno do novo disco de Bowie. A apreensão de todos em vê-lo, assisti-lo e ouvi-lo foi confirmada com as etéreas canções e as historietas visuais tensas e literárias de Blackstar. E o epílogo foi a sua própria morte, na semana do lançamento do disco, num álbum que dava pistas sobre seu delicado estado de saúde e seu posicionamento como um artista conhecido perante o mundo. Nunca ninguém fechou as cortinas do palco de sua música e sua vida como o Bowie. E por isso, nunca o esqueceremos.  ••  (check this out!)

 

Fatima Al Qadiri – Brute

A Hyperdub lançou este peculiar disco em março, que mistura aura Blade Runner, bass music e filme de terror para situar em uma nova época e em novas estéticas o ambient eletrônico.
Melhor faixa: Changes   ••  (check this out!)

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The Field – The Follower

O novo disco de Axel Willner traz suas características céelbres: ar prog nostálgico e angelical, vozes ecoando e progressões rumo ao infinito, tudo num álbum ainda mais forte, rígido.
Melhor faixa: The Follower   ••  (check this out!)

 

Gold Panda – Good Luck And Do Your Best

Gold Panda traz o mesmo aspecto grandioso-visceral do The Field à eletrônica, mas com mais ecletismo: house picotado, cordas de violão em loop, ares de hip hop e 60s e muito mais.
Melhor faixa: The Follower   ••  (check this out!)

Groove Armada – Fabriclive 87

Clubbers que somos, acreditamos que DJ mixes e coletâneas mixadas equivalem a álbuns autorais. E a essa altura o Groove Armada já fez tanta coisa, que tudo pode ser esperado deles. Então é com surpresa que recebemos esse incrível mix de house da dupla inglesa, lançada pela Fabric para tentar mapear o que eles tocam no clube inglês. É o som da Strictly Rhythm e outras novidades criativas e saborosas, mostrando como a house music (e os mixes) não perdem importância e apelo.  ••  (check this out!)

 

Huerco S. – For Those Of You Who Have Never (And Also Those Who Have)

2016 está sendo um ótimo ano para o ambient. Huerco S., produtor de faixas sujas e maximalistas de house e techno, faz um novo e talentoso trabalho cálido e introspectivo no gênero.
Melhor faixa: Lifeblood (Naïve Melody)   ••  (check this out!)

 

Ital Tek – Hollowed

Baita disco que a Planet Mu lançou do inglês Alan Myson. É incrível o acabamento de todas faixas, que perpassam ambient, electro, dubstep e electronica inclassificável, como tem que ser.
Melhor faixa: Cobra  ••  (check this out!)

jamesblake

James Blake – The Colour In Anything

James Blake sabe como ninguém usar o silêncio e os detalhes eletrônicos para expressar tão bem a beleza, a dor e alguma sensação musical escondida lá no fundo da alma.
Melhor faixa: Always  ••  (check this out!)

 

Jessy Lanza – Oh No

O segundo álbum da moça é inspirado nos japas do Yellow Magic Orchestra e foi feito com Jeremy Greenspan do Junior Boys. Pop experimental, cheio de marra feminina e instigante.
Melhor faixa: It Means I Love You  ••  (check this out!)

 

Junior Boys – Big Black Coat

Jeremy Greenspan canta em seu próprio disco também, em mais um lançamento bem acabado, curioso e noir da discografia do Junior Boys. Visualize um electro minimalista, de dor de cotovelo.
Melhor faixa: It Means I Love You  ••  (check this out!)

kaytranada

Kaytranada – 99.9%

Todos adoram uma revelação talentosa, multiplural e com possibilidade de longa carreira. O Kaytranada é assim, descascando beats, redesenhando Gal Costa e angariando fãs com esse discaço de estreia.
Melhor faixa: Lite Spots  ••  (check this out!)

 

Kendrick Lamar – Untitled Unmastered

Sobras de estúdio do celebrado To Pimp a Butterfly (2015), esta coletânea ilustra muito bem os métodos, o processo criativo do beatmaking e do talento do do principal rapper da atualidade.
Melhor faixa: 02 06.23.2014  ••  (check this out!)

 

Leon Vynehall – Rojus (Designed to Dance)

Difícil achar hoje quem faça house music mais bonita, colorida e original que o inglês Leon Vynehall. Seu novo disco é um petardo de lindas composições e Blush é talvez a track houseira de 2016.
Melhor faixa: Blush  ••  (check this out!)

 

Mahmundi – Mahmundi

Temos falado bastante da carioca Mahmundi. Não à toa, seu primeiro álbum, homônimo, é a prova de quem vive apaixonado pela música. De seus dias de técnica de som no Circo Voador, até empunhar guitarras e synths para criar composições próprias, com ar de verão, influências brasileiras embutidas e um olhar para a música alternativa global, Mahmundi é talentosa e nasceu para fazer música bonita como só ela. E a moça vai longe..  ••  (check this out!)

 

Massive Attack – Ritual Spirit

EP de quatro faixas que marca o retorno de Tricky à banda, Ritual Spirit é o Massive Attack sem artifícios, prosseguindo suas histórias em torno da eletrônica urbana e das tensões globais.
Melhor faixa: Dead Editores (feat. Roots Manuva) ••  (check this out!)

Marquis Hawkes ‎– Social Housing

A capa desse álbum diz muito sobre ele: foco no body moving, a diversidade, a sensualidade, os contextos urbano… Hawkes é de Berlim, já lançou pela ótima Aus Music e seu álbum de estreia marca o talento de quem sabe produzir house music. I’m So Glad escala a histórica Jocelyn Brown para berrar, INSANA, em beats e grave cavalares. A faixa se destaca junto de samples de disco, sintetizadores fraseando canções, loops refinados de french touch, deep e Detroit. Um discaço!  ••  (check this out!)

 

Moderat – III

Modeselektor e Apparat juntam forçar pela terceira vez. A música deles está mais universal, um pouco mais pop e a ênfase em clipes insanos faz de III um disco a ser destacado – e lembrado.
Melhor faixa: Reminder ••  (check this out!)

 

Moodyman – DJ-Kicks

Kenny Dixon Jr. é heroi underground e seu DJ-Kicks vem em boa hora. O foco é a sagacidade de quem sabe utilizar a música para envolver as mulheres e um ecletismo que poucos conseguem mixar.
Melhor faixa: Andres II – El Ritmo de mi Gente feat. Lady ••  (check this out!)

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M83 – Junk

Só o francês Anthony Gonzalez poderia fazer com doçura e versatilidade um disco inspirado em seriados infantis dos anos 80, num electro-pop cinematográfico, orgânico e nostálgico.
Melhores faixas: Road Blaster e Laser Gun ••  (check this out!)

 

Metá Metá – MM3

As referências afro-brasileiras, um toque de pós-punk urbano e narrativas jazzísticas dão o tom em mais um disco desta heróica banda indie brasileira, amada pelos públicos e com bastante fãs.
Melhores faixas: Angoulême ••  (check this out!)

 

PJ Harvey – The Hope Six Demolition Project

Bom álbum de PJ inspirado em um projeto de habitação nos EUA que, ao invés de dar moradia, gentrificou muitos bairros. Rock afiado, sem temáticas abstratas: o foco é a sociedade atual.
Melhores faixas: The Community of Hope ••  (check this out!)

Radiohead A Moon Shaped Pool

Thom Yorke se mostrou surpreso com a boa repercussão e vendas de mais um disco do Radiohead. É difícil mesmo prever as reações a um lançamento do Radiohead, e A Moon Shaped Pool comprova isso. Se a beleza das cordas e o cancioneiro tradicional do disco pode ter passado batido para quem gosta do som desconstruído e combativo dos ingleses, é difícil não ficar tocado com o psicologismo belo e a nostalgia das músicas do disco, e mostra que eles seguem sendo a banda alternativa mais encantadora que há por aí.  ••  (check this out!)

 

Savages – Adore Life

O segundo disco das garotas é mais introspectivo, com seu rock darkwave contemplando a vida na expectativa de refrões que explodem em guitarras e na pregação da vocalista Jehnny Beth.
Melhores faixas: Adore ••  (check this out!)

 

Shit Robot – What Follows

O espírito da DFA nova-iorquina segue mais vivo do que nunca, com o LCD Soundsystem de volta aos palcos e o Shit Robot num EP ensinando ao mundo como se faz techno-pop.
Melhores faixas: Lose Control (Feat. Nancy Whang) ••  (check this out!)

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Undeworld – Barbara Barbara, We Face a Shining Future

Seis anos sem lançar nada e o Underworld volta com um curioso disco, eclético. Vibe indie rocker 90s eletrônica e nostalgia acid house farão os fãs amar, mesmo sem haver um grandioso single.
Melhores faixas: I Exhale ••  (check this out!)

 

Wareika ‎- The Magic Number

Trio alemão segue projetando o deep house no pop, com a adição de guitarras e muitas melodias. The Magic Number nasce pronto para ser tocado e  remixado e explodir em Ibiza e no D-Edge.
Melhores faixas: Planet of Jason ••  (check this out!)

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