Sem nome e sem identificação, cópias do disco foram dadas como brinde aos clientes das lojas da Third Man Records por um único dia
Pode-se esperar muita coisa do cara responsável pelo mais rápido show da história da música pop. Com sucesso, Jack White gosta de subverter estruturas do mercado da música, fazendo tudo meio que ao contrário do que se imagina como padrão. Recentemente, deu mais uma prova de seu modo único de tocar os negócios de sua gravadora, a Third Man Records, que possui lojas em três cidades: Nashville e Detroit, nos EUA, e Londres, na Inglaterra.
Na condição de “dono de selo”, o cara é conhecido por estar sempre de olho em novos talentos da música, gente que ainda não tem nenhum disco lançado e enfrenta a dura batalha que é iniciar uma carreira no meio. Tudo no catálogo é alvo de um cuidado bastante carinhoso. Os discos são lançados em vinil, CD e cassetes, com belas capas e vendidos nas três lojas e também em seu site oficial, que ainda comercializa livros bacanas, merchandise das bandas e ingressos para shows.
Surpreeendente em estratégias, tudo indica que White optou por encobrir um pouco sua posição de chefão e artista mais conhecido da Third Man. O músico lançou seu mais novo álbum solo, em vinil transparente, totalmente na miúda. O novo disco foi simplesmente colocado como brinde nas sacolas de quem fazia compras em uma das unidades da loja no último dia 19. Sem título (consta apenas como “No Name”), sem selo, sem arte na capa. E, ao ouvir, bingo! Tratava-se de um inédito de Jack White.
A única campanha de lançamento feita em torno do disco foi uma audição completa promovida pela rádio pública de Detroit WDET 101.9 FM, que tocou metade do seu conteúdo aos ouvintes.
Claro que o plano “não ter estilo também é um estilo” deu muito certo. Tão logo os consumidores descobriram que aquele misterioso vinil transparente era, na verdade, um novo álbum de White, rolaram os primeiros posts na internet, e todo mundo tratou de correr atrás da sua cópia. A sacada prova que, no munda da música, fazer diferente é a melhor saída para chamar a atenção.
Mas a coisa não parou por aí. As faixas não foram lançadas nas plataformas de streaming. No Instagram da Third Man, a gravadora colocou uma foto do vinil com a ordem “Rip It” por escrito. “Ripar” um disco é o ato de colocá-lo para tocar, gravar em formato digital e sair distribuindo gratuitamente para os amigos. Mais ou menos o que se fazia com as fitas cassete, décadas atrás. Assim, podemos encontrar no YouTube vários vídeos de fãs que publicaram o álbum na íntegra.
Mandando a galera copiar à vontade, Jack deu carta branca para um exército de fãs trabalhar como promotores de seu novo disco. Mas não há dúvida de que em pouco tempo vai ter gente dando um rim para conseguir a cópia em vinil. Medalha de ouro para Jack White na modalidade “promoção artística”!