Kämah por Guilherme Ferreira KIKO

‘Incentivem amigas a tocar’, diz baterista do trio instrumental Kämah

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

Kämah por Guilherme Ferreira KIKO

O mantra ainda vive: chill out or die. Quem chega para ajudar em grande estilo, com referências fodas e um groove matador, é o Kämah, trio instrumental formado pelos talentosos Camila Ribeiro (bateria); Rob Ashtoffen (guitarra) e Thiago “Manteiga” Amarante (baixo).

Com influências de neo-soul, downbeat, gospel, funk-rock turco dos anos 70 e thai-funk, o trio se apresenta com um repertório autoral de sons mais etéreos, climáticos, como também, mais dançantes e sensuais.

A sensualidade, aliás, é o tema central da banda que propõe fazer uma “trilha sonora para fazer amor”. O trabalho visual da banda fica por conta de Camila e Manteiga que são designers. Camila propôs o nome Kämah, que é dar boas vindas em sudanês. A banda planeja gravar seu primeiro disco ainda esse ano, com participações especiais e instrumentos inusitados.

Em que aspectos o machismo na música é mais evidente?
Camila Ribeiro – O estereótipo de “mulher musa vocalista” é um deles. O tratamento que técnicos de som e outros músicos homens tem com musicistas é o grito alto da aberração toda. A desconfiança no seu potencial (“será que ela toca mesmo?”). Acho que quanto mais mulheres tocando e ocupando os espaços, mais iremos nos sentir a vontade pra compor e nos apresentar. Incentivem suas amigas a tocar um instrumento.

O que está rolando de mais interessante na música hoje?
Camila – A cena eletrônica em São Paulo hoje é o que rola de mais interessante, não sou muito conhecedora mas sou apreciadora assídua, sempre que posso vou ver artistas fazendo som só com pedal, MPCs, drum machines, controladores e mixers, pra mim que sou baterista é muito gostoso ver a construção dos beats e as camadas de som em equipos eletrônicos. Tudo acaba sendo referência.

Rob Ashtoffen – Acho interessante como as barreiras entre as estéticas musicais estão se dissolvendo. Eu aprecio o ponto de vista da música como uma linguagem e diversos dialetos, formas de sentido e expressão. O hip-hop é uma prova disso, a música instrumental, o jazz, o pop. O lance é pesquisar, estudar cada peculiaridade de um som que a gente goste. A internet ajuda muito nessas descobertas.

Que diferenças destaca entre a nova geração da música instrumental e a de grandes monstros como Hermeto, Gismonti e Moacir Santos?
Camila – Música instrumental sempre me passou uma impressão de ser som que quem toca/curte é nerd “musicão da porra” e virtuósos, acho que vc não precisa ser o rei da complexidade pra fazer som instrumental, o vocal é só um elemento a menos na música, o que importa é passar o que vc quer na música, não se preocupar com a virtuosidade pra preencher esse suposto “vazio” da mensagem cantada. A mensagem tá no todo.

Quais são suas principais referências estéticas fora da música?
Camila – A gente curte brincar com a estética, nos inspiramos em alguns filmes pra fazer as fotos e as primeiras divulgações. Sei la, acabou ficando uma mistura de excêntricos, amantes e decadentes, a gente brinca com o “Loveage” essa coisa meio cafona sensual e falamos que fazemos musica pra fazer amor (risos), então a gente sempre pensa em passar essa zoeirinha visualmente também. A estética é parte do som, vamos criando conforme vamos compondo também, é tudo uma coisa só.

Quais são suas maiores influências?
Camila – Madonna.

Quais são suas próximas jogadas?
Rob – Esse ano vamos gravar um disco. Vamos contar com participações, alguns instrumentos como percussões. E durante esse ano fazer muitos shows, lançar um single no segundo semestre.

Camila, você usa um set bastante enxuto de bateria, como desenvolveu este formato e a sua técnica?
Camila – Eu curto coisa simples e consistentes (J Dilla <3) , acho que pro tipo de som que a gente toca, o que eu faço é só uma cama (risos) o mais precisa possível para as cordas dançarem em cima… pensando bem, se eu for aumentar alguma peça seria um pad eletrônico.

SERVIÇO

O próximo show do Kämah é dia 29 de março com o Lotx, na Fauhaus
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