Hip-hop brasileiro Marcos Telesforo, Fernando, DJ Hum, Thaíde, Who e Marcelo na Estação São Bento. Foto: Sergio Amaral/Estadão Conteúdo

História do hip-hop brasileiro será contada no Sesc 24 de Maio

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Exposição HIP-HOP 80’sp – São Paulo na Onda do Break abre no próximo dia 24, e fica em cartaz até março de 2026

Poucos movimentos culturais renderam histórias tão belas quanto o do hip-hop brasileiro. Muito antes do surgimento de termos como atravessamento, representatividade e, principalmente, ocupação de lugares públicos, uma molecada dos quatro cantos da cidade se reunia no centro de São Paulo, mais precisamente no pátio de uma estação de metrô, para encontros informais envolvendo dança, música e união da quebrada. O movimento brasileiro perdeu pouquíssimas figuras-chave ao longo do tempo, e isso tem uma explicação clara: hip-hop é sobrevivência. Eis que algumas das principais cabeças (as molecas e moleques da estação São Bento) se juntaram para uma exposição histórica no Sesc 24 de Maio, aberta ao público a partir do próximo dia 24.

Juntos, os pioneiros OSGEMEOS, Rooneyoyo O Guardião, KL Jay (DJ histórico dos Racionais MC’s), Thaíde, Sharylaine (a primeira dama do rap nacional), Rose MC e o b-boy ALAM Beat reuniram mais de três mil peças de seu acervo pessoal para contar a história do começo de tudo, na década de 80. Fotos, roupas, boomboxes e muito mais, prontas para levar o público a uma verdadeira viagem no tempo e uma imersão do que São Paulo produziu de melhor em cultura jovem. Nada superou o hip-hop no fomento à evolução pessoal de toda uma geração periférica brasileira. Além dos diamantes citados, Nelson Triunfo, Billy, Pierre, Ricardinho e Renilson (do grupo Electric Boogies) também contribuíram com seu acervo pessoal.

Além da exposição, o Sesc 24 De Maio também exibirá filmes que foram essenciais para a estética desta cultura no Brasil: Flashdance (1983), Beat Street (1984) e Breakin’ (1984), que ajudaram a popularizar a cultura. Dançarinos e DJs da aurora do movimento chegavam a ir dezenas de vezes ao cinema assistir ao mesmo filme, para então copiar os passos de dança das cenas em casa, em um mundo muito antes do YouTube e no qual mesmo as videolocadoras eram acessíveis a poucos! A mostra ainda reserva um espaço para contar sobre a “origem da origem”, apresentando um pouco do movimento nova-iorquino através das lentes da fotógrafa Martha Cooper.

A exposição fica em cartaz por quase um ano, até março de 2026. Dá para conhecer, voltar, ficar com saudade e voltar de novo. O hip-hop brasileiro merece!

Hip-hop brasileiro

Sharylane em 1988. Foto: Acervo pessoal Sharylane

Serviço

Exposição: HIP-HOP 80’sp – São Paulo na Onda do Break
Curadoria: OSGEMEOS, Rooneyoyo O Guardião, KL Jay, Thaíde, Sharylaine, ALAM Beat e Rose MC
Período expositivo: 24 de julho de 2025 a 29 de março de 2026
Horário de funcionamento: terça a sábado, das 09h às 21h; domingos e feriados, das 09h às 18h
Local: Sesc 24 de Maio – Rua 24 de Maio, 109 – República, São Paulo/SP
Classificação Livre | Entrada gratuita
Agendamento de visitas para grupos: agendamento.24demaio@sescsp.org.br
Realização: Sesc São Paulo
Organização: OSGEMEOS, Ori Arerê Arte & Cultura, Buenavista, Naja Produções
Produção executiva: Camila Miranda e Ricardo Samelli

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.