Gui Boratto comanda a primeira apresentação de áudio imersivo no Brasil. Grandes artistas prometem seguir a tendência
Sistema de apresentação que usa a tecnologia Dolby Atmos, já presente no cinema e nos games, estreia em apresentações ao vivo em festivais no Brasil nesta quinta-feira em Santa Catariana.
Um estúdio paulistano está trazendo ao Brasil a audição imersiva, uma nova tecnologia que promete elevar a percepção que temos da música em apresentações ao vivo. A audição imersiva permite que os elementos da música flutuem em 360 graus pela plateia, usando para isso uma série de caixas de som na altura dos ouvidos e acima da cabeça do público.
Cada elemento sonoro vaga por diversos canais sonoros, possibilitando uma audição “espacial” de uma obra musical. O sistema, que já vêm sendo utilizado em cinemas e games – há fones de ouvidos e até celulares adaptados para transmitir a experiência criada pela empresa Dolby, chamada Atmos – agora chega aos palcos graças à iniciativa do estúdio paulistano ANZ Immersive Audio, criado há dois anos.
Nesta quinta (21), Gui Boratto apresenta pela primeira vez no Brasil um show usando esta tecnologia para uma grande plateia. Seu live PA será exibido na tenda Nomad do Festival Surreal, em Camboriú. No show, Boratto poderá mixar os elementos de sua música ao vivo utilizando-se dos recursos que o sistema Dolby Atmos proporciona, usando uma infraestrutura de caixas de som montada pelo estúdio paulistano.
“A Dolby Atmos está fazendo esta autoração de áudio imersivo em filmes, tem vários álbuns também. Eu refiz o Chromophobia [primeiro álbum, lançado em 2007] inteiro em edição comemorativa de quinze anos. Além de fazermos uma edição especial da Kompakt em vinil colorido, já está disponível na Apple Music a nova versão em Dolby Atmos. Foi então que o André [Zabeu, fundador do estúdio ANZ] me falou, ‘Gui, vamos fazer o primeiro live em Atmos do Brasil e quiçá da América Latina’. Rolou, e o pessoal já está em Balneário instalando as caixas no teto e tudo o mais. No lugar de ter apenas um (controle) L/R [left/right, como são chamados os canais estéreo no áudio], você tem ‘trocentos’ movimentos em que cada elemento do som vai para uma caixa, viaja de um lado para outro, etc. É uma tecnologia que também consegue ser entregue num fone normal. A Dolby faz um autoração infinitamente mais legal do que o Surround 5.1 ou 7.1, por exemplo”, nos explica o empolgado Gui Boratto.
A infra montada pelo estúdio no Festival Surreal é portentosa. Caixas posicionadas na altura dos ouvidos e no alto, para permitir uma audição em 360 graus, computadores, placas de som e muitos metros de cabos. A ideia da ANZ é seguir com cada vez mais eventos neste formato. O próprio lançamento da nova versão do Chromophobia já está sendo preparada. Além disso, o estúdio pretende estender o formato a outros artistas, além de permitir a gravação e a mixagem de novos discos neste formato.
“Minha primeira experiência com áudio imersivo foi um divisor de águas pra mim. Quase morri. Agora com mais experiência com a tecnologia posso garantir aos amantes da música, como eu, que se trata de algo inédito. Tudo o que eu toco e produzo hoje quero sentir em Atmos”, diz a DJ e produtora paulistana Paula Chalup, uma das principais colaboradoras do estúdio ANZ .
No que diz respeito aos shows com audição imersiva, o Brasil dá a largada na frente de diversos outros países em uma configuração que deve virar tendência. A banda americana Aerosmith já colocou à venda ingressos para uma série de shows em Dolby Atmos que acontecerão em junho na cidade de Las Vegas.
Durante a pandemia, o ANZ Immersive Audio produziu algumas lives para apresentar a nova tecnologia aos ouvintes. O próprio Gui Boratto foi um dos convidados. Recomenda-se ouvir com fones de ouvido e, se seu computador ou celular tiver esta configuração, ativar o sistema Dolby Atmos.
Serviço:
Festival Surreal #1 – Projeto Terra
Camboriu – Santa Catarina
Data: 20 a 23 de abril
Ingressos: Sympla