Fyre Festival Imagem: Reprodução

Nova MTV? Cancelado, Fyre Festival será plataforma de streaming

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Documentarista Shawn Rech comprou a marca de Billy McFarland para transformá-la em um serviço de streaming dedicado à música

“Ah, isso aí não vai dar certo, não. O lugar tem uma caveira de burro enterrada.” A frase é comum no Brasil quando nos referimos a um imóvel ou a um empreendimento que, por mais que se tente, troque de nome, reforme ou ressuscite, sempre acaba em falência financeira. Tudo indica que, nos Estados Unidos, o povo é bem menos supersticioso.

Fyre Festival
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O documentarista Shawn Rech é um dos que não acredita na maldição. O cara acabou de comprar os direitos de marca da maior falcatrua dos últimos tempos no meio do entretenimento, o Fyre Festival. Um rolê tão errado que acabou em cadeia para seu criador, Billy McFarland, por fraude financeira. O empresário vendeu ingressos a preços milionários para um festival de música no Caribe que simplesmente não aconteceu. Ao sair da cadeia, McFarland disse que “aprendeu com os erros” e anunciou uma segunda edição, o Fyre 2, no México. Só esqueceu de pedir as autorizações para as autoridades do país. Quando o governo local ficou sabendo da divulgação, veio a público e avisou: “o Fyre Festival não vai acontecer aqui”.

Batata: bastaram algumas semanas para McFarland avisar que o evento havia realmente sido cancelado. Ao contrário do que aconteceu na primeira edição, no entanto, desta vez os compradores de ingresso não precisaram viajar até o Caribe para se ligar que de o rolê não iria acontecer.

Shawn Rech é um documentarista especializado no gênero true crime. Já dirigiu séries sobre estupradores, assassinos e traficantes, o que explica certa familiaridade com o submundo do qual Billy Mcfarland insiste em flertar, no ramo do estelionato. Rech decidiu comprar a marca Fyre Festival para transformá-la em um serviço de streaming de vídeo especializado em música — “uma nova MTV“. O diretor já possui um serviço parecido dedicado ao true crime, chamado Trueblu.

“Os canais de música só passam programas agora, e eu não tenho interessem em ver pessoas escorregando em bananas. Não tem nada a ver com música. Eu precisava de um nome grande, do qual as pessoas se lembrariam, mesmo que esteja vinculado à infâmia. É por isso que eu comprei a marca”, disse o diretor à revista Deadline.

O nome de McFarland foi limado do anúncio, o que indica que o homem famoso por ter criado um festival que não acontece não terá nenhum cargo na nova empreitada.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.