Quando a idolatria passa dos limites
Segundo a psicologia, ser fã é desenvolver um processo gradual de identificação com seu ídolo, alguém que acredita-se ter qualidades extraordinárias ou realiza proezas incomuns. O lance começa com uma admiração, que leva o admirador a acompanhar mais de perto a jornada do seu herói, e a relação cresce a ponto de ativar o que a neurociência chama de “neurônios-espelho”.
A partir do desenvolvimento de empatia pelo ídolo, os neurônios-espelho são ativados e passam a trabalhar por conta própria e incansavelmente. A partir daí, o fã começa a viver a vida de seu ídolo por tabela. Se alegra por grandes conquistas ou chora por seus revezes, como se estivesse sentindo na própria pele.
Não à toa, o termo vem do adjetivo “fanático”. Aquele “que se mostra excessivamente entusiástico, exaltado, de uma devoção quase sempre cega; apreciador apaixonado”, como define o dicionário Houaiss. Não precisa ser Freud para supor que ultrapassar os limites do bom senso é fácil demais.
Neste 17 de março, celebramos o Dia do Fã. Dia do amor e do ódio, e de muita grana envolvida. São os fãs que movimentam o grosso mercado de merchandise, os produtos licenciados com os rostos de seus ídolos. Caso de Alan Smith-Allison, inglês que conseguiu a proeza de gastar 200 mil libras (mais de um milhão de reais) em produtos das Spice Girls.
Mas torrar o cartão de crédito, nem de longe, é a maior das bizarrices que artistas foram obrigados a enfrentar.
Narcisismo recompensado
Taylor Swift recebe milhares de presentes de seus swifties mundo afora, e até os encoraja a fazer isso. O apoio da ídola, claro, gerou uma certa competição.
Um fã americano mandou-lhe uma tartaruga viva, com o rosto da cantora pintado no casco da coitada. Outro, usando “técnicas alienígenas”, desenhou o rosto da cantora em uma plantação de milho, e fotografou de um avião.
Toma que o filho é teu
Dolly Parton, grande cantora americana de country music, já está acostumada com as reverências que seus fãs fazem a seu maior sucesso, Jolene. Mas uma delas foi até onde ninguém jamais poderia imaginar. Deixou seu bebê recém nascido na porta da casa da cantora, com um bilhete: “Ela se chama Jolene, e quero que você a crie e eduque”. Completamente atordoada, Parton ligou para a polícia e nunca mais procurou saber sobre o assunto.
Amigo do peito
John Boyega, ator de filmes como Star Wars e Detroit, recebeu em sua casa uma caixa com tapa mamilos com sua cara impressa. O pacote era anônimo, e a intenção de quem teve essa estranha ideia promocional, indecifrável.
Não se faça de surdo
Dentre as bizarras e extremas situações vividas por artistas ao lidar com fãs, talvez a medalha de ouro deva ir a Jared Leto, acompanhado de um vale terapia de alguns anos. Em entrevista à rádio britânica Xfm, em 2013, o artista alegou já ter recebido de presente, dentro de uma caixa, uma orelha humana cortada, com o singelo recado: “are you listening?” (você está ouvindo?). E ainda revelou ter feito um furo nela para usar no pescoço.
Dias depois, para provar que não estava mentindo, postou uma foto do colar de orelha em seu Instagram (a publicação já não existe mais). Até hoje, muita gente acha que a orelha era falsa, e que o ator e músico teria inventado toda a história.
Tamo sempre junto
Jessie J quebrou a perna enquanto ensaiava para sua temporada de shows. Fez a besteira de expressar sua carência, publicando o acontecido em suas redes sociais. Dias depois, recebeu a foto de uma garota que quebrou a perna de propósito, no mesmo lugar que Jessie. “Tudo para ser igualzinha a você”, dizia a mensagem que acompanhava a prova de loucura.
União civil compulsória
Vai ter de casar, e na marra! Uma fã ardorosa de Kanye West achou uma forma mais fácil de passar por toda a chateação de conhecer, apaixonar, namorar e casar com seu ídolo. Linda Resa, em 2012, simplesmente foi ao cartório e mudou seu nome para Kanye Resa West, se tornando “oficialmente” a esposa do controverso rapper.
Amor na pele
Zac Efron mostrou ao mundo como se não se deve comportar com lunáticos. Uma fã enviou a ele, de presente, um pedaço da sua própria pele. A obsessão mórbida que leva alguém a tomar uma atitude como essa nos faz perguntar: como ajudar um adolescente como essa? Efron, pelo jeito, sabe como piorar a situação.
O ator não só tornou pública a prova da automutilação, como ainda agradeceu o “presente gentil” recebido. Parabéns a todos os envolvidos.
Amor paternal
Essa é sensacional. Tom Felton, o ator que interpretou o loirinho mala Draco Malfoi na saga Harry Potter, teve de correr de um fã absolutamente vidrado na ideia de… adotá-lo. O mais doido da história é que, na verdade, o fã paternal não queria mesmo o ator, mas o personagem que ele interpretava na série de filmes.
O doido mudou seu nome legalmente para Lucius Malfoi (o pai de Draco, na ficção), e ficou enchendo Felton para também mudar o seu, na vida real, para a graça de seu filho na história de J. K. Rowling.
Pertinho do meu c… oração
Todo fã deseja ter seu ídolo bem pertinho em seus momentos mais íntimos. Talvez seja por isso que Harry Styles tenha recebido um rolo de papel higiênico com seu próprio nome impresso. Personalizado. O presente foi enviado, anonimamente, ao artista há mais de dez anos.
Se Harry achou ruim, imagina agora que ele recebeu mais de oito mil cartas de uma brasileira obcecada em menos de um mês.
Obsessão talarica
Imagine alguém tão apaixonado, mas tão apaixonado… pela sua mulher! Pois é, Justin Bieber teve de conviver com a essência da talaricagem disfarçada de admiração quando viu um fã se ajoelhar e oferecer um anel de noivado para sua esposa, Hailey. O astro não gostou muito do que teve de passar, mas, pelo menos, não viu sua garota ir embora com um desconhecido.