O maior festival do país encerrou sua maratona neste domingo, em dia dedicado ao protagonismo feminino
Começando pelas certezas da edição 2022 do Rock in Rio: a equipe de organização não teve prejuízo. Com carga de ingressos totalmente vendida para todos os dias do evento, dezenas de ativações de marca, stands, camarotes vips e muito consumo sem chuva ou frio, dá para cravar que o festival foi um tremendo sucesso.
Como acontece em todos os eventos deste porte, um dos assuntos da ressaca são as grandes apresentações, de artistas tarimbados ou que surpreenderam pela postura e interação com o público. Coldplay tocou junto com a multidão que estava lá . O grupo trabalha para festivais, e é por isso que abusa de músicas com “oh oh oh” no coro e com letras que propõe diálogos.
E como respeito é bom e a gente gosta, o público caiu de amores quando eles tocaram uma versão em português de Magic. Assim ficou difícil. Foram o grande destaque do final de semana.
Quem também agradou muito foi Måneskin. E eles também se utilizaram das frases decoradas em português para ganhar o público já nos cumprimentos iniciais. E como desrespeito é bom e a gente também gosta. Mandou um “porra, caralho”, termos tão utilizados por nós em diferentes contextos e humores, para substituir grandes parágrafos descritivos.
Os italianos (que ganharam fama participando do programa de talentos X Factor Europeu) roubou a noite do headliner principal Guns and Roses. O que não foi difícil. O público testemunhou mais uma performance sofrível de Axl Rose, que voltou a pedir desculpas no dia seguinte pelas redes sociais, jogando a conta em uma gripe.
No palco Sunset, Gloria Groove e Duda Beat dividiram a responsa da noite com Jessie J e Corine Bailey Rae. O palco eletrônico foi de Gui Boratto, grande produtor mundialmente respeitado. Francisco El Hombre fechou o palco Supernova, mais uma passo importante na caminhada da banda que se mostra cada vez maior.
Quem já foi a um show pequeno de punk rock sabe a zona que se forma em cima do palco (quando existe um, claro). Amigos subindo, roubando microfone, trombando em baterista, e tropeçando nos cabos. O Green Day, pelo jeito, não se esqueceu daqueles tempos e promoveu uma baita festa em cima do palco duranta sua apresentação, sexta-feira, no palco Mundo. Teve pedido de casamento, fã subindo para cantar, fã subindo para tocar guitarra e cover de Rock and Roll All Nite, do Kiss. É impressionante como o trio ex-americano (Billy Joel pediu o cancelamento da sua condição de cidadão americano, em protesto às atitudes conservadoras do governo) consegue tocar punk rock crú de uma forma que soe intensa (e interessante) em palcos enormes e plateias de dezenas de milhares de pessoas. O grupo dividiu o protagonismo com o ótimo show de Billy Idol, também lotado e feliz. No palco Sunset, Avril Lavigne transformou o Rock in Rio na Disnelylandia em que todos os seus fãs cresceram.
De volta ao sábado, dia de Coldplay, Cee lo Green trouxe ao festival um show em homenagem a James Brown. O agudinho de Green arranha a memória que temos das potentes, insanas interpretações ao vivo do rei do funk, mas a estranheza foi compensada por uma senhora (e so funky) banda de apoio. O cantor convidou Luiza Sonza, que mandou bem cantando It’s a Man’s World, embutindo à música a devida ironia.
Domingo, pelo menos, não foi dia de mundo masculino. O Rock in Rio dedicou o último dia do festival a um line up, nos palcos principais, exclusivo com artistas mulheres. O palco principal começou com Ivete Sangalo e terminou com Dua Lipa. O Sunset teve linda e merecida homenagem à Elza Soares, abrindo para Macy Gray e com fechamento de Ludmilla. E o palco New Dance Order proporcionou a festa das DJanes, num grande rolê de apoio mútuo, de união, como você pode ler em nossa resenha especial.
Confira nossa galeria de fotos, por Tati Silvestroni