Macy Gray Macy Gray – foto: Tati Silvestroni

Etapa final do Rock in Rio. Fiasco do Guns’n’Roses, casa cheia e dia dedicado às artistas mulheres. Confira 300 fotos exclusivas

Jota Wagner
Por Jota Wagner

O maior festival do país encerrou sua maratona neste domingo, em dia dedicado ao protagonismo feminino

Começando pelas certezas da edição 2022 do Rock in Rio: a equipe de organização não teve prejuízo. Com carga de ingressos totalmente vendida para todos os dias do evento, dezenas de ativações de marca, stands, camarotes vips e muito consumo sem chuva ou frio, dá para cravar que o festival foi um tremendo sucesso.

Como acontece em todos os eventos deste porte, um dos assuntos da ressaca são as grandes apresentações, de artistas tarimbados ou que surpreenderam pela postura e interação com o público. Coldplay tocou junto com a multidão que estava lá . O grupo trabalha para festivais, e é por isso que abusa de músicas com “oh oh oh” no coro e com letras que propõe diálogos.

E como respeito é bom e a gente gosta, o público caiu de amores quando eles tocaram uma versão em português de Magic. Assim ficou difícil. Foram o grande destaque do final de semana.

Quem também agradou muito foi Måneskin. E eles também se utilizaram das frases decoradas em português para ganhar o público já nos cumprimentos iniciais. E como desrespeito é bom e a gente também gosta. Mandou um “porra, caralho”, termos tão utilizados por nós em diferentes contextos e humores, para substituir grandes parágrafos descritivos.

Os italianos (que ganharam fama participando do programa de talentos X Factor Europeu) roubou a noite do headliner principal Guns and Roses. O que não foi difícil. O público testemunhou mais uma performance sofrível de Axl Rose, que voltou a pedir desculpas no dia seguinte pelas redes sociais, jogando a conta em uma gripe.

rock in rio

Green Day garantido o tradicional clique com a bandeira. Foto: Tati Silvestroni

No palco Sunset, Gloria Groove e Duda Beat dividiram a responsa da noite com Jessie J e Corine Bailey Rae. O palco eletrônico foi de Gui Boratto, grande produtor mundialmente respeitado. Francisco El Hombre fechou o palco Supernova, mais uma passo importante na caminhada da banda que se mostra cada vez maior.

Quem já foi a um show pequeno de punk rock sabe a zona que se forma em cima do palco (quando existe um, claro). Amigos subindo, roubando microfone, trombando em baterista, e tropeçando nos cabos. O Green Day, pelo jeito, não se esqueceu daqueles tempos e promoveu uma baita festa em cima do palco duranta sua apresentação, sexta-feira, no palco Mundo. Teve pedido de casamento, fã subindo para cantar, fã subindo para tocar guitarra e cover de Rock and Roll All Nite, do Kiss. É impressionante como o trio ex-americano (Billy Joel pediu o cancelamento da sua condição de cidadão americano, em protesto às atitudes conservadoras do governo) consegue tocar punk rock crú de uma forma que soe intensa (e interessante) em palcos enormes e plateias de dezenas de milhares de pessoas. O grupo dividiu o protagonismo com o ótimo show de Billy Idol, também lotado e feliz. No palco Sunset, Avril Lavigne transformou o Rock in Rio na Disnelylandia em que todos os seus fãs cresceram.

De volta ao sábado, dia de Coldplay, Cee lo Green trouxe ao festival um show em homenagem a James Brown. O agudinho de Green arranha a memória que temos das potentes, insanas interpretações ao vivo do rei do funk, mas a estranheza foi compensada por uma senhora (e so funky) banda de apoio. O cantor convidou Luiza Sonza, que mandou bem cantando It’s a Man’s World, embutindo à música a devida ironia.

Domingo, pelo menos, não foi dia de mundo masculino. O Rock in Rio dedicou o último dia do festival a um line up, nos palcos principais, exclusivo com artistas mulheres.  O palco principal começou com Ivete Sangalo e terminou com Dua Lipa. O Sunset teve linda e merecida homenagem à Elza Soares, abrindo para Macy Gray e com fechamento de Ludmilla. E o palco New Dance Order proporcionou a festa das DJanes, num grande rolê de apoio mútuo, de união, como você pode ler em nossa resenha especial. 

Confira nossa galeria de fotos, por Tati Silvestroni

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

× Curta Music Non Stop no Facebook