Especial Novas Frequências. Saiba sobre as atrações e momentos inesquecíveis do festival de música experimental que completa 10 anos

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Em 2020, o Festival Novas Frequências, dedicado à música experimental, celebra 10 anos. Pedimos ao realizador do rolê Chico Dub para contar a história do festival e ainda tudo o que está por vir na décima edição. Confira o segundo capítulo desta história.

Por Chico Dub

Como prometido, aqui está a 2ª (e última) etapa da retrospectiva ano-a-ano do Frequências até chegarmos em 2020 – ocasião em que o festival celebra 10 anos. Apertem os cintos!

 2016

Elysia Crampton

Os dois primeiros dias da 6ª edição do NF foram realizados no Galpão Gamboa durante a reabertura do espaço após ampla reforma e aumento de área útil — um espaço monstro, giga, no coração da cidade que recebeu 25 atrações em suas diversas salas e andares. Realizamos performances, live P.A’s ao ar livre, DJ sets, instalações sonoras e uma rodada de negócios, onde curadores e diretores de festivais europeus se encontraram com cena local em busca de trocas e parcerias. A grande novidade de 2016, ano em que o Novas Frequências foi finalista do Prêmio Bravo! de Melhor Evento de Cultura do País, veio a ser uma parceria com o SHAPE, uma plataforma voltada para música, a arte sonora e a performance audiovisual fundada por festivais e centros culturais da Europa que possibilitou a vinda de 13 artistas emergentes de 12 países.

 

2017

Rakta

2017 ficou marcado como o ano em que William Basinski, o maior nome da música ambiente contemporânea, lotou a Igreja da Lapa – a mais antiga da cidade! – em missa para o seu amigo recém falecido David Bowie num dos eventos mais concorridos da história do festival. Mas também realizamos uma instalação sonora multicanal, com 14 caixas de som, no pilotis do MAM-Rio, uma cortesia dos artistas Nicolas Field e Pontogor. E desenvolvemos 3 performances com a dupla Dewi de Vree & Patrizia Ruthensteiner, uma delas em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos maiores cartões postais da cidade. Durante a 7ª edição, o NF foi eleito pelo segundo ano consecutivo  como um dos 100 melhores festivais do mundo segundo a plataforma inglesa Resident Advisor.

 2018

Aluine O’Dwyer

 Das performances diárias de piano acústico em diálogo com os sons da cidade – da Pedra do Arpoador ao Aterro do Flamengo; do Paço Imperial à Praça Xavier de Brito – performadas pela irlandesa Áine O’Dwyer, aos gigantes da música experimental Keiji Haino, Fennesz e Moritz Von Oswald, passando pelo misto de show/performance/instalação com duração de (!!!) 24 horas no Oi Futuro Flamengo encabeçado pelo quarteto Cão, teve de tudo um pouco na 8ª edição do Novas Frequências; a “edição do infinito”.

 

2019


“Fora do palco”, tema da 9ª edição, foi uma espécie de grito/manifesto em prol de uma música 360º, espalhada por todos os cantos da cidade. Foram oferecidos ao público jantares harmonizados a partir das frequências dos chakras; apresentações de música acusmática inspiradas nas encruzilhadas da cidade; filmes de artista; trilha sonora para ser escutada em fones de ouvido durante percurso a pé; parcerias inéditas entre artistas do som e da dança/performance; concertos guiados por sons ambientes da Amazônia e Rio de Janeiro; uma intervenção – em movimento – de uma Kombi de feira, daquelas que vendem ferro velho, legumes e verduras; um cortejo de ruído pelas ruas do Centro; e uma ocupação de dois dias no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Em 2019, o NF, no sem dúvida ano mais ousado de sua história, também se aventurou para além da capital do Estado com uma programação extra batizada de “Fora do Rio”. Das serras à Baixada; de Niterói ao Norte Fluminense, o festival passou por 10 municípios num processo de descentralização da cultura com o intuito de formar novos públicos e fomentar novas redes.

 

A partir da próxima semana, decupo com muita calma a 10ª edição do NF através de uma série de novos textos. Mesmo com pandemia e uma situação pra lá de adversa, estou bastante feliz com o tema e o formato. No melhor espírito Novas Frequências, pelo menos aqui, não vai ter nada de show ao vivo (ou pré-gravado), live ou coisa do gênero. Sim! É isso mesmo!!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.