
Em 1992, uma briga entre um padre e alunos revoltados ajudou o Queen a voltar às paradas
Uma escola conservadora proibiu os alunos de cantarem We Are The Champion, do Queen, na formatura? A treta resultou na volta da febre Queen nos Estados Unidos
“Tá proibido”, decretou o padre e direto da escola católica Donald Quinlan. Os formandos da escola Sacred Heart, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, estavam oficialmente proibidos de cantar We Are The Champions, hit motivacional do Queen, em sua cerimônia de formatura, no ano de 1992. Freddie Mercury, frontman do grupo, havia morrido recentemente de AIDS, então uma epidemia mundial, além de ser abertamente bissexual.
A banda britânica Queen havia conquistado os corações de toda uma nova geração estadunidense graças ao filme Quanto Mais Idiota Melhor (Wayne’s World, lançado em no mesmo ano) com a icônica cena dos quatro amigos ouvindo e cantando Bohemian Rapsody, outro hit da banda, passeando de carro. A febre foi tamanha que o single da música foi relançado, 17 anos depois, nos Estados Unidos, para alimentar a garotada infectada pela febre Queen.
Ao contrário do que o próprio padre Quinlan poderia supor, a proibição causou um barulho gigantesco na cidade. Sua escola era conhecida pelo método de ensino com “altos valores morais”. Ressuscitando o mais belo espírito transgressor do rock’n’roll, conectaram a proibição da escola ao mais puro suco da homofobia. A única explicação, na verdade, já que We Are The Champion não tem, em qualquer verso, alguma mensagem que desabone os tais “valores morais” defendidos pela instituição. A birra era com Freddie Mercury mesmo. O caso ganhou as TVs e jornais locais, e os alunos da escola chegaram a convidar a ACT-UP, ONG que lutava contra o preconceito às vítimas da AIDS para um protesto conjunto no campus, que resultou em confusão e dois ativistas presos pela polícia.
A treta tomou dimensão tamanha, que jovens de toda a cidade se uniram ao estudantes do Sacred Heart e bolaram uma ação de combate diferente. Bombardearam os telefones da rádio Z100 pedindo a música, que voltou a se tornar um hit décadas após chegar às lojas do país pela primeira vez. A gravadora detentora do catálogo do Queen, que não é boba, se apressou em relançar We Are The Champions em single no dia 29 de maio de 1992. Vendeu tanto que chegou ao ranking dos 50 mais naquele ano. Vitória dos alunos de Nova Jersey.
A escola tratou de vir a público, através do porta voz (e também padre) Julian Varettoni, declarou à Associated Press que a proibição “nada a tinha a ver com o estilo de vida do artistas. Se os alunos tivessem escolhido a música “Popeye, O Marinheiro”, seriam proibidos do mesmo jeito. Pouquíssima gente acreditou.