Wayne's World Wayne’s World – foto: Divulgação

Dez fatos curiosos sobre Wayne’s World. Comédia que há trinta anos inventava o orgulho nerd

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Há 30 anos atrás chegava ao cinema o filme Wayne’s World, contando a história de dois amigos esquisitões e fãs de rock’n’roll que apresentavam um programa de TV caseiro na rede pública americana. O filme trouxe a atenção aos excluídos e foi responsável pelo nascimento do orgulho nerd.

Wayne’s World, Wayne’s World! Party Time! Excellent!

Começava o show de TV caseiro, transmitido de um sofá velho em um porão, apresentado pelos amigos Wayne Campbell (Mike Myers) e Garth Algar (Dana Carvey). Dois esquisitões, fãs de rock’n’roll clássico, dando suas opiniões sobre o que acontecia no mundo da música e da cultura pop.

O filme foi responsável por uma das mais clássicas cenas da comédia na história do cinema. Wayne, Garth e mais três amigos dentro de um carro, partindo para o rolê nas ruas de Illinois, ouvindo Bohemian Rapsody, do Queen, no último volume e se emocionando com cada momento da música.  Se você pousou hoje no planeta Terra e não conhece este momento único, assista agora:

O filme projetou Mike Myers para o mundo e apontou os holofotes para um nicho então esquecido no protagonismo das produções para jovens: os esquisitões, weirdos…   os nerds! A turma que se apega às obras da cultura pop como religião, dissecando detalhes de discos, histórias em quadrinhos, filmes de ficção, e o que mais merecer seu culto; e levando isso a sério, muito sério.

Se hoje temos The Big Bang Theory como uma das séries mais valiosas da história,  Comic Cons elevadas ao status de Oscar e cinemas tomados por filmes de super-herói, uma boa parte disso deve-se a Wayne’s World.

O filme dirigido por Penelope Spheeris estreou nos cinemas americanos dia 14 de fevereiro de 1992. Já é, portanto, um trintão.  Selecionamos aqui dez curiosidades sobre Wayne’s World que você precisa conhecer.

Party Time!

 

Wayne’s World surgiu como um sketch do programa Saturday Night Live

Às sextas-feiras, o programa de comédias da TV americana Saturday Night Live era invadido por um show caseiro produzido para o “Canal 10 de Illinois”.  Wayne e Garth então apareciam em seu porão para comentar sobre filmes e música. Excellent!!    Uma espécie de pai do nosso Choque de Cultura, as inserções fizeram um tremendo sucesso e resultaram no contrato para produção de um filme que falava sobre a vida dos amigos apresentadores. A debut da dupla foi em 1989.

Wayne's World no programa Saturday Night Live

Wayne’s World no SNL – foto: reprodução Youtube

 

Wayne Campbell teve outros “empregos” anteriores como apresentador

Por incrível que pareça, a invasão ao SNL não foi a estreia da personagem de Mike Myers na TV.  Myers começou a trabalhar na criação de Wayne ainda adolescente no Canadá, sua terra natal.  Em 1987, Wayne’s World apareceu em um programa independente chamado City Limits e mais tarde no It’s Only Rock’n’Roll.

Wayne Campbell , de Wayne's World na tv canadense

O jovem Wayne na TV canadense – foto: reprodução Youtube

Garth foi baseado no irmão de Dana Carvey

Para criar a personagem Garth Algar,  o ator Dana Carvey  se inspirou em seu irmão mais velho, engenheiro eletrônico e baterista (como no filme).  Em entrevista à People Magazine, Brad Carvey realmente assumiu haver várias semelhanças entre ele (em sua versão adolescente, claro) e Garth. Na sequência do filme, Wayne’s Worlds 2, Dana fez uma homenagem secreta ao irmão ao utilizar uma camiseta com o logo da Video Toaster, um sistema de efeitos especiais para vídeo criado por Brad.

 

A cena de Bohemian Rapsody foi bem menos divertida do que parece, durante as gravações

Quando o filme estourou nas bilheterias, muitos rumores apareceram na imprensa sobre uma suposta animosidade entre Mike Myers e Dana Carvey, então um ator bem mais experiente na comédia do que seu companheiro.  A inimizade, negada por ambos imediatamente, na verdade rolava com outro membro da equipe: a diretora Penelope Spheeris.  Segundo Spheeris, Myers intervia o tempo todo em seu trabalho, a ponto de transformar a gravação da cena no carro ouvindo Bohemian Rapsody um inferno interminável. A diretora, no entanto, perdoou  Myers ao assistir Austin Powers: “odiei aquele babaca por anos, mas quando vi o filme disse a mim mesmo ‘eu o perdoo’. É um gênio”, disse Spheeres. O trio se uniu anos depois em um programa de TV que falava sobre Wayne’s World.

 

Penelope Spheeris e Mike Myers

Penelope Spheeris e Myers durante a gravação – foto: reprodução Youtube

 

Wayne’s World foi responsável por reviver a carreira de Rob Lowe

Rob Lowe não trabalhava desde 1988, graças a um escândalo envolvendo uma sex tape. A convite de Myers, ressucitou sua carreira em Wayne’s World e seguiu o amigo na trilogia de Austin Powers.  O filme também redirecionou sua carreira para a comédia.

Rob Lowe em Wayne's World

Rob Lowe em cena do filme – foto: reprodução Youtube

Apenas dois filmes inspirados em sketchs do Saturday Night Live haviam sido feitos até entao.

Apesar de ser um estrondoso sucesso nos Estados Unidos há quase 50 anos (o programa estreou em 1975 na NBC), apenas dois filmes haviam sido feitos baseados em inúmeros personagens criados por seus roteiristas. The Blues Brothers, em 1980, e Wayne’s World, em 1992. Com o sucesso do filme de Myers, a porteira se abriu para mais produções, enchendo os bolsos dos criadores do programa.

 

A trilha sonora de Wayne’s World foi um sucesso estrondoso

Nem só de Bohemian Rapsody viviam Wayne e Garth. A trilha sonora do filme ficou em primeiro lugar na Billboard 200 após seu lançamento nos cinemas. O disco continha ainda músicas de nomes como Black Sabbath, Jimi Hendrix e Red Hot Chilly Peppers, entre outros. O disco do Queen que continha Bohemian Rapsody, de 1975, também voltou a vender horrores graças ao filme.

Capa da Trilha Sonora de Wayne's World

Capa da trilha sonora de Wayne’s World

 

Bohemian Rapsody quase não entrou no filme

Hoje sabemos que é impossível imaginar Wayne’s World sem o clássico do Queen, mas isso quase aconteceu.  Os produtores do filme queriam que o tema da cena fosse do Gun’s’Roses, muito famosos na época.  O Queen, ao contrário, andava meio esquecido, graças ao afastamento de Freddie Mercury e aos últimos discos da banda, meio afastados do rock’n’roll. Foi a insistência de Mike Myers que garantiu Bohemian Rapsody na cena.

 

O momento “proibido tocar Stairway to Heaven” aconteceu na vida real

Uma das icônicas cenas do filme é quando, em uma loja de instrumentos, Wayne vê a placa “proibido tocar Stairway to Heaven“, clássico da banda Led Zeppelin, dentro da loja. O que você não sabe é que esta cena foi inspirada em uma história real. Os integrantes do Led Zeppelin realmente proibiram que sua música fosse incluída no filme, criando assim uma piada quase metafísica!!!

Wayne's World - Stairway to Heaven

Proibido tocar – cena: reprodução filme

Até dicionários foram impressos na Inglaterra para ajudar na tradução das frases de efeito do filme

Uma das grandes sacadas de Wayne’s World e responsável por seu sucesso são as frases de efeito, bastante comuns ao público americano, faladas pelos protagonistas.  Pérolas como o “party on” ou o “living the now” não faziam sentido mesmo para os ingleses, que dividiam o mesmo idioma, mas não a cultura e as gírias. Tanto que no Reino Unido a distribuidora imprimiu 200 mil mini dicionários para ajudar quem ia aos cinemas assistir ao filme.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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