Elton John e Madonna Foto: Reprodução/Instagram

Como Elton John e Madonna encerraram rivalidade histórica

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Astros da música eram publicamente tretados desde 2002

“Comecei a agir como um idiota em 1974, e desde então nunca mais parei.” A frase é dita pelo ator britânico Taron Egerton na cinebiografia sobre Elton John, Rocketman (2019), durante uma das sessões de terapia que permeiam o filme. John fez questão de não interferir no roteiro, deixando os autores livres para abordar qualquer assunto de sua vida.

A decisão de liberar geral já indicava que o músico havia largado a vida de “idioticies”. O cantor já havia abandonado definitivamente o abuso de drogas, algo que foi primordial para restabelecer suas relações pessoais e familiares. Na última semana, nos bastidores das gravações do programa estadunidense Saturday Night Life, mais um capítulo de sua redenção veio à tona, através de um post da cantora e, até então, arquirrival, Madonna.

Elton John e Madonna não podiam se ver na frente desde 2002, quando o cantor declarou publicamente que a música Die Another Day, da colega, era a “pior música já escolhida para um filme de James Bond“. Até aí, nada de mais, alguns diriam. Elton apenas expressou sua opinião sobre uma música. Mas na rodovia Egotrip, por onde trafegam todos os grandes do mundo pop, soou como uma ofensa mortal.

A cantora havia declarado publicamente, poucos anos antes, que o astro era um “gênio da composição”. Ela havia acabado de gravar um cover de Your Song de John, para a trilha sonora de Moulin Rouge. A admiração não recíproca doeu como uma facada, e só piorou com o passar dos anos com espetadas regulares do ídolo, que chegou a declarar qrue o videoclipe de Medellín era “o pior da história”, e depois a chamá-la de “babaca” durante uma entrevista para uma TV australiana. A artista, como se sabe, também não é um ser humano dos mais fáceis, e respondeu como pôde (e publicamente) às investidas do desafeto.

Mas o tempo, e a postura de vida de Elton John, ajudaram a criar um episódio onde o melhor do ser humano pode aflorar no distorcido universo das celebridades. Uma noite onde ambos abriram uma brecha para a concórdia e, dando uma lição sobre reconciliações. Madonna declarou em seu Instagram, na última segunda-feira (08), que, ao saber que John estaria gravando para o SNL, decidiu ir vê-lo e confrontar a situação que durava 23 anos.

Não foi, segunda a cantora, para discutir ou dar na cara do safado, mas ver o que é que rolaria. Eis que, segundo a própria, ao vê-la, “as primeiras palavras que sairam da boca de Elton foram ‘me perdoe'”. Simples assim. Na lata, papo reto, sem justificativas ou transferência de responsabilidade, do tipo “foi mal, tava doidão”.

“Foi como ver o muro que havia entre nós desabar. O perdão é uma ferramenta poderosa. Em poucos minutos estávamos nos abraçando”, completou a Rainha do Pop. O abraço rendeu a boa e velha “fotinha pro meu Insta”, dissolvendo, com a brisa do tempo que faz tudo que era grande ficar pequeno (além de boas doses de humildade), o final de uma aresta que durou mais de duas décadas.

 

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Para fechar com chave de ouro, Elton John revelou à cantora que gostaria que ela gravasse uma música que ele escreveu. “Aí sim, você poderá dizer que esta é a sua canção [your song]”, completou poeticamente o compositor, em referência ao título da música que Madonna gravou para a trilha sonora de Moulin Rouge.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.