Elizabeth II faleceu neste 8 de setembro, aos 96 anos, mas deixou como legado seu interesse pelas artes e reaproximação com o povo britânico
Elizabeth II pisou em solo brasileiro em apenas uma oportunidade. E foi graças ao poder das artes.
A rainha do Reino Unido e dos membros do Commonwealth desde 1952, falecida nesta quinta-feira, 8 de setembro, aos 96 anos, desembarcou em nosso país em 1968, passando por capitais como Recife, Salvador e Rio de Janeiro, além de São Paulo, onde participou da cerimônia da troca de sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP), que deixava naquele momento a rua 7 de Abril, no centro da capital paulista, para ficar em definitivo no número 1578 da Avenida Paulista.
A passagem de Elizabeth pelo Brasil ao lado de seu marido Philip, o Duque de Edimburgo (falecido em 2021), foi batizada pelos britânicos com Royal Tour of Brazil, tendo sido negociada diretamente pelo ex-senador e embaixador brasileiro em Londres, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello – o Chatô.
Considerado um dos principais nomes da história do jornalismo, Chatô foi idealizador do próprio MASP, aberto em 1947. Porém, quis o destino que ele não estivesse presente na histórica vinda de Elizabeth II ao Brasil, tão sonhada pelo jornalista.
Em 4 de abril de 1968, o pioneiro das comunicações e membro da Academia Brasileira de Letras viria a falecer, por consequências de uma trombose, aos 75 anos.
Em homenagem tanto a Chatô como a uma das monarcas mais populares da história, o Music Non Stop traz a você uma série de músicas que mencionam, remetem ou envolvem o longo reinado de 70 anos da eterna rainha Elizabeth II.
Elizabeth II e os Beatles
Elizabeth II – que ostenta o mais longo reinado da história de seu país – sempre gerou enorme fascinação entre os Beatles. Foi a monarca, inclusive, que condecorou o quarteto de Liverpool com a Ordem do Império Britânico em 1965, no Palácio de Buckingham.
Décadas mais tarde, Elizabeth II cruzaria o caminho com Paul McCartney em abril de 1997 para conceder ao baixista do grupo o título de Cavaleiro do Império. Já Ringo Starr, condecorado em 2018, foi honrado pelo príncipe e Duke de Cambridge, William, neto de Elizabeth II.
Três músicas gravadas pelos Beatles mencionam a rainha.
- Penny Lane (single de 1967) – “And in his pocket there’s a portrait of the Queen”
- Mean Mr. Mustard (Abbey Road, 1969): na parte – “Takes him out to look at the queen/Only place that he’s ever been”.
- Her Majesty (Abbey Road, 1969) – A faixa oculta aparece segundos após “The End” e foi incluída por engano na hora da montagem do medley final do disco. Com apenas 23 segundos, a música é basicamente um exemplo sagaz do humor britânico – “I want to tell her that I love her a lot / But I gotta get a bellyful of wine / Her Majesty’s a pretty nice girl / Someday I’m going to make her mine”.
Pop britânico e Elizabeth II
Além dos Beatles, estrelas de movimentos como o shoegaze, pós-punk e o britpop também fazem parte da história de Elizabeth II como expoente da cultura pop.
Em 1993, os reis do synthpop inglês, Pet Shop Boys, incluíram em seu LP Very a faixa “Dreaming Of The Queen”. Já nomes como Stone Roses (“Elizabeth my Dear”), Manic Street Preachers (“Repeat”) e Sex Pistols (“God Save The Queen”) lançaram singles em protesto contra seu reinado.
Queen – a rainha das bandas
Embora o nome Queen não seja uma referência direta à rainha Elizabeth II, a banda inglesa liderada por Freddie Mercury costumava encerrar suas apresentações ao vivo com a música “God Save The Queen”, usada pela monarquia britânica como hino oficial (a faixa foi incluída no álbum A Night At The Opera, de 1975).
Formada por Brian May (guitarra), John Deacon (baixo), Roger Taylor (bateria) – além do próprio Mercury como vocalista e tecladista – a banda só recebeu o nome de Queen às vésperas de lançar seu primeiro álbum, em 1973.
Mercury explicou a origem do nome em 1982:
“Eu criei o nome – por ser uma palavra que soa de maneira incrível, e é muito forte – universal e imediata. Além de ter um alto potencial visual, sendo aberto para todos os tipos de interpretações”, comentou, deixando a entender que “Queen” também era uma referência ao universo homossexual.
Música na coroação da Rainha
Elizabeth II recebeu oficial a coroa de rainha do Reino Unido em cerimônia realizada na Abadia de Westminster, em Londres, em 2 de junho de 1953 – exatamente 14 meses após a morte de seu pai, o Rei George VI. A coroação contou com uma playlist orquestral composta, em sua maioria, por música de câmara e religiosa.
Henry Purcell: “Chacone from King Arthur”
Ralph Vaughan Williams: “Greensleeves”
Gustav Holst: “Jupiter”
Charles Villiers Stanford: “Gloria in Excelsis”
George Frederic Handel: Overture & Minuet
Ernest Bullock: “Come, Holy Ghost: VIII Mode Melody”
Os 90 anos da Rainha
Em 21 de abril de 2016, a Rainha Elizabeth II foi homenageada pelo Spotify, com um playlist especial de aniversário de 90 anos. No total, o aplicativo de streaming selecionou 18 faixas com temas ligados à monarca britânica.
No set, temas como “Pompe and Circumstance”, de Edward Elgar, “The Three Elizabeth Suites”, de Eric Coates e “The Planets Opus 32”, de George Frideric Handel.
Platinum Party at the Palace
Em junho deste ano, a monarquia britânica celebrou o Jubileu de Platina de Elizabeth II, marcando 70 anos de reinado – o mais longo da história do país. No dia 4, aconteceu a chamada Platinum Party at the Palace, com a participação de alguns dos maiores artistas da música pop.
Elton John – que já havia sido escolhido para se apresentar no funeral da princesa Diana em 1997 – tocou uma versão do clássico “Your Song”, pré-gravado no Castelo de Windsor.
Já o escocês de coração, Rod Stewart, tocou “Sweet Caroline”, música do americano Neil Diamond que se tornou uma espécie de hino dos britânicos – principalmente os fãs de rugby e futebol.