Egyptian Lover é o amante egípcio que vai te seduzir com seu electro sensual no festival RBMA SP. Falamos com a lenda

Claudia Assef
Por Claudia Assef

ENTREVISTA ANDERSON SANTIAGO

Sexta é dia de baile. Sempre foi e sempre será. Mas esta sexta (2) será especial. Pois dois dos pioneiros dos sons que fazem a alegria dos bailes de Miami ao Rio de Janeiro estarão reunidos debaixo do mesmo teto: o americano Egyptian Lover e o carioca Grandmaster Raphael são atrações do Baile, noitada organizada pelo festival Red Bull Music Academy São Paulo,  no Áudio Club.

Passando pelo surgimento do funk no Brasil até os dias de hoje, o evento mergulha na essência desse estilo, a batida. Grandmaster Raphael – conhecido produtor carioca da geração old school do funk – encontra o pioneiro do electro rap de Los Angeles Egyptian Lover, cujas performances ao vivo são creditadas por alguns como inspiradoras da cena Miami Bass, e que se apresenta pela primeira vez no Brasil. Vai ser um duelo de gigantes.

Greg Broussard, nome de batismo do “amante egípcio”, começou sua carreira de  DJ tocando em bailes em Los Angeles ao lado do duo de rap Uncle Jamm’s Army. Sua carreira como produtor já começou com um hit, Egypt Egypt, que saiu em single, pouco antes do primeiro álbum, On The Nile. A pegada electro com notas robóticas de Kraftwerk agradou em cheio quem buscava um som diferentão para a pista de dança.

Egypt Egypt – Egyptian Lover

Entre outras coisas, ele é conhecido como o rei da Roland TR 808, bateria eletrônica que o acompanha até hoje, em apresentações ao vivo ou em estúdio. Tivemos a sorte de bater um dedo de prosa com o cara que ajudou a criar um som que ficou tão popular que você poderia jurar que sempre existiu.

Music Non Stop – Como você criou a imagem de um homem hiperssexual chamado Egyptian Lover? Foi intencional ou aconteceu naturalmente?

Egyptian Lover – Quando cresci em South Central, Los Angeles, eu queria ter um apelido pelo qual as pessoas pudessem me chamar. Então escolhi o nome Egyptian Lover. Eu não queria um nome de gângster no meu paletó, então coloquei esse nele mesmo. Era o meu nome antes de começar a tocar. Quando passei a fazer mixtapes, falei sobre esse meu apelido, e as pessoas gostaram. Então continuei. Sempre curti muito garotas, então foi fácil eu me tornar um “amante egípcio”.

Ele não queria um nome de gângster, então, por que não “amante egípcio”, né?

Music Non Stop – Olhando para o começo de sua carreira e seus primeiros anos como DJ, você mudaria algo? Quais foram os seus principais desafios nessa época?

Egyptian Lover – Eu não mudaria nada. Eu me diverti muito no início dos anos 80 e fiz tudo que queria fazer. Sempre quis fazer um vídeo para o hit Egypt Egypt, mas nunca fiz. Isso seria a única coisa que eu mudaria. Não havia grandes desafios para mim. Eu tinha minha própria gravadora e 100% de liberdade para fazer qualquer coisa. A vida era boa!

O primeiro disco, On The Nile, já lançado pela gravadora própria

Music Non Stop – Voltando um pouco no tempo, você imaginaria que o hip hop e o electro se tornariam tão famosos e populares como são hoje?

Egyptian Lover – Sim! A música que faço faz você se sentir bem, como isso não poderia se tornar popular? Eu sempre toquei música dessa forma. Planet Rock, Electric Kingdom… isso só faz a multidão querer dançar e se sentir bem. Fiquei viciado desde que ouvi Numbers e depois Planet Rock. Eu sabia desde o início que esse era o estilo que eu queria para mim.

Numbers – Kraftwerk

Music Non Stop – Pode me falar sobre sua relação com o Dr. Dre? Li numa entrevista que você afirmou que ele tinha roubado seu som. Isso é verdade?

Egyptian Lover – Dr. Dre e eu somos amigos. Teve um dia em que eu fiquei louco achando que sua música soou muito parecida com a minha, mas superei isso. Estou realmente orgulhoso do que ele tem feito e continua a fazer.

Music Non Stop – Em sua opinião, o que torna a TR-808 tão especial?

Egyptian Lover – Eu amo cada som que é possível fazer com a 808, elas são surpreendentes e os truques que eu aprendi com esse equipamento é o que fez a música do Egyptian Lover ser o que é.

Egyptian Lover mostra como se brinca na Red Bull Station em SP

Music Non Stop – Uma vez você disse que está em turnê ao redor do mundo durante os últimos 30 anos. Qual é a melhor e a pior parte de viajar tanto?

Egyptian Lover – A melhor parte de fazer turnês é conhecer este belo planeta e as pessoas que o habitam. Pessoas vivendo e comendo do seu jeito, com sua própria cultura. Eu amo viajar. A pior parte é não estar com a minha família tanto quanto eu gostaria.

Music Non Stop – Qual é o segredo de se manter relevante mesmo após 30 anos de carreira?

Egyptian Lover – Divertir-se fazendo o que você gosta. Quando o público vê que você está se divertindo, eles querem ser parte disso.

Estilo não se compra, mas uma jaqueta de nylon com essa gola a gente bem queria comprar

Music Non Stop – Você acha que atualmente é mais difícil para um músico ou produtor soar original? Por quê?

Egyptian Lover – Tem sido difícil desde que a música começou (não apenas para artistas novos, mas também para artistas com anos de estrada). Todo mundo quer soar como todo mundo. Eu criei meu estilo misturando o beat de Kraftwerk e as letras de Prince. Este era o estilo do Egyptian Lover.

Music Non Stop – Você está animado para o seu primeiro show no Brasil?

Egyptian Lover – Estou muito animado! Tenho muitos fãs no Brasil e quero muito vê-los e ouvi-los. Fãs desde a década de 80 até hoje. Mal posso esperar para tocar a minha 808.


BAILE RBMASP

Sexta, 2/6, a partir das 23h
Audio
Av. Francisco Matarazzo, 694, São Paulo
Line-up: Carlos do Complexo, DJ Ferrujo, Egyptian Lover e Grandmaster Raphael
Preços: R$ 20 (meia) e R$ 40

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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