Duda Beat por Ariel Martini

Duda Beat, Liniker, Luedji Luna e Black Alien mostram relevância do Bananada e de GYN

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

Mais importante festival de música brasileira, o Bananada, em Goiânia, chegou a sua edição 21 com uma estrutura de som, palcos, infra-estrutura e line-up raros no Brasil. É um festival que ajuda artistas médios a alcançar o estrelato e reabilita outros que não podem ser esquecidos.

Na edição de 2019, mostrou que Duda Beat, Liniker & Os Caramelows e Luedji Luna estão consolidadas. Não há nada que vá impedi-las de se tornarem ainda maiores e internacionais nos próximos anos.

Duda é uma Lady Gaga do Recife. Bafônica, canta muito e se comunica pela moda. Luedji tem o feitiço da Bahia e faz músicas terapêuticas. Liniker é a face talentosa, lutadora e afetuosa do Brasil. Cresce ainda mais como resposta ao preconceito e ao racismo.

Outro ponto alto foi Black Alien. Após hiato superior a dez anos e batalha contra a dependência química, ele lançou um dos álbuns do ano: Abaixo de Zero: Hello Hell. Usou seu processo de transformação para fazer arte, de peito aberto. Está voando, com a voz intacta, astral legal e o brilhantismo de sempre. Gustavo é um cara cheio de referências, talento nato. Sua vitória não é apenas dele, mas de todo rap nacional e inspira a tantos que sofrem com seus vícios, ilegais ou não, e instabilidades psicológicas. Que atire a primeira pedra quem não os têm.

Bananada 2019: Black Alien, por Ariel Martini, autor da foto de Duda Beat, no alto da página

Pitty, Teto Preto, Metá Metá, Tulipa Ruiz com o gênio João Donato, Papisa, Luiza Lian, Tuyo, Baco Exu do Blues, Criolo, Edgar, Jaloo com MC Tha, Felipe Cordeiro, Terno Rei, Rodrigo Alarcon, Bule, Romero Ferro, Joe Silhueta e Mateus Carrilho também fizeram shows de alta temperatura.

Boogarins representou com propriedade a cena local. Reflexo de iniciativas como o Bananada fomentam a cadeia: produtores, técnicos, artistas, público. Isto atrai patrocinadores e apoiadores.

Pitty no Bananada 2019, em foto de Ariel Martini

Um festival feito por quem gosta de música para quem gosta de música. No palco, na plateia e por toda Goiânia, uma gente livre e carinhosa. Diz um provérbio indiano: o coração que está em paz vê uma festa em todas as aldeias. Depois do Bananada, não há como deixar de sentir certo quebranto por GYN e todo Goiás. Só não morda o pequi.

* O jornalista viajou a convite do Bananada