DJ Sumirock Foto: Reprodução/X

DJ Sumirock: conheça a DJ mais velha do mundo

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Sumiko Iwamuro, 90, prova que nunca é tarde demais para começar uma nova carreira

Madrugada no clube Tokyo Decadance, na capital japonesa. Lasers coloridos atravessam a pista, por cima das cabeças de uma plateia lotada. Um dos festeiros grita para a DJ: “Let’s go, Sumirock!“. Ela responde com mais mixagens, usando boné, camisa de lantejoulas e óculos escuros, mandando uma saudação em forma de fuck you, com as mãos, super-rock’n’roll. Cenas como essa se repetem em pequenos clubes ao redor do mundo. Mas no Decadance, há uma notável diferença. A disc-jóquei tem 90 anos de idade, reconhecida pelo Guinness Book como a mais velha DJ profissional do mundo.

Sumiko Iwamuro ainda cuida dos restaurantes dos pais, o Gyoza, há mais de 60 anos, tocando a cozinha e a administração. Em 2012, andava sentido falta de algo um pouco mais divertido na vida, e ao conversar com um amigo sobre a angústia, recebeu a dica: “por que você não faz um curso de DJ?”. Bingo. Com 77 anos de idade, Sumirock estreava sua carreira em bares de Tóquio discotecando electro, techno, synth-pop e o que mais lhe desse na telha.

“Eu comecei a frequentar a festa de alguns amigos no Tokyo Decadance. Já havia ido a shows, mas nunca havia sido exposta a música dos clubes. Todo mundo lá era tão divertido e estiloso… Achei aquelas festas superdivertidas”, contou em entrevista à revista Vice, em 2017.

A singularidade da DJ Sumirock, além da boa música, chamou a atenção no Japão e no mundo. A artista já fez turnês pela França e Nova Zelândia, até ganhar a plaquinha do Guinness como “a DJ mais velha em atividade no mundo”. E um detalhe: ela ainda trabalha no restaurante fundado pelos pais. Comida de dia e balada à noite. Com 90 anos de idade, dá para dizer que Iwamuro ainda é a filha problema, que fica “perdendo tempo com esse negócio de música”, em vez de cuidar direitinho dos negócios familiares.

Usando a música como remédio, ela não pensa em se aposentar. Atualmente, é dona de uma residência quinzenal no Kabukicho’s Decabar. A vibe da garota é sensacional.

“Eu fui ao Electric Daisy Festival ontem. Assisti à apresentação do Black Coffee. Mas a brisa do mar estava tão gostosa que eu acabei caindo no sono, um pouco. Me senti tão envergonhada”, seguiu a DJ mais zen do planeta.

Mas também, dona Sumiko, trabalhando de dia, tocando à noite e ainda querendo ter energia para ir a festivais? Muita gente com um terço da sua idade não aguenta esse tranco, não!

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.