DJ Ramon Sucesso DJ Ramon Sucesso. Foto: Reprodução/Instagram

DJ Ramon Sucesso é mais um exemplo de como o funk é prestigiado na gringa

Jota Wagner
Por Jota Wagner

“Não tem mais volta. A nossa lição de casa é dar aos artistas a devida atenção e respeito que vêm conquistando lá fora”

“O funk carioca está fazendo o que o jazz fez nos tempos passados. Está se abrindo para misturas com ritmos do mundo inteiro”, provocou Leo Janeiro, dono do selo Cocada, em entrevista que em breve vai ao ar aqui no Music Non Stop. Com o reconhecimento e a validação do funk em territórios como os Estados Unidos e a Europa, começou a surgir também um intenso interesse dos gringos em relação aos DJs e produtores brasileiros. Um dos exemplos disso é o DJ Ramon Sucesso.

Em 2023, o DJ carioca de 21 anos já causou furor no meio da música ao ter sua mixtape Sexta dos Crias resenhada pela revista inglesa Pitchfork. A nota de avaliação do disco foi maior do que para trabalhos de artistas como Daft Punk e Taylor Swift. Em 2024, foi a vez do respeitado portal dedicado à discotecagem Resident Advisor publicar uma longa entrevista sobre as técnicas de mixagem usadas por Ramon Sucesso em suas apresentações, vindas da escola do funk carioca.

Está todo mundo de olho não só nos artistas brasileiros, mas também em sua fórmula única de produzir e tocar o estilo, criado nos morros cariocas nos 80 pelo pioneiro DJ Marlboro. A partir dali, o estilo foi desenvolvendo, se aperfeiçoando e começou a ganhar o mundo a partir dos anos 2000, quando o estadunidense Diplo se tornou um dos grandes divulgadores do funk no exterior.

“Há DJs de outros países, na Europa, fazendo festa e chamando de ‘favela'”, nos contou Mu540, outro DJ e produtor que vem tocando constantemente no velho mundo e ajudando a quebrar as barreiras (inclusive no Brasil) entre o universo da chamada música eletrônica (antes fechado em gêneros tradicionais como house, techno e trance) e o som das quebradas. Todo mundo ganha com isso.

Se desde os tempos de Diplo, que produziu os álbuns da então namorada M.I.A. e incluiu muito da linguagem do funk em sua música, o pop passou a conhecer esta inusitada batida brasileira, claro que o sucesso internacional de Anitta e Ludmilla também contribuíram e muito, tanto para despertar curiosidade quanto para facilitar a assimilação da estética do gênero. O funk brasileiro, seguindo os passos de seu irmão latino reggaeton, segue conquistando seu espaço no mundo da música. Não tem mais volta. A nossa lição de casa é dar aos artistas a devida atenção e respeito que vêm conquistando lá fora.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.