Honey Dijon toca em duzentas festas por ano, cai nas graças de nomes como Madonna e Beyoncé, e leva a house music clássica de Chicago, negra e gay, de volta aos holofotes
Contabilizando vinte anos de carreira, a DJ nascida em Chicago, Honey Dijon, acaba de lançar seu novo álbum, Black Girl Magic. Quinze músicas contendo a mais pura e clássica house music criada em sua cidade natal e em Nova Iorque, cidade onde também viveu. Atualmente, Dijon está morando em Berlim.
Black Girl Magic foi concebido como uma âncora. A DJ tem se apresentado cerca de 200 vezes por ano e angariado fãs que vão desde Madonna, que a elegeu “sua DJ predileta no mundo”, e Beyoncé, com quem colaborou no aclamado disco Renaisssance.
Apesar de já estar com os dois pés no mundo da música mainstream, seu álbum não faz concessões. Tem todos (e apenas) os elementos da música de pequenos clubs, gays, negros, essencialmente house music. Um recado ao mundo. É como se estivesse dizendo: “fiquem tranquilos, nada vai me distanciar das minhas raízes”.
Com isso, usa sua influência para mostrar a uma imensa geração de jovens, que por motivos puramente geracionais acaba não compreendendo de onde veio aquele baixo irresistível que dançam nas festas de Honey Dijon. O que é que tem essa “tal música de Chicago”? E os apresenta, ainda, o papel social que este gênero musical sempre trouxe consigo.
Negra e trans, Honey Dijon também atua contra a gentrificação que tomou conta de outros estilos da música eletrônica, dominados por garotos brancos de vinte anos de idades, o mesmo tempo que Dijon tem na carreira. Talvez isso seja um dos elementos que a fez cair nas graças de grandes divas do pop.
Black Girl Magic traz composições suas, com features de diversos vocalistas convidados. Entre elas, a brasileira Pabllo Vittar, na faixa Everybody. O disco ainda conta com nomes como Ramona Renea, Annette Bowen, Nikki-O e muito, muito mais.