Conversamos com Vermelho Wonder sobre a carreira e a apresentação no Festival Não Existe, que será transmitido diretamente da Oca em São Paulo
Festival Não Existe, transmitido diretamente da Oca, trará 12 horas de programação com artistas pioneiros e revelações do cenário eletrônico brasileiro.
A São Paulo cinzenta, concreta e caótica que povoa o dia a dia de seus habitantes e o imaginário dos que vivem em outras metrópoles, ganhará um festival diferente no final do mês de maio. Um festival que “ainda”, não existe.
A capital mais cosmopolita do país, “com mil chaminés e carros custeados à prestação” (Tom Zé, São São Paulo), também é celeiro de um seleto grupo de coletivos que conseguiram interpretar seus códigos, ocupar a cidade e construir um cenário festeiro único. Urbano, artístico e provocador.
A Gop Tun, que no ano que vem completa 10 anos de vida, é um do mais produtivos coletivos desta turma de produtores de festa de uma geração de ouro para a cidade. O núcleo já produziu eventos em São Paulo e na Bahia, além de serem os responsáveis pela vinda ao Brasil do festival holandês Dekmantel, um dos mais inovadores do planeta. É deles a assinatura do Festival Não Existe, que acontecerá dias 27 e 28 de maio de forma online, com apresentações ao vivo transmitidas gratuitamente diretamente da Oca, no Parque do Ibirapuera.
“Festival não existe. Não tem como existir. De repente, o mundo que conhecíamos se foi e no tal do “novo normal” não cabe festa. Festival não existe. Mas arte sim. A arte resiste. Subsiste. Pulsa, não importa o quê. E, por causa disso, o Festival Não Existe existe”. – define o website oficial do evento.
O Não Existe contará com atrações que vão desde o pioneiro dos sintetizadores Arthur Joly até artistas que despontaram recentemente e já se consolidaram no cenário eletrônico, como Rakta e Badsista.
O Music Non Stop conversou com a dupla Vermelho Wonder, formada pelo DJ Marcio Vermelho e por Ivana Wonder, alter ego performer de Vitor Ivanon.
Music Non Stop: Vamos começar falando do festival… Depois de uma temporada de eventos transmitidos de casa, o festival em que vocês tocarão será transmitido da Oca, um cenário para lá de conectado com a música de vocês. Como estão as expectativas e o que podemos esperar desta apresentação?
Márcio Vermelho e Ivana Wonder: Estamos empolgados, esse vai ser o nosso primeiro show desde o início da quarentena. Durante todo esse tempo de confinamento continuamos escrevendo, compondo e gravando, preferimos esperar a ocasião especial para uma apresentação. Preparamos um show com músicas recém lançadas, uma inédita e alguns hits do nosso repertório.
MNS: Dá para imaginar também, que esta transição gere uma espécie de ‘contagem regressiva’ para a volta das apresentações presenciais. Como este momento de distanciamento do público – pelo menos fisicamente – alterou a música e a mensagem do trabalho de vocês?
VW: Sem dúvida as nossas últimas músicas estão menos “dance” e as letras mais intensas que o usual. Foi um processo natural, vivendo tempos de isolamento, nossas inspirações vieram de outros lugares que não as pistas, fomos nos levando muito mais pelos sentimentos, desejos, e angústias. As nossas letras sempre tiveram uma dramaticidade e, sem dúvida, as nossas últimas composições estão mais fortes nesse sentido.
MNS: O momento atual fez com que a maioria dos artistas se refugiasse no trabalho, na produção. A falta de experiências de vida, de relações e de movimento não provoca um esgotamento na criatividade?
VW: Vivemos uma montanha russa de sentimentos e inspirações durante estes tempos estranhos. Acho que a sensação de estarmos no limite, vivendo essa situação completamente fora do normal, cheia de insegurança, medo, tristeza, raiva e também esperança, traz novos ângulos ao processo criativo e na maneira de viver de forma geral. O que obviamente em algum momento nos cansa, quase esgota, mas é um momento que passa. Pra nós sempre foi muito importante dar o tempo que o processo criativo precisa, seja ele mais fluido ou mais moroso. Obviamente a falta de contato com outras pessoas interfere no nosso processo de criação. Foi preciso olhar para outros elementos, mudar o foco do que desejávamos falar com as nossas músicas.
MNS: Como surgiu a ideia de trabalharem juntos?
VW: Não foi nada muito planejado, surgiu naturalmente, quando estreitamos a nossa conexão musical foi sinergia pura. Desde o início fazemos encontros para ouvir música, trocar referências, compartilhar ideias e criar. Quando nos demos conta, já tínhamos várias músicas prontas e milhões de ideias.
MNS: Quais os planos de vocês para o futuro próximo? lançamentos programados, novidades, disrupções….
VW: Estamos preparando um show/performance bem especial e diferente de tudo que já fizemos. Além disso tem dois videoclipes a caminho e um novo EP pela Gop Tun.
Festival Não Existe
Serviço:
A programação completa está disponível no site
Transmissão nos dias 27 e 28 de maio pelo canal da Gop Tun
Classificação indicativa: 16 anos
Grátis