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Clubes na Geórgia fecham em solidariedade a manifestações contra o governo

Geórgia

Bassiani. Foto: Reprodução

Bassiani, Left Bank, Mtkvarze e TES abrem fundo de doações para conseguir seguir pagando seus funcionários

“Nunca foi hedonismo, sempre foi guerra.” Assim Laura Diaz, uma das organizadoras da festa paulistana Mamba Negra, explicou ao Music Non Stop, falando sobre o ato de estar em uma pista de dança madrugada adentro. Dias refuta a ideia de que estar em um clube ou festival serve apenas para esvaziar a mente e promover uma fuga do real.

Quando lançamos nosso olhar para o que acontece na Geórgia, no leste europeu, esta definição faz todo o sentido. O país vive uma onda de protestos contra o governo, que anda dando cada vez mais pinta de autoritário. Boa parte da população quer que avançar em direção a uma integração com a União Europeia. Quando o primeiro ministro Irakli Kobakhidze avisou que o país não discutiria mais o assunto nos próximos quatro anos, o povo foi às ruas para expressar sua indignação.

Mostrando que, realmente, cultura noturna também é política, quatro dos mais icônicos clubes do país decidiram fechar suas portas momentaneamente, em apoio ao povo nas ruas. A ideia, em um tipo de movimentação rara entre donos de estabelecimentos, é ajudar a chamar a atenção. Bassiani, Left Bank, Mtkvarze e TES avisaram que estão junto ao povo nas reinvindicações.

Para continuar pagando os funcionários durante a greve, cada casa noturna formou um fundo de apoio para receber doações financeiras. Como não se sabe por quanto tempo a “guerra” vai continuar entre população e governo, o caixa dos clubes logo vai pedir arrego, e o pessoal que trabalha continuará recebendo seu salários. As casas prometem manter relatórios totalmente transparentes sobre como o dinheiro está sendo usado.

“Pedir ajuda em momentos de aperto coletivo é especialmente difícil. Nós sabemos que todo mundo está se sacrificando demais”, comentaram os donos do Left Bank ao lançar sua campanha, no último dia 08. “Mesmo assim, com nossos recursos colocando nossa sobrevivência em risco, convocar nossa comunidade se tornou nossa única opção.”

O governo da Geórgia usa do o discurso da “contaminação cultural” vinda da Europa para fechar as portas para qualquer diálogo. Muita gente, no entanto, vê o país acorrentado no atraso, uma vez que consideram a União Europeia um potencializador da economia e do turismo. Os clubes de música eletrônica sempre funcionaram, em qualquer país, como catalizadores de culturas diferentes, unindo gente de muitos lugares.

A união, portanto, é facilmente compreensível. Segundo a Anistia Internacional, as ruas estão tomando por “dezenas de milhares” de manifestantes, sendo devidamente (na visão de Kobakhidze) massageados pelos cassetetes da polícia a cada ato. Até agora, 224 pessoas estão na cadeia por protestarem na capital, Tiblissi.

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