Charli xcx - BRAT Foto: Harley Weir/Divulgação

Charli xcx e os 5 discos de vinil mais doidões já vendidos

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Cantora causou polêmica com nova edição limitada de disco de remixes de BRAT contendo um pó branco, mas está longe de ter sido a única

Charli xcx e sua turma, campeões da inventividade na promoção do último álbum da cantora, BRAT, colocaram à venda uma edição limitada de remixes com prensagem em vinil decorada com algum tipo de pó branco. Injetado entre duas placas de vinil, o material se mexe dentro do disco enquanto ele roda. A ideia chamou atenção entre os fãs e dividiu opiniões.

 

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Os mais engraçadinhos disseram que o novo lançamento (“em homenagem ao verão”, segundo declaração à imprensa) poderia ser comprado nas versões “cocaína” ou “esperma”. Outros a criticaram por fazer uma espécie de glamourização às drogas, lembrando que Charli tem histórico em produzir fotos de divulgação com esta linguagem, com olheiras, maquiagem borrada e outros códigos de uma certa moda junkie, como se via no movimento heroin chic dos anos 90. O produto, que podia ser reservado em pré-venda por 55 libras (395 reais) no site da loja Bad World, especializada em edições de vinil maluconas, não se encontra mais disponível.

Trazer algo diferente nas prensagens não é uma ideia nova. Se confunde com a própria história do vinil, com discos “picture” (com um desenho colorido impresso na própria bolacha) datados da década de 30. Atualmente, discos coloridos são extremamente comuns. Assim como aconteceu com as chuteiras de futebol, hoje a fabricação de um vinil em outras cores que não o preto tem o mesmo custo nas fábricas, fazendo com que sua coleção se torne um grande saquinho de M&Ms.

Mas não fica por aí. Aproveitando o crescimento constante dos discos de vinil após a virada do milênio, fabricantes e artistas têm caprichado na criatividade, tornando o produto colecionável não apenas pela música, mas também por sua estranheza. Confira uma seleção abaixo com cinco casos muito loucos!

Bolachinha e bolachão

Jack White, dono da Third Man Records, veio com esta ideia muito doida para promover o lançamento da banda Dead Weather. Um disco de vinil de 12 polegadas que tem, dentro, um compacto de sete polegadas, com uma música exclusiva. Para acessar o tesouro, você precisa de um canivete para abrir o disco maior, que separa os lados A e B e permite que o compacto seja retirado de dentro da sua barriga.

Dando o sangue pela música

Tentando passar a mensagem de que um artista precisa mesmo dar tudo de si para viver de música, a cantora Meredith Graves lançou 300 cópias do vinil Perfect Pussy com seu próprio sangue injetado. Os inventivos Flaming Lips foram além, com uma ideia genial: coletaram sangue de Kesha, Chris Martin (Coldplay), Sean Lennon e vários outros artistas famosos, misturaram em um coquetel sanguinolento e prensaram cópias limitadas com sangue injetado, vendidas a 2.500 dólares cada. Todo o lucro foi para a caridade. 

Animação psicodélica

O duo Sculpture prensou uma edição limitada de seu vinil com uma técnica de animação chamada zoetrope”. Conforme o disco gira, uma imagem se forma, para delírio psicodélico dos colecionadores. Para se aproveitar o efeito, é necessário estar num ângulo preciso de observação. Mas vale o trampo (e a música é ótima).

Minidisquinho

Uma característica do punk-rock sempre foi o de músicas bastante curtas. Chegam, passam a mensagem e tchau. Para aproveitar essa fama, o fanzine Pea Brain lançou a menor coletânea do mundo, com oito músicas de bandas inglesas em um disco de vinil minúsculo. Além do selo, de papel, há apenas poucos centímetros de vinl. Cada música tem dez segundos.

Realidade aumentada

Brian Eno e Karl Hide não deixaram a criatividade só no campo sonoro. Lançaram um disco, Someday World, com códigos de realidade aumentada impressos no vinil. Você aponta o celular e um novo mundo de interações visuais e sonoras surge na sua telinha.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.