Levantou o nível, e não foi pouco! Billie Eilish mostra novos caminhos para o pop com novo disco
Levantou o nível, e não foi pouco. Billie Eilish mostra o domínio da música pop ao ponto de mostrar e trilhar caminhos não tão convencionais para a nova geração
Lançado no último dia 30, Happier Than Ever (Interscope e Darkroom) é a segunda grande obra da cantora junto com seu irmão igualmente talentoso, responsável pela produção e arranjos mais trabalhados e que exalam frescor e amadurecimento, sem pecar pelos excessos ou clichês. A dupla, Billie e Finneas O’Connelll, grandes expoentes do Bedroom Pop, movimento que consiste em batidas extra graves, vocais sussurrados e linguagem que abusa da ironia na hora de lamentar ou tirar onda dos problemas do cotidiano. Bedroom Pop da Billie, muito presente em seu primeiro álbum, “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”, rendeu à garota uma chuva de prêmios (6 grammys numa só noite, dos 7 que foi indicada) e a coroa de estrela explosiva da música pop-estranho para a galera mais novinha. Título que já pertenceu à Lana Del Rey e Lorde.
E é no sucesso “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?” que Happier Than Ever nasce, cresce e dá frutos. Com certeza, o foco de Happier Than Ever é detalhar de forma clara e justa os sentimentos de uma garota que ainda nem chegou aos 20 anos, mas que passou (e passa) por situações que deixaram caras mais velhos completamente malucos e presos no personagem: o peso da fama e tudo que ela afeta – casos amorosos, conflitos com o corpo, falta de privacidade, responsabilidade com os fãs e exaustão. É incrível observar o amadurecimento da garota.
Em meios de experimentações sonoras do seu irmão mais velho, Billie acerta em cheio nas melodias e vocais que aparecem hora ou outra dando um gostinho da potência presente nas cordas vocais da cantora estadunidense. Aqui eu não faço referências a vozes que vão de agudos à graves sem desafinar, é sobre como a voz da Billie Eilish é interessante e não óbvia. Sem dizer que, mas dizendo, sobre a faixa intitulada como Billie Bossa Nova, só ouvindo para saber do que falo.
A primeira parte do álbum é muito mais orgânica, mais pessoal e calma, já na segunda metade (com exceção de Oxytocin), o “bagulho fica doido”. Banhada em referências eletrônicas, é uma aula de produção musical. Maneira que encontrou de manter o público ligadíssimo faixa pós faixa. A música que leva o nome do álbum funciona como uma caixa de pandora, só que do “bem”, expressada na levada do pop punk, Billie coloca as cartas na mesa e apresenta que consegue deixar até os mais chatos dos estilos musicais num espetáculo sonoro. Sinto inveja da molecada que poderá berrar “I COUD TALK ABOUT EVERY TIME THAT YOU SHOWED UP ON TIME. BUT I1D HAVE AN EMPTY LINE, CAUSE YOU NEVER DID” do mesmo jeito que eu saia rouco depois de me trancar no quarta e esbravejar The Strokes, Placebo e White Stripes, no auge do minha angústia adolescente presente nos meus 15 e 16 anos, lá no começo dos anos dois mil.
Em resumo, ela sabe o que faz, sabe o caminho que quer trilhar e tem plena consciência que veio pra cravar Billie Eilish na mente de muita gente por aí.